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Alemanha afasta clima de revanche antes de duelo com Brasil

26 de março de 2018

Joachim Löw escala equipe alternativa para reencontro com seleção brasileira, no último amistoso antes da convocação para o Mundial. Nationalelf dá caráter de mero teste ao jogo e rejeita vínculo com 7 a 1.

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Toni Kroos (esq.) e Willian durante a histórica partida do 7 a 1
Toni Kroos (esq.) e Willian durante a histórica partida do 7 a 1Foto: picture-alliance/dpa/T. Eisenhuth

Exatos 1.359 dias depois da maior derrota já sofrida por uma seleção anfitriã numa Copa do Mundo, o Brasil volta a enfrentar a Alemanha. Nesta terça-feira (27/03), quase quatro anos após a goleada por 7 a 1 no Mineirão, a atual campeã mundial recebe o recordista de títulos mundiais em Berlim, no último amistoso preparativo antes das convocações para a Copa do Mundo de 2018 na Rússia.

E as duas seleções encaram a partida de forma completamente distinta. O Brasil vai a campo com força máxima, provavelmente com Fernandinho no lugar de Douglas Costa para dar mais consistência ao meio-campo. E, ao chegar a Berlim, o treinador Tite ressaltou a importância emocional do duelo.

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"Temos que ter naturalidade de saber que vamos enfrentar a Alemanha em Berlim. É o jogo contra o campeão mundial, que nos venceu por 7 a 1", afirmou Tite após a vitória por 3 a 0 contra a Rússia, na semana passada. "Foi uma etapa que passou, e agora estamos num período de reconstrução. Vai ser emocionalmente importante enfrentar a Alemanha, sim. Traz esse componente emocional", acrescentou. Apenas quatro atletas que estavam em campo no 7 a 1 – Marcelo, Fernandinho, Paulinho e Willian – estão agora em Berlim.

"Brasil de hoje está dois degraus acima"

Do lado da Alemanha, o tom é de que o jogo não é nada além de um amistoso, de um teste importante contra um adversário forte para preparar a equipe e tirar dúvidas em torno da convocação para o Mundial.

O treinador Joachim Löw inclusive dispensou dois nomes certos na Copa e que estiveram em campo no 7 a 1 – Thomas Müller e Mesut Özil –, além de sinalizar mais mudanças na equipe. A Alemanha deve ter ao menos cinco alterações em relação ao empate em 1 a 1 com a Espanha.

Um dos protagonistas da campanha vitoriosa na Copa do Mundo de 2014, o meio-campista Toni Kroos ressaltou não ser possível comparar a seleção brasileira atual à de 2014.

"Quando olho para o time atual em comparação a 2014, eles estão dois degraus acima. Eles têm jogadores muito bons. Meu companheiro [de Real Madrid] Casemiro está indo muito bem. Eles se juntaram bem. O Brasil é definitivamente um dos favoritos ao Mundial", disse Kroos, que também deve estar entre os poupados por Löw.

As intenções da comissão técnica e o discurso de atletas passam a impressão de, intencionalmente, diminuir o peso do confronto. No suposto time titular para esta terça-feira, apenas Mats Hummels esteve em campo no Mineirão há quatro anos.

Um dos beneficiados pela rotação no time titular é o meia Ilkay Gündogan, do Manchester City. Ele não esteve na Copa no Brasil, mas também minimizou o resultado histórico.

"Consigo entender que os brasileiros tenham ficado bastante decepcionados, mas não se trata mais da mesma equipe. Este será um teste de igual para igual. Para mim, Brasil é um dos favoritos à Copa do Mundo", disse o meia. "O resultado [de 2014] não tem importância para nós. Os jogadores brasileiros jogam em grandes clubes, estão acostumados com pressão. Isso faz deles o Brasil que estamos acostumados."

Equipe alternativa contra o Brasil

O tabloide alemão Bild fala em "equipe B" contra o Brasil. Mas não é para tanto. Apesar das mudanças, a Nationalelf manterá um alto nível de qualidade em campo. Löw deve poupar ainda Sami Khedira, que sentiu uma pancada contra a Espanha. Além de Gündogan, Leon Goretzka e Leroy Sané devem ser titulares contra o Brasil. O lateral-esquerdo Jonas Hectos dará lugar para Marvin Plattenhardt. E, ao que tudo indica, Löw deve testar o goleiro Bernd Leno e dar uma folga para o centroavante Timo Werner.

