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Comunidade internacional mobiliza-se contra a seca

27 de julho de 2011

Esta quarta-feira terá lugar uma conferência de doadores em Nairobi. Também a ponte aérea para Mogadíscio, anunciada pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), se deverá iniciar.

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Corno de África enfrenta a pior seca dos últimos 60 anosFoto: AP Graphics/DW

Dois dias depois da reunião da FAO, em Roma, agora é a vez da capital queniana, Nairobi, acolher a conferência dos doadores para região do Corno de África, que irá fazer o ponto de situação dos donativos conseguidos até ao momento.

A ONU estima que sejam necessários 1,1 mil milhões de euros nos próximos 12 meses para fazer face à situação de emergência alimentar no leste de África, mas até agora foi angariada apenas cerca de metade desse montante.

Precisa-se de ajuda "imediatamente"

Welternährungsgipfel Ban Ki Moon
Secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon (direita) e Diretor-geral da FAO Jacques Diouf (esquerda), na conferência de Roma (25/07) na qual foi lançado um apelo para a recolha de 1,1 mil milhões de euros para socorrer o Corno de ÁfricaFoto: picture-alliance / dpa

Jacques Diouf, diretor-geral cessante da FAO indicou que serão ainda necessários cerca de 110 milhões de euros para a agricultura, 60 milhões dos quais terão que ser disponibilizados"imediatamente".

Recorde-se, que Diouf, apelou na segunda feira no final da reunião em Roma à "ajuda internacional maciça e urgente" para a região do Corno de África, sublinhando que a situação é particularmente crítica na Somália, onde as crianças são a maior preocupação.

Na ocasião, o ministro francês da Agricultura francês, Bruno Le Maire, cujo país preside ao G20 e que convocou a reunião de Roma, disse em conferência de imprensa que a União Europeia contribuiu com 100 milhões de euros e que a França "duplicou a sua ajuda para 10 milhões de euros". Também o Banco Mundial anunciou uma contribuição de 350 milhões de euros.

Por seu turno, a Alemanha, disse que vai elevar a sua ajuda até aos 15,5 milhões de euros. Mas será suficiente? Dirk Niebel, o ministro alemão da Cooperação e Desenvolvimento considera que“ não...evidentemente que não, mas este ano, o governo federal alemão desbloqueou até agora 15,5 milhes de euros de ajuda humanitária de urgência”. O ministro acrescenta que “a UE quantificou o seu envolvimento em 160 milhões de euros, dos quais 20 por cento, cerca de 30 milhões de euros são fornecidos pela Alemanha”. Berlim decidiu aumentar a sua ajuda de urgência bilateral em 30 milhões de euros.

Contudo, Niebel frisa que “ é importante, e foi também o objetivo da conferencia de Roma, ocupar-se do desenvolvimento dos espaços rurais. A preocupação tem que ser para lá das crises para que possamos prevenir no futuro uma tal catástrofe”.

Catástrofe programada

Kenia Dürre in Ostafrika Flüchtlingslager in Dadaab Kind
As crianças são as primeiras vítimas da fome e da seca que atingem os países do Corno de ÁfricaFoto: dapd

Na verdade, a situação é extremamente preocupante e para muitos, "uma catástrofe programada", como Angela Hinrichs, da FAO, qualificou o que se passa na Somália e no Corno de África. Segundo ela, os alertas foram lançados contra a seca que se anunciava, mas a sua amplitude surpreendeu o mundo inteiro e agora atinge em pleno uma região já muito fragilizada.

“As populações do Corno de África são camponeses que vivem da agricultura e da pastorícia. Muitos delas são nómadas que atravessam as fronteiras com os seus rebanhos” sublinha Hinrichs. A segurança alimentar dessas populações “ já não é mantida em tempos normais, a população cresce rapidamente, é preciso aumentar a produção agrícola, algo que se faz mas de forma insuficiente”. Hinrichs conclui que essas populações têm que percorrer “cada vez maiores distancias para poderem encontrar terras para pastagem do seu gado”.

A este quadro junta-se o aumento vertiginoso dos preços dos alimentos, num país como a Somália, que não tem um governo estável há mais de 20 anos e onde as milícias shebabs criam obstáculos à ação das organizações humanitárias.

Autor: António Rocha

Edição: Helena de Gouveia