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Voluntários do 11 de Setembro lutam por ajuda estatal

Miodrag Soric (av)11 de setembro de 2015

No dia do atentado, eles deram tudo pelos EUA, sendo posteriormente celebrados como heróis. Porém muitos sofrem consequências duradouras da catástrofe, e o subsídio médico que recebem está prestes a ser cortado.

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Foto: DW/M. Soric

O 11 de setembro de 2001 está profundamente gravado na memória de Gary Smiley. Os acontecimentos não o deixam em paz, como um pesadelo que demora a passar. O paramédico estava fazendo horas extras quando o primeiro avião de passageiros se chocou contra a torre norte do World Trade Center, fazendo-a desmoronar horas mais tarde.

Juntamente com colegas, bombeiros, policiais e numerosos voluntários, Smiley salvou quantas pessoas foi possível. "Quando a segunda torre foi atingida, eu me atirei sobre uma mulher para protegê-la. Nós dois sobrevivemos."

Mais tarde, ele voltaria a escapar por um triz da morte. "Quando a torre norte desabou, eu estava a uns 75 metros, e só escapei porque me atirei debaixo de um caminhão." Horas depois, outros voluntários o libertariam.

Efeitos de longo prazo

Naquele dia, Gary Smiley perdeu amigos íntimos e colegas. Ele teve que presenciar os carros de resgate passarem por cima de partes de cadáveres, a fim de resgatar vítimas ainda vivas. Nascido e crescido em Nova York, essas imagens não o abandonaram nunca mais.

USA Jahrestag der Anschläge vom 11. September
Gary Smiley ainda enfrenta consequências médicas de seu heroísmo, 14 anos depois da catástrofeFoto: DW/M. Soric

Meses após a catástrofe, ele retomou o trabalho, repassando sua experiência a outros. "Eu tinha que voltar para o emprego, para poder continuar vivendo", revela. Desde os 19 anos de idade ele atuava como paramédico, a profissão com que sempre sonhara.

Contudo, alguns anos atrás, Smiley não conseguiu mais prosseguir. Aos 48 anos, pediu aposentadoria precoce, e passa grande parte do tempo indo ao médico. Ele conta que tem problemas de equilíbrio, dores de cabeça constantes, problemas renais. Seu sistema imunológico é fraco, ele sofre de diabetes – isso sem falar das pressões psíquicas.

"A coisa toda é um pesadelo, física e psiquicamente", diz.

Assim como milhares de outros voluntários do 11 de Setembro, ele é periodicamente examinado por especialistas. Até o momento, as vultosas contas médicas têm sido pagas pelo Estado. O Congresso americano instituiu um "fundo de compensação" para os sobreviventes, no montante de 2,78 bilhões de dólares.

Ajuda estatal indispensável

Esse programa se encerra no fim de 2015. Para Gary Smiley, isso significa uma catástrofe pessoal. "Meu plano de saúde não vai querer pagar essas contas médicas", antecipa. O mesmo vale para outros sobreviventes, por exemplo, pacientes de câncer, que são confrontados com "contas astronomicamente altas".

"Sem a ajuda do Estado, três quartos dos que ajudaram no 11 de Setembro vão morrer antes da hora", diz o ex-profissional de saúde. São pessoas que estiveram dispostas a dar tudo de si, no dia em que os Estados Unidos foram mais duramente atingidos, em toda a sua história. "Não entendo por que sequer se discute sobre a continuação do auxílio aos sobreviventes", comenta Smiley, visivelmente magoado.

Um detalhe dá esperança ao pai de dois filhos: ele não está sozinho com o próprio destino. Outros sobreviventes igualmente dependem das verbas de assistência. Eles se uniram, organizam coletivas de imprensa, escrevem cartas a senadores e deputados do Congresso.

A iniciativa parece estar trazendo resultados. Agora, deputados de Nova York e Nova Jersey também reivindicam que os subsídios sejam mantidos. A democrata Carolyn Maloney põe o dedo num ponto crucial: "Não basta louvar o heroísmo dos voluntários de salvamento."