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Einstürzende Neubauten

22 de outubro de 2010

Suas músicas nunca estiveram no topo das mais tocadas, mas sua influência para muito além da cena rock alemã não pode ser ignorada: grupo experimental pós-punk alemão Einstürzende Neubauten celebra 30 anos de existência.

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Blixa Bargeld é cartão de visita da bandaFoto: dpa

Quando partiram de Berlim, há 30 anos, para conquistar, primeiramente, os palcos underground do mundo, seus instrumentos eram, em sua maioria, uma montagem de equipamentos "roubados cuidadosamente" de ferros-velhos e canteiros de obras. O grupo pós-punk de música experimental Einstürzende Neubauten, que em alemão significa "prédios novos desabando", conseguiu fazer do ruído arte.

Em seu site, o grupo alemão descreve, com ironia e humor, a era selvagem de espanto burguês dos anos 1980: "Tons desérticos foram arrancados de pedaços de metal, barris, furadeiras, martelos, serras e de uma guitarra desafinada". Até hoje, eles se dedicam – com pouco apelo de massa – à "busca eterna do ruído desconhecido".

Ainda mais impressionante é o que resultou desses punks da antiga "Cidade do Muro" e cavaleiros apocalípticos do barulho: um dos principais produtos de exportação da música alemã. No Reino Unido e nos EUA, sua importância é comparada com lendários representantes do Krautrock, como os grupos Can ou Kraftwerk. Mundialmente, bandas como Depeche Mode, Nine Inch Nails ou Rammstein foram influenciados pelo trabalho pioneiro do grupo alemão.

Flash-Galerie Einstürzende Neubauten
Show do Einstürzende Neubauten no atualmente demolido Palácio da República em BerlimFoto: picture-alliance/dpa

Visão apocalíptica da urbanidade

Para comemorar seus 30 anos, a banda lança nesta sexta-feira (22/10) seu álbum Strategien Gegen Architektur IV (estratégias contra a arquitetura 4), que reúne os trabalhos do grupo entre 2002 e 2010. Neste final de semana, em Berlim, dois shows comemoram o aniversário da banda, que teve sua primeira apresentação em 1° de abril de 1980 no clube Moon, na capital alemã.

Na época de sua fundação, o grupo era composto por Blixa Bargeld, N.U. Unruh, Gudrun Gut e Beate Bartel. Hoje, somente o vocalista Bargeld e o baterista Unruh ainda fazem parte da banda, que inclui também o baixista Alexander Hacke, o guitarrista Jochen Arbeit, Rudolf Moser na percussão e Ash Wednesday nos teclados.

Assim como a denominação de seu novo álbum, o nome do grupo reporta, possivelmente, a uma visão apocalíptica da urbanidade. O certo é que, pouco depois da escolha do nome, o teto da atual Casa das Culturas do Mundo de Berlim desabou, fato que deu uma nova dimensão ao nome da banda.

"Para além de qualquer caráter comercial"

A história de sucesso do grupo pode ser dividida em três fases. Fundado em 1980, o conceito inicial antipop do Einstürzende Neubauten teve seu ápice em 1985 com o álbum 1/2 Mensch (1/2 humano). Essa fase consistia principalmente de experimentos com objetos de uso diário e de textos abstratos pronunciados através de gemidos e balbúcies por Bargeld.

Após alguns projetos de teatro com Peter Zadek e Heiner Müller, no início dos anos 1990, a banda se aproximou de estruturas musicais mais convencionais. Álbuns relativamente melodiosos como Tabula Rasa (1993) ou Ende Neu (1996), lançados pelo selo indie Mute, renderam à banda algum sucesso nos charts.

Einstürzende Neubauten
Grupo teve grande influência mundialFoto: Einstürzende Neubauten

A terceira fase do Einstürzende Neubauten se iniciou em 2002 com um projeto online em torno de aproximadamente 2 mil fãs e contribuintes voluntários, os chamados Supporters.

Álbuns inteiros foram financiados através desse modelo participativo. Através de uma webcam, os fãs podem observar a produção de novas músicas por parte da banda. Além de discos, pode-se comprar pelo site do grupo também música "para além de qualquer caráter comercial".

Blixa Bargeld

O vocalista Blixa Bargeld, cujo verdadeiro nome é Christian Emmerich, continua sendo o cartão de visita do grupo, especialmente após o fim de seu trabalho paralelo como guitarrista da banda Nick Cave & Bad Seeds, entre 1984 e 2003. Como renomado artista do teatro e da língua, Bargeld é docente eventual da Escola de Poesia de Viena.

Recentemente, o vocalista de 51 anos escreveu um livro, onde enfoca com precisão seu desenvolvimento de rebelde industrial para janota: em um diário de turnê, ele se revela um prendado gourmet, que procura principalmente bons museus e restaurantes nas cidades de seus concertos.

Em recente entrevista à revista alemã Der Spiegel, Bargeld explica que "o motivo pelo qual isso agora me interessa tem a ver com o fato de eu ter desistido de muitas paixões – em parte de natureza ilegal – da minha vida de estrela do rock".

Autor: Carlos Albuquerque
Revisão: Roselaine Wandscheer