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Ultradireitista AfD perde apoio após atentado em sinagoga

Elizabeth Schumacher
12 de outubro de 2019

Ataque em Halle, que deixou dois mortos, já afetou os índices de aprovação de sigla associada a posições xenófobas e antissemitas. Em meio a acusações de políticos, AfD se distancia do ato terrorista e contra-ataca.

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Cartaz cortado pela metade do partido AFD
Em enquete, não eleitores da AfD confirmam seu papel na radicalização da sociedadeFoto: picture-alliance/blickwinkel/McPHOTO/C. Ohde

O mortal atentado antissemita da última quinta-feira (09/10), na cidade de Halle, no Leste alemão, comprometeu os índices de aprovação do partido populista direita Alternativa para a Alemanha (AfD), mostrou uma sondagem das emissoras alemãs RTL e N-TV.

O apoio à legenda caiu dois pontos percentuais em dois dias, de 13% na quarta-feira, antes das notícias do ataque à sinagoga, para 11% na sexta-feira. Talvez mais surpreendente do que a perda de apoio popular, porém, foi o fato de 90% dos consultados que não votam na AfD terem concordado com a formulação: "Como resultado de suas posições e escolha de palavras, a AfD prepara o caminho para atos de violência de extrema direita."

Além disso, 76% dos não eleitores da sigla ultranacionalista se disseram preocupados que ideologias ultradireitistas e xenofobia estejam se tornando perigosamente aceitáveis na sociedade.

"Incendiarismo intelectual"

Membros da liderança da AfD têm estado associados a declarações e incidentes antissemíticos. O partido abertamente anti-imigração e anti-islâmico foi alvo de severas críticas tanto antes quanto depois do tiroteio em que um extremista de direita matou duas pessoas e feriu outras duas na casa de prece israelita.

Pouco antes da tragédia, o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, acusara a AfD de incitar ódio, atribuindo a seus políticos a tentativa de cometer "incendiarismo intelectual" no discurso público. Após o atentado, deputados de todas as facções depositaram parte da culpa na AfD, afirmando que sua retórica tornara posições ultradireitistas mais socialmente aceitáveis na Alemanha, promovendo, assim, a radicalização de mais cidadãos.

Michael Roth, candidato à liderança do Partido Social-Democrata (SPD), declarou neste sábado ao jornal Die Welt que "o braço político do terrorismo de direita se encontra no Parlamento alemão, e ele se chama AfD".

A sigla, por sua vez, acusa os demais grupos políticos de instrumentalizarem o ocorrido em Halle para ganhar pontos contra ela. Num comunicado à imprensa, a líder Alice Weidel afirmou que a AfD "condena o ataque e se coloca do lado dos concidadãos judaicos".

"Rejeitamos as tentativas de instrumentalização de [...] políticos que querem acusar a AfD de 'cumplicidade' no ato de terrorismo de Halle. Todo aquele que abuse deste horrendo crime para caluniar a concorrência política com difamação sem base, está dividindo a sociedade e enfraquecendo a fundação democrática que nos sustenta", contra-atacou Weidel.