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Vender e apertar os cintos

(ns)14 de novembro de 2002

A Bayer vendeu à Johnson seu setor de inseticidas domésticos, prosseguindo sua restruturação. A estratégia é diminuir o leque de produtos e concentrar-se na produção de substâncias químicas.

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A reestruturação da Bayer vai custar 15 mil empregosFoto: AP

Mais de um ano após o escândalo envolvendo o medicamento Lipobay, a Bayer resolveu fazer uma concessão, na busca de uma parceria para seu setor farmacêutico: admite uma participação majoritária do concorrente, indicou o presidente da empresa, Werner Wenning, na terça-feira (12), ao apresentar o balancete do terceiro trimestre. Contra o gigante químico de Leverkusen foram apresentadas 5.700 queixas-crime em todo o mundo por causa do medicamento contra o colesterol, que teria provocado mortes quando tomado juntamente com outras substâncias. Em 190 casos a Bayer já fez acordo.

Contenção custará 15 mil empregos

Werner Wenning também anunciou drásticas medidas de contenção de gastos e confirmou o já anunciado corte de 15 mil postos de trabalho. Até 2005 pretende poupar 2,2 bilhões de euros, sendo boa parte no setor farmacêutico. A Bayer também diminuirá seus investimentos no ano que vem. Os cortes são de 3 mil empregos este ano e mais 12.000 entre 2003 e 2005, dos quais 5.4000 na Alemanha.

A empresa não conseguiu encontrar um parceiro para a divisão farmacêutica que aceitasse uma participação majoritária da Bayer, o que levou-a mudar de idéia. O setor farmacêutico entrou em dificuldades com o escândalo do Lipobay, também conhecido como Baycol. A empresa retirara do mercado o medicamento para baixar o colesterol quando surgiram as primeiras suspeitas de seu relacionamento a casos de morte. A expectativa, antes disso, era faturar um bilhão de euros por ano com o remédio. Com esse golpe, a Bayer caiu para o 16º lugar na lista dos grandes do setor químico-farmacêutico, não vendo chance de voltar aos primeiros lugares sem a cooperação de um parceiro.

Vendas aliviam balancete

Prosseguindo sua restruturação, a Bayer vendeu seus negócios de inseticidas para uso doméstico, com o Baygon, o repelente Autan e inúmeros produtos que a tornaram mundialmente conhecida. O comprador foi a Johnson americana, que pagou 725 milhões de euros, obtendo o direito de comercializá-los mundialmente.

As substâncias químicas, contudo, continuarão sendo fabricadas pela Bayer, que pretende se concentrar cada vez na química de base para uso industrial. Os recursos serão empregados na amortização das dívidas. A Bayer já vendeu sua participação na Agfa, sua subsidiária de fabricação de aromas Haarman & Reimer e a Rhein-Chemie-Gruppe. Na próxima transação prevista, irá se desfazer de sua participação na joint-venture Polymer Latex.

No terceiro trimestre, a Bayer aumentou seu faturamento em 8% para 7,2 bilhões de euros. O lucro operacional foi de 848 milhões de euros. Após prejuízos no ano passado, a empresa volta a ter um lucro de 656 milhões de euros, o que se deve, em parte, à venda da Haarmann & Reimer. "Apesar de uma situação difícil, fizemos progressos, nossas medidas estruturais começam a dar resultado", avaliou o presidente.

De janeiro a setembro, o Bayer faturou 21,5 bilhões de euros, isto é, 2% a menos do que no mesmo período de 2001. O lucro operacional diminuiu 42,1% para 863 milhões de euros. Nisso pesaram a paralisação da comercialização do Lipobay, a fraca conjuntura, a compra da CropScience e a crise econômica na América do Sul, que afetou principalmente o desempenho do setor de defensivos agrícolas.