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Voluntários alimentam necessitados com doações de supermercados

(mr)19 de maio de 2006

Tafel, projeto que nasceu em Berlim há 13 anos, leva à mesa dos mais necessitados os alimentos que seriam jogados fora nos supermercados alemães. A maioria dos que comparecem são imigrantes.

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Sabine Werth, fundadora da organização Tafel, em BerlimFoto: picture-alliance/dpa

Seis milhões de alemães sofrem de baixa renda e dispõem de menos de 4,50 euros diários para se alimentar. O que pode parecer muito em comparação com países em desenvolvimento é pouco se visto dentro do panorama de luxo e abundância em que vivem os mais afluentes.

Para fazer o contrabalanço entre os mais ricos e os mais pobres na Alemanha, surgiu a Tafel Verein, que recebe doações de alimentos e distribui aos necessitados. Em 1993, a ação aconteceu pela primeira vez em Berlim. Hoje, são mais de 600 em todo o país.

Voluntários põem a mesa em Leverkusen

Brot von der Schweriner Tafel
Tafel distribui pães em SchwerinFoto: AP

Em Leverkusen, 150 voluntários trabalham para que os alimentos que seriam jogados no lixo cheguem à mesa dos que necessitam. De manhã, os trabalhadores da Tafel vão de mercado em mercado, recolhendo doações que serão distribuídas posteriormente.

Antes que eles sejam repassados, os alimentos são controlados, para se ter certeza de que ainda estão em condição de serem consumidos. Alguns já passaram da data de validade, mas ainda estão próprios ao consumo.

"Partimos do princípio de que só ofereceremos aquilo que nós próprios comeríamos", diz Marion Basler, voluntária do projeto, que foi fundado há cinco anos em Leverkusen.

No início, de cinco a dez pessoas nos procuravam. Hoje, o número passa de 1600, segundo Adolf Staffe, coordenador da ação. Um dos motivos para a procura é a taxa de desemprego, que subiu na cidade de 10% para 15%. "Muitos perderam seus empregos e dependem agora da ajuda da Tafel."

"Nós também ajudamos muitos imigrantes. São necessitados de todas as partes. Apesar de que, eu preciso dizer, é uma pena que não venham tantos alemães. Nós não conseguimos nos aproximar tão facilmente deles, porque, eventualmente por orgulho ou qualquer outro motivo, eles não se deixam ajudar. Tomar a iniciativa demanda coragem ou uma situação de muito desespero", conta Staffe.

Nas filas pela manhã, ouvem-se muito mais turco e russo do que alemão.

Em vez de 30 euros, paga-se um

Christel Teetsen é alemã e espera na fila para pegar leite, pão e ovos. Ela considera um contra-senso negar ajuda por orgulho e freqüenta há meio ano a Tafel com alguma regularidade.

"Desde que eu venho aqui, as coisas começaram a melhorar. Eu não me sinto mal socialmente por estar fazendo isso, pelo contrário, eu fico feliz. E agradeço que exista esse tipo de iniciativa", conta Teetsen, que recebe do Estado auxílio social de 345 euros por mês, o que não cobre nem suas despesas mais básicas, segundo ela.

Einkaufswagen mit Lebensmitteln
Carrinho de compras cheio, por um euroFoto: Bilderbox

Na primeira vez que compareceu à Tafel, Christel Teetsen precisou provar que era necessitada e, para isso, levou consigo uma comprovação da Secretaria de Assuntos Sociais. Desde então, ela tem uma espécie de identidade que a permite comprar até duas vezes por semana na Tafel, onde todos recebem senhas e precisam esperar até seus números serem chamados.

O carrinho se enche depressa e por aquilo que Teetsen compraria por no mínimo 30 euros em um mercado normal, ela coloca um euro na caixinha, o valor mínimo obrigatório que a organização exige para cobrir os custos com combustível e com o seguro dos carros que fazem o transporte das mercadorias.

Teetsen empurra o carrinho cheio até a borda e só vai precisar voltar dentro de uma semana. "Eu posso ser pobre, mas de fome não morro", diz ela.