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Uma das meninas de Chibok recusou liberdade, diz Nigéria

9 de maio de 2017

Governo nigeriano afirma que acordo para a maior libertação desde o rapto das 276 garotas previa soltura de 83 meninas, mas uma delas não quis voltar para casa por estar feliz no casamento.

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Presidente Muhammadu Buhari recebeu as outras 82 meninas libertadas
Presidente Muhammadu Buhari recebeu as outras 82 meninas libertadas Foto: Reuters/Presidential Office/B. Omoboriowo

O porta-voz da presidência da Nigéria, Garba Shehu, afirmou nesta terça-feira (09/05) que uma das garotas da cidade nigeriana de Chibok sequestradas em abril de 2014 pelo grupo extremista Boko Haram se recusou a ser libertada no último sábado.

A garota era uma das 83 que os extremistas prometeram soltar em troca da liberdade de alguns integrantes do Boko Haram detidos pelas autoridades. A libertação era parte de um acordo feito entre o governo e o grupo. Com a recusa, somente 82 meninas foram soltas.

De acordo com Shehu, a garota que se recusou a ser libertada está bem, casada e não quis deixar o marido para voltar para a casa. O governo publicou nesta terça-feira o nome das 82 meninas que foram soltas em troca de cinco comandantes do Boko Haram.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que auxiliou na negociação, disse que as meninas reencontrarão suas famílias em breve.

Nesta terça-feira, um grupo de relatores da ONU pediu ao governo nigeriano e à comunidade internacional que assegurem a liberdade de todos os reféns sequestrados pelo Boko Haram e garantam as 82 meninas soltas recentemente o apoio necessário para sua reintegração na sociedade.

"O governo da Nigéria e outros devem assegurar que os serviços que estas meninas necessitam, entre eles assistência psicossocial, de saúde, informação sobre o sustento de suas vidas e o acesso a indenizações, estejam disponíveis", afirmaram os especialistas da ONU.

De acordo com a campanha Bring Back Our Girls, criada para pedir a libertação das meninas sequestradas pelo Boko Haram, 113 garotas ainda estão nas mãos dos terroristas. A libertação mais recente foi a maior já realizada desde o rapto que ocorreu há três anos.

O rapto

No dia 14 de abril de 2014, uma dezena de caminhonetes com 50 terroristas armados entrou na localidade de Chibok, no nordeste do país, ateando fogo a prédios públicos e moradias. Após semear o caos, se dirigiram à escola e capturaram 276 meninas.

Nos dias seguintes ao rapto, 57 meninas conseguiram escapar e alertaram que as reféns mais jovens sofriam até 15 estupros por dia. Os sequestradores também estavam obrigando que elas se convertessem ao islamismo.

Os membros do Boko Haram ameaçavam ainda degolar as meninas se elas se negassem a obedecer as ordens dadas e outras, ainda virgens, foram vendidas por menos de 10 euros ou se tornaram esposas de líderes do grupo terrorista.

Em outubro do ano passado, 21 delas foram libertadas. Depois, em janeiro deste ano, uma outra, grávida, deixou o cativeiro. As meninas de Chibok tornaram-se um símbolo de dezenas de milhares de pessoas ainda retidas pelo Boko Haram, que usa os raptos em massa para recrutar extremistas.

O Boko Haram adquiriu notoriedade internacional ao estabelecer um califado islâmico no norte da Nigéria. Depois, o grupo declarou lealdade ao Estado Islâmico.

CN/ap/lusa