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Tillerson critica investimentos chineses em África

Kate Hairsine | Coletta Wanjohi | Lusa | EFE | AP | rl
9 de março de 2018

Na primeira paragem do périplo africano, secretário de Estado norte-americano elogiou o trabalho da UA e prometeu ajuda. Mas Rex Tillerson esquivou-se a perguntas sobre declarações polémicas do Presidente dos EUA.

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Foto: Reuters/J. Ernst

De visita à Etiópia, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, disse querer "ouvir" quais as prioridades dos diferentes países africanos. Reafirmou ainda a "importância que o continente tem no futuro dos Estados Unidos da América", tanto em questões económicas como de segurança.

No entanto, havia uma pergunta que não queria calar na conferência de imprensa coletiva que o secretário de Estado norte-americano concedeu na quinta-feira (08.03). Depois de Donald Trump se referir a vários países africanos como "países de merda", não estaria o Presidente norte-americano a dever um pedido de desculpas ao continente?

Tillerson fugiu sempre à questão. E das duas vezes que foi com ela confrontado preferiu voltar a exaltar a importância das relações entre as duas partes.

O que os africanos pensam sobre Donald Trump?

Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da União Africana, e uma das vozes críticas das declarações feitas em janeiro por Trump, decidiu colocar uma pedra sobre o assunto.

"Acredito que esse incidente é uma coisa do passado. A visita do secretário de Estado Tillerson é a prova da importância das relações entre a África e os EUA", afirmou.

Combate ao terrorismo

Em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde está sediada a União Africana, Rex Tillerson elogiou o trabalho desta organização na "busca de soluções para uma maior estabilidade" no continente.

Os esforços que têm sido feitos no continente na área da saúde, rastreando e respondendo a surtos de doenças, e o trabalho que tem sido levado a cabo pela União Africana para chegar a uma solução no Sudão do Sul foram também elogiados por Tillerson.

Por seu lado, o presidente da Comissão da União Africana mostrou-se satisfeito com o compromisso dos EUA no combate ao terrorismo no continente africano. E aproveitou a ocasião para solicitar mais apoio.

"Falámos sobre alguns conflitos e situações de crise que o nosso continente enfrenta e sobre qual a melhor maneira dos EUA apoiarem os esforços africanos na promoção da paz e segurança. Solicitei o seu apoio para as iniciativas já em curso e apoio financeiro para a força da União Africana na Somália (AMISOM)", disse Moussa Faki Mahamat.

Antes de partir para Adis Abeba, Tillerson anunciou um plano de assistência humanitária para a África de 533 milhões de dólares norte-americanos.

Äthiopien Rex Tillerson und Moussa Faki Kommissionsvorsitzender Afrikanische Union (AU)
Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson (esq.), e presidente da Comissão da UA, Moussa Faki MahamatFoto: Getty Images/AFP/S. Maina

Críticas à China

Outro dos assuntos abordados foram os investimentos chineses no continente. Tillerson voltou a afirmar que os países africanos devem assegurar que não perdem a sua soberania quando aceitam empréstimos da China.

"O modelo que a China segue não traz uma significativa criação de emprego nem programas de capacitação significantes que permitam aos cidadãos africanos participar de uma forma mais completa nos seus países", comentou o diplomata norte-americano. "Muitas vezes, os modelos de financiamento utilizados estão estruturados de forma a que o país, se entra em problemas financeiros, perde o controlo das suas próprias infraestruturas e dos seus recursos."

Tillerson critica investimentos chineses em África

O presidente da Comissão da União Africana respondeu, afirmando que "os africanos são maduros o suficiente para se envolverem em alianças que sejam úteis ao seu país e ao continente."

Em 2009, a China superou os EUA, tornando-se o maior parceiro comercial de África. A Etiópia, onde estão localizados alguns dos maiores investimentos chineses no continente, não vive dias fáceis. No entanto, e aos olhos de Rex Tillerson, a solução para a crise atual não passa por manter o país "em estado de emergência". O secretário de Estado norte-americano diz que à violência que se tem feito sentir no país, o Governo deve responder com "mais liberdade".

A visita de Tillerson ao continente africano contempla ainda a passagem por Djibouti, Quénia, um aliado dos EUA na luta contra o grupo radical Al-Shabaab na Somália, o Chade e a Nigéria, outros dois países que também lutam contra os rebeldes islâmicos.