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Volkswagen tem metas ambiciosas na Argentina

Steffen Leidel/cv16 de março de 2005

A subsidiária da Volkswagen na Argentina fica às sombras das grandes filiais da montadora no Brasil e no México. O ex-premiê da Áustria aceitou o desafio de dirigir a empresa e aposta no seu potencial de crescimento.

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Um exemplar do modelo Fox na fábrica de CórdobaFoto: Steffen Leidel

Quando Viktor Klima assumiu a presidência da Volkswagen na Argentina, em outubro de 2000, muita gente pensou que o ex-premiê austríaco iria cair no esquecimento. Buenos Aires, além de ficar a 10 mil quilômetros de Viena, não tem tradição na indústria automobilística, e até mesmo no grupo Volkswagen seu papel é secundário.

Apesar disso, Klima não se queixa; pelo contrário, o político de 57 anos não se vê em posição secundária e também não encontra monotonia em seu cargo de executivo.

Assim que ele assumiu o posto, a Argentina entrou na maior crise econômica da sua história. Ele brinca que, no auge da crise, disse ao então presidente da VW: "Sr. Piech, eu pedi um desafio, mas precisava ser logo nessas dimensões?".

Exportação para superar a crise

Em 2001, quando a Argentina declarou não ter condições de pagar a dívida externa, muitas empresas estrangeiras deixaram o país. A Volkswagen, que na época havia investido 160 milhões de dólares na filial de Córdoba, a 700 quilômetros de Buenos Aires, foi uma exceção.

Nessa filial, onde são produzidas caixas de câmbio para todos os modelos Volkswagen, foram fabricadas 500 mil peças em 2004, com previsão de aumento na produção. A fábrica sobreviveu à crise, já que 95% da produção é destinada à exportação para as fábricas da VW no Brasil, México, África do Sul, Espanha ou Alemanha. No momento, a exportação é o único negócio lucrativo na Argentina.

Para obter esse resultado, porém, a Volkswagen também atravessou dificuldades. Para superar a crise econômica, a empresa teve que optar por uma reestruturação, que incluiu a dispensa de 52% dos trabalhadores "indiretos", como são chamados os funcionários não diretamente ligados à produção, por exemplo, os do setor administrativo e de contabilidade.

Novos investimentos

Victor Klima
Viktor Klima, o presidente da Volkswagen na ArgentinaFoto: Steffen Leidel

No início, Klima precisou acalmar os diretores em Wolfsburg, onde fica a sede da Volkswagen, na Alemanha. "Eles estavam preocupados que pudesse haver quedas na produção, mas nós conseguimos provar o contrário e assim recebemos a permissão para continuar a investir na Argentina." No final de 2005, eles pretendem iniciar a produção de um novo carro na segunda filial do país, em Pacheco, próxima à capital.

Gerador de empregos

Klima conta que nesse meio tempo a crise foi superada e a empresa voltou a contratar pessoal. Com seus 2700 funcionários, a VW é a maior empregadora da Argentina, no setor automobilístico. Ele diz ainda que 2004 foi o melhor ano da história da Volkswagen na Argentina, com uma fatia de 30% no mercado automobilístico do país.

A fábrica de Cordoba é apresentada como modelo exemplar, com uma linha de montagem de última geração, que atende também aos padrões de proteção ao meio ambiente. Além disso, a Volkswagen tem um grande engajamento social, com programas para estagiários e de assistência a crianças de rua.

Contudo, muitos ainda se perguntam por que a VW não se transfere de vez para o Brasil ou México. Klima responde a essa pergunta apontando os aspectos positivos da Argentina. Ele elogia a qualidade do serviço dos empregados, em sua opinião mais alta do que em outros países latino-americanos. Outro aspecto é o baixo custo da energia e da mão-de-obra, este último no valor de 4,5 euros por hora.

A economia da Argentina, de fato, está "andando" novamente. Provas disso são o crescimento econômico de 8% em 2004 e o sucesso na negociação da dívida externa.

Admirador da Argentina

Quem ouve o austríaco falar, sente que ele não encontrou só a realização profissional em Buenos Aires. O empresário é apaixonado pelo agito cultural da capital e as paisagens diversificadas do país. Ele pretende, juntamente com outros empresários europeus, divulgar junto à União Européia as vantagens da Argentina para as empresas estrangeiras.

Se a campanha vai dar certo, ainda não se sabe. Para alguns analistas, a América Latina é a grande perdedora da globalização, sem condições de concorrer a longo prazo com países da Ásia. Mas desafios não são um problema para Klima, que já renovou seu contrato com a Volkswagen até 2010.