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Militares entregam proposta ao Governo em São Tomé e Príncipe

Nádia Issufo18 de fevereiro de 2014

Segundo analista, a crise entre militares e Executivo não deve resultar em golpe. Reuniões do Conselho de Estado têm debatido reivindicações dos descontentes.

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Presidente Manuel Pinto da Costa não estaria ameaçadoFoto: picture-alliance/dpa

O presidente de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, convocou reuniões extraordinárias do Conselho Superior de Defesa Nacional para avaliar a crise miliatr no país. Os militares mostram insatisfação com os salários, más condições de vida e o não cumprimento de promessas do Governo.

Para protestar, recusaram-se a prestar as honras militares ao presidente, o que caracterizou manifestação explícita de insubordinação. O facto acontece quando o país vive forte crise político-social em um ano de eleições.

A DW África entrevistou o sociólogo Olívio Diogo sobre o impacto desta crise no atual contexto.

DW África: A insubordinação pode trazer consequências negativas para o poder político?

Olívio Diogo (OD): Qualquer tipo de insubordinação vindo das forças militares ou paramilitares traz consequencias gravíssimas para o Poder Executivo. Ao longo desta semana houve vários Conselhos de Estado, quando o Presidente da República reuniu-se com os mais altos dirigentes militares. O chefe das Forças Armadas anterior já havia perdido o controle da situação. É preciso dizer que, neste momento, há uma proposta de substituição do brigadeiro e de sua equipa. Daí que vamos ver como esta nova equipa se articula com os militares.

DW África: Disse que não há controle sobre os militares. Face a esta situação é possível que o Exército seja manipulado por alguma força de oposição para um golpe de Estado?

OD: Não. No meu ponto de vista não há uma manipulação por parte dos partidos de oposição para que isto aconteça. A criação do brigadeiro, a promoção do conjunto de militares, a separação do Comando Geral das Forças Armadas do Quartel General para uma outra instância foi uma criação do partido do primeiro-ministro.

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Eu não perceberia como este partido que havia criado esta situação conspiraria contra a seu própria obra. Este bloco que foi criado é que está sendo posto em causa pelos militares.

DW África: Depois da Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe é o país africano de expressão portuguesa que mais tem golpes de Estado registados em sua história. Vê a possibilidade de uma volta a esta prática?

OD: Os golpes de Estado que acontecem em São Tomé e Príncipe são diferentes do que acontecem na Guiné-Bissau. Porque um golpe de Estado que um presidente é reconduzido ao poder é o que podemos chamar de insubordinação. Nesta altura, se me disser que há condições para que isto volte a acontecer, eu não acredito. Porque há uma parte dos militares que está descontente com a direção e esta direção está disposta a se afastar. Eu estou convencido que a situação se normalizará.

DW África: Em que medida o apoio de Angola a Manuel Pinto da Costa pode intimidar possíveis ações contra ele?

OD: Pode se considerar de certa forma ingerência porque o Manuel Pinto da Costa tomou o poder ele já tinha convidadoo alguns militarse. No meu entender isto não vem a promover nada e contribue para criar mais desconfiança na população. Quando o presidente toma esta atitude com a intenção de intimidar os nossos militares, isto pode ter manifestações contrárias. Eu acho que seria um erro estratégico do Presidente Manuel Pinto da Costa recorrer aos militares estrangeiros.

DW África: São Tomé e Príncipe vive uma certa tensão social politico-social. Como interpreta esta situação em um ano de eleições?

OD: Os partidos políticos não estão a transmitir confiança a população. A cada dia que passa, entendem-se menos entre eles. A cada dia que passa, chama-se por uma posição mais ativa da sociedade civil porque os partidos estão perder a confiança.

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