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Venda de ouro gera polêmica

rw21 de dezembro de 2004

A venda de parte das reservas de ouro pelo Banco Central alemão gerou nova polêmica sobre o orçamento federal, com trocas de acusações entre o ministro das Finanças, Hans Eichel, e o presidente do BC, Axel Weber.

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Weber e Eichel trocam críticasFoto: AP

O ministro alemão das Finanças, Hans Eichel, havia criticado duramente a decisão anunciada nesta segunda-feira (20) pelo presidente do Bundesbank, Axel Weber, de não esgotar a opção de vender 120 toneladas de ouro das reservas nacionais até setembro de 2005. "O BC terá de esclarecer por que é o único a não cumprir o acordo feito entre 15 bancos centrais, embora o preço do ouro esteja tão alto", reclamou Eichel.

Conforme o acordo, a Alemanha poderia vender até 120 toneladas de ouro até setembro do próximo ano. O Banco Central, entretanto, pretende vender apenas oito toneladas para a cunhagem de moedas. Se vendesse as 120 toneladas possíveis − no valor de um bilhão de euros −, ajudaria o governo a saldar a dívida pública e a evitar que a Alemanha viole o Pacto de Estabilidade do euro pelo quarto ano seguido.

Resposta de Weber − A resposta às críticas do ministro veio em forma de acusações à política financeira do governo federal. "As vendas de ouro não podem substituir uma estratégia de consolidação sustentada da política financeira", disse o presidente do Banco Central alemão, referindo-se ao crescente endividamento público praticado por Eichel.

A troca de farpas deu motivo a críticas de todas as alas políticas do país. O vice-líder da bancada do Partido Liberal no Parlamento, Carl-Ludwig Thiele, por exemplo, lembrou o ministro da necessidade de respeitar a autonomia do BC. Ele salientou que o banco não tem nada a ver com as dívidas feitas pela União e condenou a prática do governo de arrecadar capital com a venda, por exemplo, de participações na Telekom e na Deutsche Post.

Goldreserven der Deutschen Bundesbank
Barras de ouro numeradas no depósito do Banco Central alemãoFoto: dpa

Alto valor simbólico − O presidente da Confederação Alemã da Indústria (BDI), Michael Rogowski, argumentou de forma semelhante, acrescentando que, "se o governo não tirar a mão do ouro, corre o risco de que se volte a dizer que a coalizão social-democrata e verde não sabe lidar com dinheiro".

Diferentemente de seu antecessor, Ernst Welteke, o atual presidente do Bundesbank é contra a venda do ouro para equilibrar o orçamento federal, por respeitar o "alto valor simbólico das reservas de ouro" para a população.

O Banco Central alemão informou que, após a venda prevista, ainda disporá de mais de 3425 toneladas do metal, num valor de 36,8 bilhões de euros.