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EUA-África

10 de julho de 2009

Obama segue para Gana em sua primeira visita à África, que envolve uma série de expectativas. Terá início uma nova política para o continente ou o presidente irá simplesmente perpetuar a política de seu antecessor?

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Cartaz estampa Obama e o presidente ganense, John Atta MillsFoto: AP

Como nenhum outro país na África, Gana tem tido um desenvolvimento econômico e político notável. Por essa razão, a Casa Branca o escolheu como primeiro destino de viagem do presidente Barack Obama ao continente. Outros motivos para a escolha são de caráter simbólico, aponta o cientista político queniano Machaia Munene.

"Gana é um símbolo em função de seu significado histórico, por ter sido o primeiro país a se tornar independente na África. Tanto Gana quanto seu antigo líder político Nkrumah se tornaram símbolos da independência, não somente na África, como também nos EUA, entre os movimentos de defesa dos direitos civis. Espero muito que Obama faça uso da oportunidade que terá nesta viagem para enviar uma mensagem à África, definindo claramente qual será a política norte-americana para o continente. Isso não aconteceu até agora", observa Munene.

Desenvolvimento econômico e político

Gana simboliza na África um bom desenvolvimento, algo que fracassa em outros países do continente devido ao comportamento das elites nacionais. Além disso, Gana simboliza tudo aquilo que os EUA pretendem apoiar no continente: o desenvolvimento econômico e político, uma conduta transparente em relação aos recursos naturais e responsabilidade política no combate à pobreza, no fomento à educação e ao desenvolvimento.

Desta forma, Gana representa as boas relações de um país africano com os EUA. Ou seja, de maneira geral, é uma pérola escolhida para ser visitada pelo presidente norte-americano, ressalta o cientista político Nicolas van de Walle, da Universidade Cornell, em Ithaka, Nova York.

"A escolha de Gana ressalta como é importante a liderança democrática de um governo, salientando como um desenvolvimento econômico apenas relativamente bom pode surtir muitos efeitos. Essas são as principais razões pelas quais Obama visita o país: Gana é uma democracia estável na África", diz Van de Walle.

Petróleo e política de segurança

Obama in Ghana
Em Gana, camisetas que como rosto de Obama e os dizeres: 'Um líder no qual podemos acreditar, salve nossa nação'Foto: AP

A escolha de Gana como parceiro no continente africano mostra também que Obama pretende atrelar sua política para a África a muito do que foi iniciado na era Bush. O governo anterior havia voltado os olhos para o continente, principalmente devido à sua importância para a política de segurança.

Outro chamariz são os recursos naturais como o petróleo e o interesse norte-americano numa cooperação estreita em questões de política de segurança, a fim de impedir que a África se torne o quintal de grupos terroristas que agem internacionalmente. E são esses interesses que continuarão guiando a política norte-americana para o continente africano.

Para Obama, filho de pai queniano, a África não se tornará, de súbito, uma prioridade da política externa norte-americana. Mesmo sabendo disso, a visita do primeiro presidente norte-americano de origem africana é acompanhada de muita expectativa no continente, salienta Munene.

Relações mais igualitárias

"Esperamos de Obama uma mensagem clara de igualdade de direitos. Esperamos que ele deixe claro que o continente africano e os temas ligados a ele sejam tratados de forma igualitária. Não é uma questão de apoio financeiro ou de bens materiais, mas sim do acesso de políticos e mercadorias norte-americanas à África e vice-versa. São temas como o comércio internacional e o acesso ao mercado norte-americano", explica o cientista político queniano.

O que os africanos esperam de Obama é uma conduta honesta em termos de parceria frente à África. "Nossa principal expectativa é a de que a postura dos americanos se modifique, marcando uma forma mais positiva de ver o continente africano. Esperamos uma mudança na postura que permeia a política norte-americana para longe do 'aqui, a superpotência e lá os africanos dependentes'. Até hoje, a posição dos próprios africanos não foi levada em consideração. Queremos que os EUA respeitem mais seus parceiros de diálogo em nosso continente, isso já seria uma mensagem positiva", diz Munene.

Mudança de conduta

O lema Yes we can ecoou por todos os lados no continente africano durante a campanha eleitoral pela presidência dos EUA. Palavras que podem ser transpostas para a África, na opinião de muitos africanos, por simbolizarem a convicção de que tudo é possível, não importa o quão difíceis sejam as condições.

Isso significa que, aos olhos de muitos africanos, é possível estabelecer uma conduta distinta e mais igualitária em relação à África. A maioria da opinião pública no continente já está convencida de que o primeiro presidente de origem africana dos EUA irá contribuir para uma mudança neste sentido. É esperar para ver se Obama, durante esta primeira visita ao continente, irá deixar isso claro de forma convincente.

Autora: Ute Schaeffer
Revisão: Augusto Valente