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Ainda tem pedras no caminho da ampliação

Estelina Farias16 de dezembro de 2002

A ampliação da União Européia ainda tem alguns obstáculos pela frente. Os acordos de adesão terão de ser ratificados pelos 15 membros e os dez candidatos. Se um dos antigos rejeitar, todo o processo será bloqueado.

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Bandeiras dos 15 membros da UE no Parlamento em BruxelasFoto: AP

Na maioria dos países-membros a ratificação será pelo Parlamento nacional, como na Alemanha, por exemplo. Mas em alguns será por meio de plebiscito e este é um processo arriscado. A rejeição dos irlandeses no primeiro plebiscito sobre o importante Acordo de Nice, em junho de 2001, mostrou que surpresas são possíveis.

Na maior parte dos países, que receberam o sinal verde para ingressar na UE, o acordo de adesão será submetido a plebiscito e as pesquisas de opinião pública apontam riscos de rejeição em Malta e na Letônia. Também na Polônia a adesão é polêmica. Principalmente os agricultores rejeitam a UE, apesar da promessa de um bilhão de euros para subvenções agrícolas.

Dever de casa

Um terceiro obstáculo são os deveres de casa que os dez países terão de fazer para poderem entrar no exclusivo clube dos ricos. No final de 2003, a Comissão Européia (órgão executivo da UE) vai decidir se cada um deles implantou as reformas exigidas na economia, Justiça e administração. Só depois disso serão abertas as portas da UE para eles. Em outubro passado, a Comissão presidida por Romano Prodi constatou que a maioria dos candidatos ainda tinha muito o que fazer.

Campanha eleitoral

Nesta segunda-feira (16) já começou uma verdadeira campanha eleitoral para conquistar os eurocéticos nas três ex-repúblicas soviéticas (Estônia, Letônia e Lituânia), Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Malta e a parte grega da ilha de Chipre. Com a adesão de todos eles, a UE ganhará mais 75 milhões de habitantes e terá uma população de 450 milhões, o que representa o maior mercado do mundo.

Enquanto a grande maioria das populações da Hungria e Eslováquia aprova integração, a resistência é grande em Malta, o menor dos dez países que receberam o sinal verde da cúpula européia na sexta-feira (13). Um terço dos malteses é contra a filiação do seu país. Por isso é aguardado com grande expectativa o plebiscito a ser realizado no início de 2003. Também na Polônia e na República Tcheca é igualmente incerto o resultado do plebiscito. O ministro polonês da Agricultura, Jaroslav Palas, disse contar com uma campanha eleitoral de seis meses contra o que chama de preconceitos e medos difusos.

Satisfação e acusações de traição

"A conferência de Copenhague foi mais importante do que as de Ialta e Potsdam", destacou o presidente polonês, Aleksander Kwasniewski, numa referência à divisão da Europa depois da Segunda Guerra Mundial. Mas as exigências de renúncia do governo em Varsóvia pela Liga das Famílias Polonesas, católica, nacionalista e direitista, sob acusação de que os agricultores foram traídos, mostram que o sucesso do futuro plebiscito é incerto.

Na Hungria, o resultado da cúpula européia foi recebido com satisfação e desagravo por todos os partidos políticos e a população. Já os eslovacos encaram sua integração à UE com um misto de satisfação e indiferença. As últimas pesquisas revelaram que de 65% a 79% aprovarão a adesão da Eslováquia no plebiscito de junho de 2003.

Na Estônia, Lituânia e Letônia, a notícia da ajuda financeira maior do que a planejada foi recebida como um presente de Natal e pareceu mais importante do que a adesão histórica dessas ex-repúblicas soivéticas, dez anos após a implosão do bloco comunista. Também foi grande a euforia na Eslovênia, a primeira república iugoslava que se tornou independente e aceita na UE.

Meia solução para Chipre

Na ilha dividida de Chipre, a aceitação do sul pela UE gerou euforia entre os gregos, enquanto a rejeição do norte foi recebida pelos turcos com decepção e vaias. Manifestantes na capital Nicósia xingaram o presidente turco-cipriota de traidor. A cúpula da UE queria a adesão de um Chipre unido, mas o representante turco Rauf Denktasch rejeitou o plano de reunificação da ilha apresentado pela ONU.