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'Não tenho uma explicação'

Daniel Martínez (rw)15 de outubro de 2008

O meia Zé Roberto diz não ter uma explicação para a má fase da equipe, que ocupa a 11ª colocação na Bundesliga, e afirma que é injusto fazer críticas ao trabalho de Klinsmann.

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Zé Roberto retornou ao Bayern em 2007Foto: AP

Um dos principais jogadores do meio-de-campo do Bayern de Munique, o brasileiro Zé Roberto disse não ter uma explicação para a atual fase da equipe, que ocupa apenas a 11ª colocação na Bundesliga, sete pontos atrás do líder Hamburgo.

"Em toda a minha carreira eu nunca havia vivido algo assim", declarou Zé Roberto à DW-WORLD. Para ele, o tempo de experiências na equipe treinada por Jürgen Klinsmann acabou. "Não sou o único que sabe disso. O técnico certamente também sabe disso", disse o meia.

Zé Roberto defendeu Klinsmann. "É injusto fazer duras críticas a ele sem levar em consideração que ele recém começou e que seus planos são de longo prazo", avaliou.

DW-WORLD.DE: Como vai?

Zé Roberto: Não muito bem. As coisas não estão como eu gostaria.

Por quê? Você atualmente é o melhor jogador do Bayern.

Pode ser, mas a equipe enfrenta uma situação difícil. Nossa posição na Bundesliga é muito complicada. Por sorte, na Liga dos Campeões a situação é outra.

Você tem uma explicação para isso?

Eu procurei uma explicação e não encontrei. Em todos esses anos no Bayern de Munique, não me lembro de um início de temporada tão ruim. Em toda a minha carreira eu nunca havia vivido algo assim. Muitas pessoas já tentaram buscar uma explicação para isso. Na minha opinião, a situação é tão complexa que ela não precisa de esclarecimento. Temos simplesmente de poder continuar trabalhando para conquistar nossa meta: a liderança da tabela.

No que você pensa ao ver o Bayern de Munique na 11ª posição do Campeonato Alemão?

No próximo jogo, na chance de conquistar três pontos com uma vitória e com isso subir na tabela.

Nada de desespero ou frustração?

Não, esses sentimentos eu não tenho, pois sei que tudo ainda está em nossas mãos. A Bundesliga está na sétima rodada. Se estivermos numa situação semelhante a sete rodadas do final do campeonato, então poderemos falar de desespero e frustração, mas não agora. A temporada recém começou. Ainda temos tempo de recuperar o atraso e deixar essa situação desagradável para trás.

Você é o único no Bayern de Munique com motivo para festejar. Seu desempenho nessa temporada é excepcional, o que não se pode dizer de toda a equipe.

Não tenho motivo para alegria. Quando uma equipe está embalada, todos os jogadores têm a ganhar. O contrário infelizmente não é sempre assim. Eu penso em primeiro lugar no grupo. Brilhar individualmente não traz nada se, como grupo, enfrentamos uma fase difícil.

Mas especialmente você pode se orgulhar de seu desempenho.

Sim, e eu estou orgulhoso. Quando voltamos das férias do verão europeu, prometi a mim mesmo fazer desta temporada a melhor da minha carreira. A última temporada foi muito boa para mim, e eu gostaria que a atual fosse melhor ainda. Mesmo assim, de nada adianta – nem mesmo para mim – termos um Zé Roberto muito bom, se no final ficamos sem título. Meus gols e meu desempenho não valerão de nada se a equipe não ganhar nada com isso.

Hoje se pode ter a impressão de que a meta de "atingir alguma coisa" está bem distante.

Não acredito que estejamos tão distantes das nossas metas. Tenho certeza de que vamos melhorar e que de forma nenhuma vamos estagnar nessa posição. Teremos uma boa temporada. Estamos vivenciando o início de uma nova filosofia de trabalho e todo o início é difícil.

Uma parte importante desta nova filosofia de Jürgen Klinsmann prevê melhorar os jogadores a cada dia. Muitos críticos dizem que você é o único jogador que melhorou.

Isso vai valer também para toda a equipe. Devido à minha idade e à minha experiência, assimilei mais facilmente essa filosofia. Eu entendi Klinsmann desde o início, eu posso ver por que ele experimenta, por que ele impõe certas coisas. Para mim está claro o que ele quer e como conseguirá isso.

Ficar experimentando faz parte dos planos. Em parte, a equipe já mostrou ter entendido esta filosofia. Por exemplo, no jogos contra o Colônia e o Nürnberg ou no segundo tempo contra o Lyon, pela Liga dos Campeões. Só nos faltam constância e equilíbrio.

Mas por causa dessa falta de equilíbrio o técnico está sob pressão. Como você vê toda a situação?

Desde que Klinsmann é nosso treinador, ele experimentou muitas coisas. Ele está em busca da equipe ideal. Mas antes de encontrá-la, tem de experimentar. Klinsmann veio com uma mentalidade de trabalho própria. Ele conhece o time, aqui ainda estão os mesmos jogadores que ele observou na última temporada e que ganharam o Campeonato Alemão e a Copa da Alemanha.

Mas para ter o Bayern de Munique que ambiciona, ele precisa fazer experiências. É injusto fazer duras críticas a ele sem levar em consideração que ele recém começou e que seus planos são de longo prazo. Afinal, ele tem um contrato de três anos.

Mas os torcedores não têm tanta paciência.

A reação da torcida é compreensível. Torcedores pensam como torcedores, não como a equipe técnica ou a diretoria do clube, cuja responsabilidade é também pensar no futuro. Os torcedores têm de ser pacientes e devem confiar em nós.

Quanto tempo eles devem esperar? Por quanto tempo eles ainda terão de tolerar os experimentos?

Não temos mais tempo. O Hamburgo tem sete pontos de vantagem. O tempo para experiências acabou. Não sou o único que sabe disso. O técnico certamente também sabe disso. Agora não é o momento de lamentações ou de buscar justificativas. A partir do próximo jogo contra o Karlsruhe, a temporada recomeça.

É sua última temporada na Alemanha. Você já se ocupou com o idioma inglês?

Não, por quê?

Porque dizem que você vai se mudar para a América, para o FC Dallas.

Assim como outros clubes, o FC Dallas mostrou interesse por mim, mas ainda não tomei uma decisão definitiva se fico na Alemanha.

Mas você não rejeitou a proposta de prorrogar seu contrato com o Bayern de Munique?

Para dirimir mal-entendidos, tenho de esclarecer: em primeiro lugar, ainda não fui contatado pelo clube sobre uma prorrogação. Em segundo lugar, se por acaso me perguntarem sobre o contrato no Bayern a partir de 2009 ou em algum outro clube de futebol, sempre darei a mesma resposta: este não é o momento apropriado para falar sobre isso.

Somente em fevereiro ou março do próximo ano devo começar a pensar sobre meu futuro. No momento, me concentro somente na atual temporada. Em terceiro lugar, tomarei a decisão final junto com minha família. Tanto faz como isso vai terminar, mas minha esposa, meus filhos e eu nos sentimos muito bem em Munique.

A torcida do Bayern de Munique talvez possa ter mais de você na próxima temporada: um Zé Roberto que se aprimora constantemente, apesar da idade.

Hoje em dia, acredito piamente em minhas piadas. Há pouco tempo ainda contei que sou como um bom vinho: com o passar dos anos, fico cada vez melhor. Parece ser realmente assim.

Zé Roberto, 34 anos, é ex-jogador da seleção brasileira. Ele retornou ao Bayern de Munique na temporada 2007/2008 e anunciou que 2008/2009 é sua última temporada no clube da capital bávara.