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Viúva e advogado acusam Putin por morte de ex-espião

31 de julho de 2015

Após conclusão de inquérito público, ambos afirmam que assassinato de Alexander Litvinenko teve consentimento de Moscou. Ex-agente da KGB morreu envenenado por polônio há nove anos, em Londres.

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Alexander Litvinenko (dir.), em foto data de 1998, quando ainda trabalhava para o serviço secreto russoFoto: picture-alliance/dpa/S. Kaptilkin

A viúva do ex-agente do extinto serviço secreto soviético (KGB) Alexander Litvinenko disse nesta sexta-feira (31/07) que um inquérito público apontou o presidente russo, Vladimir Putin, como sendo o responsável pela morte do marido. O advogado da viúva chamou Putin de "déspota de meia tigela" e o acusou de ter sancionado o assassinato.

O inquérito concluído nesta sexta-feira em Londres exigiu seis meses de pesquisas e audiências judiciais e custou mais de 2,4 milhões de euros. Ao final das investigações, a viúva Marina Litvinenko disse que "qualquer pessoa sensata" concluiria a partir das evidências "que meu marido foi morto por agentes do Estado russo, e que isso não poderia ter acontecido sem o conhecimento e consentimento de Putin".

O Ministério do Exterior da Rússia rebateu questionando a imparcialidade do inquérito público, dizendo que "apesar do nome, ele não é transparente, tanto para a Rússia como para a opinião pública em geral", acusando o Reino Unido de politizar o caso.

Alexander Litvinenko, que fugiu para Londres em 2000 e se tornou um crítico feroz de Putin, morreu em 2006, três semanas após beber um chá misturado com a substância radioativa polônio-210, num hotel na capital britânica. Em seu leito de morte, o ex-agente acusou Putin de ordenar seu assassinato – alegação negada por Moscou.

A polícia britânica acusou Dmitry Kovtun e Andrei Lugovoi – os dois russos com quem Litvinenko se encontrou no dia em que tomou o chá – de executarem o assassinato sob patrocínio do Kremlin. Ambos negam envolvimento, e Moscou se recusa a extraditá-los.

Detetives e cientistas britânicos disseram no inquérito que evidências científicas indicam que ambos são culpados. Traços do altamente radioativo polônio foram encontrados em hotéis, restaurantes e outros locais visitados por Kovtun e Lugovoi em Londres.

O advogado da viúva, Bem Emmerson, disse que o assassinato "não poderia ter acontecido sem a aprovação do presidente Putin". O presidente russo, um "déspota de meia tigela", via Litvinenko como "um inimigo do Estado a ser liquidado", disse o advogado.

O juiz Robert Owen, que comandou o inquérito, deve apresentar um relatório final sobre quem matou Litvinenko e sobre um possível envolvimento do Estado russo até o fim deste ano.

PV/ap/afp