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Zeitgeist: O valor simbólico da mesquita Al Nuri de Mossul

22 de junho de 2017

A Grande Mesquita era famosa por seu minarete inclinado, símbolo da segunda maior cidade do Iraque. Ele marcou a paisagem local até a destruição pelo grupo extremista "Estado Islâmico".

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A cidade de Mossul em 10 de março de 2017
A cidade de Mossul em 10 de março de 2017, ainda com seu principal símbolo Foto: Getty Images/AFP/A. Al-Rubaye

A mesquita Al Nuri, que foi destruída com explosivos em 21 de junho de 2017, era conhecida também como a Grande Mesquita de Mossul e ficava no coração do centro histórico da cidade. Seu minarete de 45 metros de altura, famoso por sua inclinação, era o principal símbolo de Mossul, uma espécie de Torre de Pisa do Iraque.

O minarete era tão simbólico e peculiar devido ao seu formato, com uma inclinação de cerca de 2 metros e meio, que era conhecido pela população local pelo apelido de Hadba, ou corcunda. Ele foi concluído no século 12 e era a última parte remanescente da mesquita original.

Visível a quilômetros de distância, ele marcou a paisagem da segunda maior cidade do Iraque por mais de oito séculos e batizou inúmeros restaurantes e empresas, além de aparecer nas notas de 10 mil dinares.

Aparentemente, a má qualidade do material de construção, os fortes ventos e o sol intenso eram responsáveis pela inclinação do minarete, que para muitos observadores lembrava a imagem de uma pessoa se inclinando em reverência.

Os moradores da cidade gostavam de inventar histórias em torno do Hadba, incluindo explicações para a inclinação. A mais famosa dizia que o minarete se inclinou em reverência quando o profeta Maomé passou por lá, ignorando o fato de que Maomé morrera séculos antes de a mesquita ser construída.

O nome da mesquita homenageava Nur al-Din Mahmud Zangi, um antigo governante turco de Mossul e Aleppo, que ficou famoso por unificar e mobilizar forças muçulmanas para a jihad contra os cruzados. Ele ordenou a construção da mesquita em 1172, pouco antes de sua morte.

No mundo ocidental, a construção ficou conhecida quando os jihadistas do então "Estado Islâmico no Iraque e no Levante" tomaram a cidade de Mossul, em junho de 2014. No dia 12, eles assassinaram o imã da mesquita, Mohammed al-Mansouri, por ele ter se recusado a se unir a eles.

Também naquele mês, o grupo se renomeou "Estado Islâmico" e proclamou um califado nos territórios ocupados. O anúncio foi feito do púlpito da Grande Mesquita pelo líder do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi, que se declarou califa e exigiu obediência de muçulmanos de todo o mundo.

Há relatos de que, quando jihadistas do "Estado Islâmico" tentaram explodir a mesquita, ainda em 2014, foram impedidos por uma corrente humana formada pelos moradores.

A destruição chocou e irritou muitas pessoas no Iraque. Nas mídias sociais, usuários afirmaram que era como se Paris perdesse a Torre Eiffel ou se a Torre de Pisa tivesse sido explodida.

A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.