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Abertura em público de vala comum na capital do Burundi

AN/SRY/AK/VR/AFP2 de março de 2016

As autoridades do Burundi abriram uma vala comum na capital, Bujumbura, confirmando os relatórios que afirmam que dezenas de pessoas foram enterradas neste tipo de sepulturas no último ano.

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Patrulhas de soldados do exército do Burundi na capital BujumburaFoto: picture-alliance/AA/Y. Rukundo

Foram encontrados os restos mortais de três pessoas numa vala comum no bairro de Mutakara, em Bujumbura, capital do Burundi. Este é um dos locais de maior oposição ao Governo.

Dois suspeitos foram detidos na sequência desta descoberta e um deles afirmou às autoridades que foram enterradas cerca de 30 pessoas no local. "O suspeito afirmou que eles enterraram pessoas que não estavam contra o terceiro mandato do Presidente Nkurunziza, pessoas conhecidas como Imbonerakure. Foram todas mortas e enterradas nesta sepultura comum", afirma Freddy Mbonimpa, Presidente da edilidade de Bujumbura.

Os Imbonerakure são um grupo de jovens apoiantes do Conselho Nacional pela Defesa da Democracia – Forças pela Defesa da Democracia (CNDD-FDD), o partido atualmente no poder no país.

A sepultura foi aberta na presença de membros de Organizações dos Direitos Humanos e jornalistas nacionais e internacionais. Recorde-se que m janeiro, a Amnistia Internacional divulgou imagens de satélite que mostravam a existência de, pelo menos, seis valas comuns na área de Bujumbura, onde ocorreram várias manifestações contra o Governo de Pierre Nkurunziza. Na altura, a organização apontou o dedo ao Governo do Burundi.

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Forças da guarda presidencial do BurundiFoto: Getty Images/S. Platt

"Quem falou destas valas comuns tem a certeza absoluta da sua existência. Por isso, eles devem ir até ao Governo e dizer [às autoridades] onde estão essas valas", pediu Freddy Mbonimpa.

Conflitos poderão estar na origem destas valas comuns

As autoridades acreditam que esta sepultura tenha sido criada em maio de 2015, quando começaram as primeiras manifestações contra a candidatura de Pierre Nkurunziza à presidência do Burundi. De acordo com a Constituição do país, o Presidente só poderá exercer dois mandatos e, caso vencesse as eleições, Nkuruziza iria exercer um terceiro mandato.

O CNFDD-FDD alega que o primeiro mandato do Presidente não conta, uma vez que foi apontado pelo Parlamento e não eleito pela população. Em junho de 2015, Nkurunziza venceu as eleições e, em julho, a oposição contestou os resultados das eleições, altura em que se agravaram os conflitos e manifestações na capital.

ONU envia equipa de especialistas dos direitos humanos

Christof Heyns é um dos três enviados da Organização das Nações Unidas, que estão no Burundi desde segunda-feira (29.02) para investigar a "implementação do acordo de Arusha e alegadas violações dos direitos humanos, que terão ocorrido em 2015 e continuam a decorrer".

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ONU enviou peritos ao Burundi para investigar alegadas violações de direitos humanosFoto: Reuters/D. Balibouse

"Vamos encontrar-nos tanto com o Governo como com a oposição e a sociedade civil, no Burundi e no exterior”, afirma o enviado, em entrevista à DW África. “Esta é a nossa primeira missão e vamos levar a cabo mais missões durante o ano. Esperamos que seja possível esclarecer o que acontece, olhando especialmente para a impunidade, porque é claro que houve várias violações, mas não é claro quem é responsável por elas”, acrescenta Heyns.

De acordo com dados oficiais da ONU, já abandonaram o país quase 250 mil pessoas e cerca de 400 terão sido mortas no último ano durante estes protestos tanto pela polícia, como por membros armados da oposição. Estes números não incluem as pessoas encontradas nestas valas comuns.

A ONU espera ter um primeiro relatório sobre a situação no Burundi no final de março e o relatório final, que irá apresentar no Conselho dos Direitos Humanos, em setembro, onde irá fazer algumas recomendações para resolver estas questões.

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