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FRELIMO não dá abertura a outros pré-candidatos às presidenciais

Nádia Issufo30 de dezembro de 2013

A FRELIMO não pensa apresentar outros candidatos à eleição presidencial de 2014 para além dos nomes dos três já conhecidos: Alberto Vaquina, José Pacheco e Filipe Nyusi.

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Armando Guebuza, Presidente de MoçambiqueFoto: Ferhat Momade/AFP/Getty Images

Em Moçambique, o partido no poder, FRELIMO, deixou claro que não indicará outros candidatos à presidência da República para além dos três já eleitos pela comissão política. Com isto a FRELIMO encerra a possibilidade de serem escolhidos outros nomes no próximo Comité Central do partido a ter lugar no primeiro trimestre de 2014. Observadores interrogam-se se o partido estará a ser gerido com mão de ferro ou se é apenas o seguimento dos regulamentos partidários aprovados pelo Comité Central em setembro de 2012

Os três pré-candidatos escolhidos pela FRELIMO no passado dia 11, Alberto Vaquina, José Pacheco e Filipe Nyusi, são vistos no país como uma espécie de continuidade no poder do atual Presidente Armando Guebuza. Em jeito de contestação, outros nomes ligados a anteriores Governos, também da FRELIMO, são anonimamente sugeridos para a votação que acontecerá entre fevereiro e março próximos no Comité Central da FRELIMO. Mas o secretário geral do partido, Filipe Paunde, já garantiu que não há espaço para novos pré-candidatos.

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Alberto Vaquina, um dos pré-candidatos à eleição presidencialFoto: Marta Barroso

Ditadura na FRELIMO?

Com essa decisão ter-se-á instalado a ditadura no seio do próprio partido? Ericino de Salema, analista moçambicano, responde: "Talvez não explicitamente, mas os factos parecem sugerir que haja um grupo restrito."

Ericino de Salema considera ainda problemático dar o caso por encerrado porque o partido ainda não apresentou o perfil do candidato à sucessão de Armando Guebuza.

Mas o analista político Calton Cadeado tem outra opinião sobre a limitação das escolhas dos candidatos e justifica a sua tese: "O comité elege e não propõe, não está claro."

Os atuais pré-candidatos, o Primeiro-ministro Alberto Vaquina, os ministros da Agricultura José Pacheco e da Defesa Filipe Nyusi, respetivamente, tiveram expressão política nos mandados de Guebuza e são vistos como os seus delfins. Por outro lado, a crescente discordância entre alas do partido são cada vez mais evidentes, através, por exemplo, de alguns pronunciamentos ou posições.

José Pacheco
José Pacheco, um dos três pré-candidatos à sucessão de Armando GuebuzaFoto: DW/L.Matias

Discordantes devem ter coragem

Será que o próximo Comité Central será um campo de batalha onde os descontentes se insurgirão? Ericino de Salema considera que antes de tudo é preciso haver coragem: "Esses discordantes não dão a cara para discutirem abertamente as suas ideias."

Entretanto, essa discordância é vista pelo analista Calton Cadeado como fator positivo para o próprio partido: "Não vejo nenhum problema no que concerne à divisão de opiniões. Deve ser um espaço de luta de influências", conclui.

A ausência de pronunciamento público é associada ao medo e também ao crescente poder de Armando Guebuza dentro da FRELIMO. Mas se há medo, para além da divergência de opiniões, então algo pode não estar bem no partido. Mas o analista político Calton Cadeado defende que o medo foi um dos alicerces do partido: "A FRELIMO cresceu e consolidou-se usando o medo e a imposição como forma de garantir a coesão do grupo. Hoje não sei como isso se reflete, mas as pessoas sabem posicionar-se e discordar, se há medo ou não... Há pessoas que não têm a coragem de falar abertamente."

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Entretanto, segundo a agência de notícias de Moçambique AIM, a lista de pré-candidatos da FRELIMO está a ser duramente criticada nas redes sociais, onde surgiram campanhas não oficiais para outros possíveis candidatos como o economista moçambicano Eneas Comiche, a antiga Primeira-ministra Luísa Diogo e Eduardo Mulémbwe, membro da anterior Comissão Política.

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