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Varíola dos macacos no Brasil é "muito preocupante", diz OMS

27 de julho de 2022

De acordo com Ministério da Saúde, país tem 813 casos confirmados da doença. OMS, porém, acredita que número seja maior, devido à subnotificação e falta de testes.

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Pessoa segura celular com foto de uma lesão
Não há tratamento específico, mas os quadros clínicos costumam ser leves, sendo necessários o cuidado e a observação das lesõesFoto: Yuki Iwamura/Getty Images

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou nesta terça-feira (26/07) como "muito preocupante" a situação da varíola dos macacos no Brasil, onde possivelmente há uma subnotificação de casos devido a testes insuficientes.  Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registra 813 casos confirmados da doença, a grande maioria no estado de São Paulo.

"É importante que as autoridades também tomem conhecimento da emergência de saúde pública e de interesse internacional, das recomendações e tomem as medidas adequadas", disse a líder técnica da OMS para a doença, Rosamund Lewis.

Segundo ela, o surto pode ser interrompido com "estratégias certas nos grupos certos". "Mas o tempo está passando e todos precisamos nos unir para que isso aconteça", acrescentou.

No sábado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que a varíola dos macacos configura emergência de saúde pública de interesse internacional.

"Temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo, através de novas formas de transmissão, sobre as quais entendemos muito pouco, e que se encaixa nos critérios do Regulamento Sanitário Internacional", disse Ghebreyesus. 

Ministério 

O Ministério da Saúde destacou, por meio de nota, que a doença é prioridade para a pasta, que faz constante monitoramento e analisa a todo momento a situação epidemiológica para definir orientações e ações de vigilância e resposta à doença no país.

Segundo a pasta, todas as medidas anunciadas pela OMS já são realizadas pelo Brasil desde o início de julho "de forma a realizar uma vigilância oportuna da doença".

Ainda segundo o ministério, "testes para diagnóstico estão disponíveis para toda a população que se enquadre na definição de casos suspeitos para varíola dos macacos".

No sábado, a pasta informou que articula com a OMS a aquisição da vacina contra a doença. Em nota, o Ministério da Saúde disse que as negociações estão sendo feitas de forma global com o fabricante para ampliar o acesso ao imunizante para os países com casos confirmados.

Ao menos 14 estados têm casos

No Brasil, 14 das 27 unidades da federação já apresentam casos de varíola dos macacos: São Paulo (595), Rio de Janeiro (109), Minas Gerais (42), Distrito Federal (13), Paraná (19), Goiás (16), Bahia (3), Ceará (2), Rio Grande do Sul (3), Rio Grande do Norte (2), Espírito Santo (2), Pernambuco (3), Mato Grosso do Sul (1) e Santa Catarina (3).

A varíola causada pelo vírus hMPXV provoca uma doença mais branda do que a varíola smallpox, que foi erradicada na década de 1980. 

Trata-se de uma doença viral rara transmitida pelo contato próximo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. O contato pode ser por abraço, beijo, massagens e, sobretudo, por relações sexuais.

Na semana passada, um estudo publicado  pelo New England Journal of Medicine mostrou que 95% dos casos estudados de varíola dos macacos foram transmitidos através de relações sexuais.

A pesquisa foi liderada por cientistas da Universidade Queen Mary, de Londres, que analisaram 528 infecções confirmadas, em 43 locais de 16 países, entre 27 de abril e 24 de junho de 2022. Segundo o estudo, 98% dos pacientes eram homens gays ou bissexuais, 75% eram brancos e 41% tinham HIV.

Não há tratamento específico, mas os quadros clínicos costumam ser leves, sendo necessários o cuidado e a observação das lesões. 

 A varíola dos macacos foi detectada pela primeira vez na década de 1970, na República Democrática do Congo, na época Zaire. Até abril de 2022, ela raramente era registrada fora de alguns países africanos, onde é endêmica e geralmente transmitida por mordidas de roedores e outros animais pequenos.

le (Agência Brasil, ots)