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Vale do Altmühl é paraíso para passeios a pé e de bicicleta

(er / gh)13 de maio de 2006

Região do rio mais lento da Baviera guarda marcas pré-históricas, abriga o maior parque natural da Alemanha e é um paraíso para quem curte caminhadas e passeios de bicicleta.

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Rio Altmühl esculpiu o vale ao longo de milhares de anosFoto: Bayern Tourismus

Alkumana (rio lento, sagrado) – assim os celtas chamavam há 2500 anos o Altmühl, um rio com extensão de 255 quilômetros, que serpenteia através de uma paisagem idílica, situada entre Munique e Nurembergue. O nome milenar é uma referência à beleza da região e à velocidade da água. Com 70 cm de queda por quilômetro, o Altmühl é o rio mais lento da Baviera. Mas a vida às suas margens tornou-se mais rápida ao longo do tempo.

O Vale do Altmühl (Altmühltal) abriga o maior parque natural da Alemanha, de três mil quilômetros quadrados, criado em 1969 e que tem uma paisagem bastante diversificada, esculpida na era glacial. Colinas suaves, cobertas por florestas mistas, alternam-se com bizarras formações rochosas.

Há cerca de 150 milhões de anos, quebravam ali as ondas de um mar do Período Jurássico, dando à região um clima subtropical, o que é comprovado por fósseis encontrados até hoje e que dão um certo ar místico à região.

No Museu Jurássico de Eichstätt encontra-se o dinossauro carnívoro melhor preservado da Europa, o arqueópterix. Pelas cavernas da região passaram neandertalenses, caçadores da era glacial e mineiros da era do cobre. Seis mil anos antes de Cristo, chegaram os agricultores, mais tarde os celtas fundaram as primeiras cidades e os romanos construíram fortalezas e castelos.

Ancestral dos bávaros

Em 1990, foram descobertos perto de Kipfenberg os restos mortais do que é considerado o ancestral dos atuais bávaros: o esqueleto de um guerreiro germano, envolto em pele de animal, que provavelmente serviu ao exército romano. Até então, supunha-se que a linhagem dos baiovarii teria surgido séculos mais tarde.

Um outro resquício do passado são as casas jurássicas, assim chamadas por serem cobertas com lascas de pedras formadas naquele período pré-histórico. A maioria delas foi construída entre 1700 e 1740, não por uma questão de moda. É que na Guerra dos Trinta Anos os suecos haviam invadido e incendiado as casas em estilo enxaimel e telhado de palha de Eichstätt.

Na reconstrução da cidade, optou-se então pelo material resistente ao fogo, existente em abundância na região. Até os anos 50 e 60 do século passado, morar numa casa jurássica era sinal de pobreza, por isso muitas delas se tornaram ruínas ou cederam lugar a construções modernas.

Rhein-Main-Donau-Kanal im Altmühltal
Canal Reno-Meno-Danúbio aos pés do Castelo Prunn, em RiedenburgFoto: dpa

Uma polêmica obra da engenharia moderna que cruza a região é o canal Reno-Meno-Danúbio, que tornou parte do Altmühl navegável. A primeira tentativa de construí-lo foi de Carlos Magno, há mais de 1200 anos, mas somente o rei Ludwig 1° da Baviera conseguiu em 1836 superar as dificuldades técnicas que barravam a obra. Concluído em 1992, o canal incorporou-se à paisagem e trouxe dinheiro e turistas à região.

800 km de trilhas e ciclovias

A melhor maneira de desfrutar a natureza do Altmühltal são os passeios a pé ou de bicicleta pelos 800 km de ciclovias e trilhas idílicas existentes na região. Por ser praticamente plana, a ciclovia de 116 km que segue o curso do rio é preferida pelas famílias, o que vale também para o trecho ao longo do canal, de Kelheim a Berching. Mas não faltam opções para quem gosta de mountainbike.

Muitos roteiros passam por povoados históricos, como Essing – um dos mais belos cartões-portais do vale. Não se deve deixar de visitar também Berching e Greding, típicas cidades medievais. Ou Beilngries, com suas casas em estilo barroco. Fascinantes são também as fortalezas, algumas das quais construídas sobre paredões rochosos que sobem do vale.

Os rastros dos celtas e romanos encontram-se por toda parte. A fronteira norte do antigo Sacro Império Romano-Germânico, o Limes, cruza o parque do Altmühl. A vida rural romana foi reconstruída fielmente na fazenda Villa Rustica, em Möckenlohe. E verdadeiros tesouros estão expostos no Museu Romano de Weissenburg.

Pelo canal Reno-Meno-Danúbio também é possível passear de barco e visitar o famoso Kloster Weltenburg, que abriga a mais antiga cervejaria de mosteiro do mundo. Nos fins de semana, até 20 mil turistas chegam a saborear um dos oito tipos de cerveja produzidos no mosteiro. E admiram o Donaudurchbruch – o cânion rasgado em rochas brancas pelo Danúbio ao longo de milhares de anos.

Eichstätt Marienbrunnen mit Domtürmen
Eichstätt, ponto de partida e chegada para passeiosFoto: DW

O ponto de partida e chegada da maioria dos passeios pelo Altmühltal é a cidade universitária de Eichstätt, que, segundo alguns guias turísticos, tem a mais bela praça barroca ao norte dos Alpes – a Residenzplatz. Além da Residenz em si – antiga sede de um principado católico – vale uma visita à catedral e, naturalmente, ao Museu Jurássico, na Fortaleza de São Vilibaldo, o cartão-postal da cidade.