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Volkswagen espionou Lula nos anos 80

5 de setembro de 2014

Documentos obtidos pela agência de notícias Reuters com a Comissão Nacional da Verdade mostram que a montadora alemã repassou informações ao regime militar. Volkswagem diz que investigará denúncias.

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Foto: AFP/Getty Images

A Volkswagen espionou sindicalistas brasileiros nos anos 1980, entre eles o futuro presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e passou informações sobre reivindicações salariais e outras discussões internas à ditadura militar, afirma a agência de notícias Reuters, citando documentos da Comissão Nacional da Verdade.

Segundo a agência, os documentos foram recentemente descobertos em arquivos do governo. Vinte páginas de documentos classificados como confidenciais, com informações dos anos de 1983 e 1984, provam que a montadora alemã ajudou o governo militar a reprimir protestos de operários, afirma a agência.

Nos documentos, a Volkswagen fornece extensos relatos sobre mais de uma dúzia de encontros sindicalistas no estado de São Paulo, repassando informações sobre planos de greves e demandas por melhores salários e condições de trabalho. A empresa teria espionado seus próprios trabalhadores.

A Volkswagen também listou os nomes dos trabalhadores que participaram dos encontros e, em ao menos dois casos, anotou as placas e os modelos dos veículos usados por eles. A Volkswagen também reportou a exibição de um filme de teor socialista, o conteúdo de panfletos distribuídos fora das fábricas, bem como o nome de quem os estava distribuindo, e ainda um incidente no qual operários teriam sido pegos fumando maconha.

Segundo Sebastião Neto, membro da Comissão Nacional da Verdade, esse tipo de informação era usado pela polícia para monitorar e prender ativistas sindicais, com o objetivo de desencorajar greves. "Os documentos mostram com uma clareza excepcional como as empresas esperavam que o governo as ajudasse a resolver seus problemas com seus trabalhadores."

Contactada pela Reuters, a Volkswagen afirmou que investiga todos os indícios de que funcionários tenham repassado informações ao governo militar. "A Volkswagen é reconhecida como um modelo por tratar seriamente a sua história corporativa", disse a empresa em um comunicado. "A empresa irá lidar com este assunto da mesma forma", acrescentou.

AS/rtr