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Um ano sem o marco alemão

Assis Mendonça28 de fevereiro de 2003

Há exatamente um ano, os alemães despediram-se definitivamente da idolatrada moeda do pós-guerra – o marco alemão. O dia 28 de fevereiro de 2002 foi a última data de circulação oficial das antigas notas e moedas.

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Cuidado! Mesmo fora de circulação, o marco alemão mantém o seu valorFoto: AP

Somente durante as viagens a outros países europeus é que os alemães são unânimes em admitir as vantagens do euro: não há necessidade de fazer câmbio de moeda, nem contas complicadas para calcular preços de produtos ou serviços. Fora disto, permanece uma desconfiança quase inabalável no poder de compra da nova moeda, independente da sua paridade com o dólar americano nos últimos meses.

Os meses que precederam a introdução da nova moeda européia foram marcados por uma lamentação persistente dos consumidores alemães, que se recusavam a abrir mão do seu adorado marco. Isto mudou da noite para o dia, no momento em que as notas e moedas do euro passaram a circular.

A hora da "euroforia"

Os 53 milhões de kits de lançamento do novo meio de pagamento, ao preço de 20 marcos, esgotaram-se nos bancos no prazo de apenas dois dias – apesar de o marco alemão continuar sendo meio circulante oficial nos primeiros dois meses da introdução da nova moeda. O fenômeno recebeu da imprensa o apelido irônico de "euroforia".

A fase de transição – com a circulação simultânea de duas moedas – transcorreu sem maiores incidentes, apesar de todos os temores manifestados anteriormente pelo comércio varejista. A partir de 1º de março de 2002, o marco alemão deixou então de ser meio circulante oficial, depois de uma história de quase 54 anos, caracterizada por um êxito constante. Mas a velha moeda não perdeu o seu valor, nem a sua presença diária entre os alemães.

Conversão mental

Um ano depois do seu desaparecimento das carteiras e porta-níqueis, o marco alemão continua presente na mente da maioria da população. Nas compras, cerca de 80% dos alemães ainda fazem muitas vezes a conversão mental dos preços para o marco alemão, a fim de obter uma noção exata do valor da despesa. E 38% lançam mão de tal artifício em todas as transações que envolvem dinheiro, por menores que sejam, segundo uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos, de Hamburgo. O marco alemão continua sendo um importante instrumento de medição do valor monetário de produtos e serviços.

Apesar disto, quase ninguém reivindica hoje o fim do euro e o retorno do marco alemão. A nova moeda não é amada, mas foi aceita pela população. As antigas cédulas do marco já foram queimadas ou destruídas de maneira irrecuperável, na sua maior parte. E as moedas são fundidas e o metal, reciclado. Tal destruição foi e continua sendo feita sob enorme controle das autoridades, pois o marco alemão não perdeu, nem perderá no futuro o seu valor monetário.

Quem encontrar cédulas ou moedas de marco alemão escondidas "debaixo do colchão" de alguma tia velha que não confiava em bancos, poderá trocá-las em euro nas agências do Banco Central alemão mesmo que tenham passado vinte ou trinta anos desde a introdução do euro. E a cotação será sempre a mesma: 1,95583 marco alemão por euro.