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ONU pede mais esforços ao mundo no combate à SIDA

9 de junho de 2011

As Nações Unidas organizam uma cimeira de três dias sobre os compromissos futuros da comunidade internacional em relação à doença.

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Sete mil pessoas em todo o mundo continuam a infectar-se diáriamente com o virus HIV-SidaFoto: DW

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu coragem à comunidade internacional tendo em vista um compromisso para que a erradicação da Sida seja uma realidade nos próximos 10 anos.

Trinta anos depois da descoberta da SIDA, cerca de 7 mil pessoas em todo o mundo continuam a infectar-se em cada dia que passa, com esta doença. Em África o Uganda foi considerado durante muito tempo como um exemplo na sua prevenção. Mas o balanço é negativo.

Segundo o programa das Nações Unidas contra a Sida (UNAIDS) há no mundo 34 milhões de pessoas com esta doença. Vejamos o caso do Uganda. Na década de 90, um spot na rádio dizia aos ouvintes:

“quando fizer sexo, não se esqueça do preservativo! E use sempre um preservativo novo para cada relação sexual”.

Uganda Wahlen Präsident Yoweri Museveni
Yoweri Museveni, Presidente do Uganda, país que na década de 80 foi modelo no combate ao HIVFoto: DW/Schlindwein

Uganda foi considerado na década de 80 como país modelo no combate ao HIV

Durante alguns anos a política de prevenção do Uganda contra a Sida foi considerada exemplar.Em 1986 o presidente ugandês Yoweri Museveni lançou uma campanha nacional contra esta doença, numa altura em que outros chefes de estado africanos afirmavam que a Sida era uma invenção dos serviços secretos norte americanos CIA.

No vizinho Quénia por exemplo, o governo proibiu toda e qualquer campanha de esclarecimento. O Uganda pelo contrário mobilizou todas as forças para combater a Sida. Winnie Makumbie correu as aldeias ensinando as pessoas a protegerem-se,“nas reuniões ao ar livre nas aldeias e nas escolas usávamos bananas para ensinar como utilizar um preservativo. Mas houve problemas. Uma vez em casa, alguns homens puseram os preservativos em bananas, em vez de os usarem no seu próprio corpo. Enfim, tivemos de passar a usar uma linguagem mais clara e direta”.

Este trabalho junto das bases teve êxito. Na década de 90 o número das novas infecções desceu 70 por cento. Organizações internacionais louvavam tal trabalho e apoiavam-no com milhões de dólares. Mas eles não notaram que o presidente Museveni tinha mudado completamente de posição. A princípio defendia os preservativos, embora achasse que eles eram um mal necessário, que só deveria ser autorizado em casos excepcionais. Mas na conferencia sobre Sida em 2004, foi mais claro:

“Não podemos viver numa sociedade ou num mundo onde se usam constantemente preservativos”.

Mosambik Aids
ONU pede coragem à comunidade internacional para que a erradicação da Sida seja uma realidade nos próximos 10 anosFoto: picture alliance/Lonely Planet Images

Número de infetados com sida no Uganda voltou a aumentar

O numero de pessoas infectadas com Sida no Uganda voltou a aumentar. Há aldeias onde 25 por cento das pessoas estão infectadas. O médico David Kihu Muro, membro da comissão nacional ugandesa de combate à Sida, lamenta que as campanhas de esclareci mento tenham praticamente acabado:

“Agora só se investe nos medicamentos contra a doença. Para as campanhas de prevenção não há dinheiro. E por isso o numero de pessoas infectadas recomeçou a crescer. Será difícil recuperar o terreno perdido”.

Como o contágio com a Sida já não significa automaticamente uma morte rápida, como antes acontecia, muitos jovens na África oriental têm agora menos cuidado. Subestimam a doença e pensam que no caso de se infectarem, receberão medicamentos gratuitos. Uma evolução perigosa. Talvez fosse boa idéia ir ao arquivo da rádio Campala buscar o antigo spot dos anos 90.

Autor: Antje Diekhans (Nairobi) / Carlos Martins

Revisão: António Rocha / Helena de Gouveia

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