Joachim Löw
Joachim Löw: "Nem sempre se coloca todas as cartas na mesa"Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache

A mudança não será apenas na escalação, mas também na formação tática. Prévias dão indícios de que a Alemanha deve ir com uma linha de três zagueiros contra o Brasil: Mats Hummels, Antonio Rüdiger e Matthis Ginter. Löw tem tentado dar uma variação tática à equipe. Por um lado, ele quer estender o leque de opções de formações, mas por outro, tem dúvidas e insatisfações em relação ao setor defensivo.

"Deu tudo errado nos primeiro 20 minutos", disse o zagueiro Jérôme Boateng, referindo-se à pressão sofrida nos momentos iniciais contra a Espanha. "Eles brincaram de gato e rato conosco."

Mas também há a questão de não revelar tudo aos adversários antes do Mundial. "Nem sempre se coloca todas as cartas na mesa", disse Löw, após o empate contra a Espanha.

O Bild inclusive comparou a escalação alternativa frente ao Brasil com a manobra tática usada por Sepp Herberger, comandante da Nationalelf em 1954. Na fase de grupos, ele escalou os reservas contra a poderosa Hungria, e a seleção alemã perdeu por 8 a 3. Na final, com os titulares, a Alemanha surpreendeu e conquistou seu primeiro título mundial, com uma vitória por 3 a 2, que ficou conhecida como o Milagre de Berna.

Destaque para goleiro "alemão" Alisson

As atenções da mídia esportiva alemã definitivamente não estão voltadas ao 7 a 1. Na Alemanha, os assuntos são outros: as dúvidas de Löw para a convocação – levar ou não um segundo lateral-esquerdo, se o goleiro Manuel Neuer irá se recuperar a tempo do Mundial e quem será o segundo centroavante no elenco. Todos os nomes em debate – Werner, Mario Gómez, Lars Stindl, Sandro Wagner e até Nils Petersen, que tem ganhado apoio popular – balançaram as redes na última rodada da Bundesliga.

Para o duelo desta terça-feira, o portal esportivo alemão Kicker, por exemplo, tem como destaque uma galeria de fotos com um breve perfil dos 25 atletas convocados por Tite e uma reportagem sobre Alisson. O portal aponta que o goleiro da Roma ganhou notoriedade nesta temporada e enaltece suas qualidades – foram 12 de 29 partidas sem sofrer gols no Campeonato Italiano, além de quatro em oito duelos na Liga dos Campeões. Mas certamente, a atenção foi despertada pelo sobrenome Becker – o "alemão" Alisson nasceu em Novo Hamburgo, possui raízes alemãs e há pouco deu início ao processo para adquirir a cidadania alemã.

Brasil e Alemanha já se enfrentaram 22 vezes, sendo 18 delas em amistosos. Ao todo foram cinco vitórias alemãs, cinco empates e 12 vitórias brasileiras. Com a Alemanha como mandante (teve um jogo em solo americano) foram 13 partidas, com quatro vitórias alemãs, dois empates e sete vitórias do Brasil. Levados em conta somente os quatro jogos oficiais, a única derrota brasileira foi justamente o 7 a 1. O Brasil venceu os alemães na final do Mundial de 2002 (2 a 0) e nas Copas das Confederações de 2005 (3 a 2) e 1999 (4 a 0 – a maior goleada imposta pelo Brasil à Alemanha).

A Alemanha recebeu o Brasil duas vezes em Berlim. Em junho de 1973, teve vitória brasileira, gol de Dirceu, e empate em 1 a 1, em setembro de 2004, com gols de Ronaldinho Gaúcho e de Kevin Kurányi, atacante nascido em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

A Alemanha enfrentou candidatos ao título mundial na Rússia nos últimos três amistosos – todos terminaram empatados: 0 a 0 com a Inglaterra, 2 a 2 com a França e 1 a 1 com a Espanha.

Provável escalação da Alemanha:

Bernd Leno; Antonio Rüdiger, Mats Hummels e Matthias Ginter; Joshua Kimmich, Ilkay Gündogan, Leon Goretzka e Marvin Plattenhardt; Lars Stindl e Leroy Sané; Timo Werner (Sandro Wagner).

Provável escalação do Brasil:

Alisson; Daniel Alves, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Casemiro; Paulinho, Fernandinho, Willian e Philippe Coutinho; Gabriel Jesus.

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