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Universidades de elite: também na Alemanha?

Birgit Adolf (em)6 de setembro de 2006

Já começou a corrida para a criação de um ensino superior elitizado, projeto que faz parte da reforma universitária alemã. Em meados de outubro haverá a seleção final das dez universidades finalistas.

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Alunos da Universidade de LeipzigFoto: dpa

Até recentemente, o termo "universidade de elite" tinha uma conotação negativa na Alemanha, um país que se orgulhava em oferecer a todos uma educação igualitária e gratuita. Esse conceito está começando a mudar: a fama do país como importante centro de pesquisa está diminuindo há mais de uma década, devido ao êxodo de muitos professores para universidades estrangeiras em busca de melhores condições de trabalho.

A resposta a tudo isso? A "iniciativa da excelência", um plano para criar um grupo de universidades de elite que receberá um incentivo dos governos federal e estaduais de 1,9 bilhão de euros nos próximos cinco anos.

Harvard alemã?

O objetivo é melhorar a imagem do setor acadêmico alemão e tornar possível a competição com as conhecidas universidades de elite dos Estados Unidos e do Reino Unido, como Harvard e Oxford. Os organizadores do projeto esperam no mínimo trazer uma mudança de paradigma na concepção do ensino superior na Alemanha.

"A idéia por trás do programa é deixar claro que já hoje as universidade alemãs não são iguais" disse Sabine Behrenbeck, do Conselho Científico, uma das organizações responsáveis pelo processo de seleção da "iniciativa de excelência". Ela defendeu o conceito, que é freqüentemente tachado de muito elitista, dizendo: "As diferenças no ensino superior já existem, agora elas devem apenas se tornar visíveis e ser fortalecidas".

Estreitando o campo

Princeton University Führung
Universidade de Princeton, a versão norte americana da chamada 'escola superior de elite'Foto: AP

Dez universidades já conseguiram passar por um processo pré-seletivo. Elas irão agora competir por fundos em três áreas ou pilares. A primeira consiste nas "escolas de graduados" e se baseia no conceito de como a escola promove jovens talentos. A segunda refere-se ao financiamento dos chamados "centros de excelência", que se destacam na pesquisa em determinado campo.

As escolas premiadas com o financiamento nessas áreas serão então elegíveis para uma terceira e mais importante fonte de financiamento – isso se conseguirem apresentar uma visão convincente de excelência educacional para o futuro. Os vencedores desta última fase comporão então as "universidades de elite".

Uma comissão nomeará no dia 13 de outubro as primeiras universidades selecionadas; cada uma poderá esperar receber aproximadamente 21 milhões de euros anuais –embora a quantia varie segundo a escola.

No próximo ano, todo esse processo acontecerá novamente, resultando em uma nova leva de superescolas. A meta é selecionar por volta de dez dessas chamadas escolas superiores de elite.

Aumento de prestígio

A idéia é que as universidades dêem o melhor de si, esclarece Beate Konze-Thomas, da Sociedade Alemã de Pesquisa, que organiza o processo seletivo juntamente com o Conselho Científico. "Isto quer dizer que elas têm que se observar: quais são os pontos fortes, há um diferencial para oferecer, existe uma posição geográfica estratégica – por exemplo, para a pesquisa em biologia marinha, se ficam na costa do Mar do Norte... Isso é o tipo de coisa que ainda não foi levada em conta com a devida intensidade", disse Konze-Thomas.

Além dos financiamentos extras, as escolas que conseguirem passar pela final em outubro poderão contar com uma boa dose de prestígio. "Não é somente o dinheiro. É também o título de excelência que acirra a competição", disse Konze-Thomas.

Entretanto, uma solução de longo prazo é necessária antes que a idéia de universidades de elite realmente se concretize, disse ela. "É como acontece com os gramados ingleses, que foram regados, dia e noite, há cem anos. Nós temos universidades com mais de cem anos.Mas parece que não cuidamos bem delas."