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De olho na mesa

(sv)21 de outubro de 2002

Uma nova organização entra em cena na Alemanha para proteger os consumidores dos perigos encontrados nos alimentos. Criada pelo antigo diretor do Greenpeace, a Foodwatch promete não dar trégua.

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Ajudando a saber o que se comeFoto: AP

Restos de petróleo em ração para frangos, resíduos do lodo de clarificação do tratamento de esgotos em pastos que alimentam o gado, hormônios de crescimento na carne de aves e agrotóxicos em excesso nas verduras. Desse jeito, é praticamente impossível saber o que se esconde atrás de uma salada com aparência apetitosa ou de um bife suculento.

Transparência –

Em uma época em que o mal da vaca louca ainda é um trauma fresco na memória do consumidor alemão, o ex-diretor do Greenpeace, Thilo Bode, funda no país uma nova organização de controle e vigilância de alimentos. Bode, um velho conhecido das causas ambientais, se propõe com a nova Foodwatch a investigar melhor a qualidade dos alimentos que chegam à mesa do consumidor, lutando dessa forma por uma maior transparência no mercado.

"Queremos averiguar especialmente de onde vêm os alimentos, o que contêm e como são produzidos", observa Bode. A nova organização tem por objetivo proteger os consumidores, como uma instância neutra de controle, longe das amarras do Estado. Os últimos escândalos desencadeados no país provaram que é a população quem sai perdendo, considerando que a classe política muitas vezes esconde dados em defesa dos interesses da indústria alimentícia, ou reage tarde demais às denúncias.

Conflito de interesses –

Bode considera correta a divisão de pastas na Alemanha, que juntou, num só ministério, as áreas de Agricultura e Proteção ao Consumidor. No entanto, há de se notar que tal decisão não foi tomada como resultado de uma política de longo prazo, mas simplesmente forçada pelos escândalos desencadeados pela BSE, o mal da vaca louca. Nesse ponto, o ativista Bode acredita que a atual ministra alemã da Agricultura, Renate Künast, encontra-se em um verdadeiro dilema, "não podendo defender ao mesmo tempo os interesses dos agricultores e dos consumidores".

A Foodwatch já traz, na data de sua fundação, novos dados sobre os resíduos do pesticida nitrofuran, que assolou a Alemanha há poucos meses. O escândalo eclodiu quando descobriu-se que toneladas de rações para animais haviam sido contaminadas com resíduos químicos nos galpões onde eram armazenadas. Nesses depósitos, pertencentes a uma estatal nos tempos da Alemanha Oriental, comunista, estiveram guardados pesticidas e substâncias altamente tóxicas.

A nova organização de defesa do consumidor, no entanto, não irá limitar-se à mera denúncia. De imediato, a Foodwatch deverá reivindicar maiores direitos aos consumidores na Alemanha e na União Européia, lutando por uma declaração mais detalhada e fiel do conteúdo dos alimentos oferecidos no mercado. A longo prazo, a ONG pretende aglutinar cerca de 30 mil membros, que deverão contribuir com donativos ou mensalidades anuais para seu sustento.