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O radicalismo religioso ameaça jovens do Senegal

Mamadou Lamine Ba / António Rocha10 de agosto de 2016

Terminou o mini-périplo de Gerd Müller, ministro alemão da Cooperação e do Desenvolvimento, pela África. A visita começou em Dacar, onde alguns analistas consideram que existem condições propícias à radicalização.

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Foto: DW/K. Gänsler

O ministro alemão para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento que termina esta quinta- feira (11.08.) a sua visita a três países africanos (Senegal, Ruanda e Niger), chegou ao Senegal com uma mensagem para os jovens senegaleses, muitos deles no desemprego. Estes, estão expostos a vários riscos, incluindo o radicalismo religioso. E os especialistas evocam questões estruturais e conjunturais como razões principais para esse radicalismo.

Pistas para a solução desse e de outros problemas que afligem os jovens africanos, nomeadamente os senegaleses, existem, dizem os especialistas ao afirmarem que o Estado já está a trabalhar na criação de postos de trabalho para a camada juvenil. Mas muitos deles ainda vêem o futuro extremamente incerto.
O Senegal, tal como os países vizinhos, não se encontra totalmente afastado da radicalização. Alguns muçulmanos senegaleses pensam que a estigmatização do islão talvez esteja na base dessa radicalização.

Posições divergem

Um estudante wahabita, que frequenta a Universidade de Letras de Dacar explica que “ser radical algumas vezes é o reflexo de um comportamento face às ações que são desenvolvidas contra as pessoas, enquanto paralelamente outras são autorizadas a seguirem a sua própria conceção de vida ”.Moustafa Tamba, professor e ex-pesquisador em sociologia na Universidade senegalesa Cheik Anta Diop, também em Dacar, faz uma outra leitura e afirma que “o ocidente marginalizou povos inteiros de África, da Ásia e isso foi mal digerido por muitos povos. Estes, estão frustrados porque foram excluídos e são dominados política e económicamente”.

Mas para o professor Bacary Samba, diretor do Tombuktu-Instituto, as causas para essa radicalização são mais estruturais do que conjunturais.

“A pobreza entre os jovens e a ausência de perspetivas concretas fazem com que, em resposta, esses mesmos jovens adotem qualquer tipo de comportamento porque são facilmente aliciados. Por outro lado, as causas conjunturais podem depender de situações políticas internas", sublinha Samba.

Uma posição que é corroborada por Doulo Sow, professor de árabe numa faculdade senegalesa.

“Todos vêem o que se passa no Egito entre os irmãos muçulmanos e o Governo de Cairo. Vemos o que se passa na Síria, na Arábia Saudita e na Líbia ...Tudo isso são problemas que carecem de soluções imediatas”, conclui Doulo Sow.

Senegal ameaçado pelo radicalismo?

Muitos interrogam-se se o Senegal está na verdade ameaçado . E o professor Bacary Samba é claro na sua resposta.

“Não existe atualmente no mundo nenhum país que possa dizer que se encontra afastado de uma tal ameaça”Muitos senegaleses já se questionam sobre a forma de solucionar ou remediar este fenómeno que coloca em perigo a paz mundial? Para o sociólogo Moustapha Tamba, a solução é - em primeiro lugar - de cariz social.

“A principal resposta é a inserção. Os jovens devem ser contemplados com programas, nomeadamente económicos, acompanhados de um grande envolvimento no plano social”.

E o dr. Bacary também preconiza um maior empenho na àrea da educação.
“As soluções duradouras deverão contemplar duas vertentes: A criação e manutenção de sistemas educativos eficientes, a resolução dos problemas de desigualdades e de injustiças”.

Recentemente, o Estado senegalês deu início a uma política de inserção dos jovens em projetos de desenvolvimento e do auto-emprego. Mas em paralelo, salafistas e wahabistas consideram que o islão praticado no país não é puro e em contrapartida, os soufis, maioritários no Senegal, consideram-nos como alienados espirituais.

Dakar Zentrum Senegal Hafen
Porto de DacarFoto: picture-alliance/DPPI Media

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Dakar Zentrum Senegal
Vista parcial da capital senegalesa, DacarFoto: Getty Images/AFP/Seyllou