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Dilema europeu

Christoph Hasselbach (as)23 de janeiro de 2009

O recente conflito na Faixa de Gaza evidenciou mais uma vez a contraditória situação da União Europeia no Oriente Médio: a principal doadora de recursos possui pouca força política.

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Palestinos caminham entre prédios destruídos pela ação israelense em GazaFoto: AP

A União Europeia (UE) enfrenta um dilema: ela é a principal doadora de recursos para os palestinos, mas do ponto de vista político praticamente não possui influência na região. Assim, a UE vê repetir-se sempre a mesma situação: os israelenses, com armas americanas, destroem prédios palestinos, cuja construção foi paga pelos europeus.

"Confesso que é um pouco frustrante reconstruir sempre os mesmos prédios, que já foram destruídos várias vezes. Mas, como cidadãos de uma das regiões mais ricas do mundo, não podemos dizer não quando um vizinho passa por reais necessidades, e as pessoas mais pobres na Faixa de Gaza estão realmente em necessidade", afirma o ministro tcheco das Relações Exteriores, Karel Schwarzenberg. A República Tcheca ocupa a presidência rotativa da UE.

Ajuda árabe

No ano passado, a União Europeia liberou mais de 70 milhões de euros em ajuda humanitária para os territórios palestinos, a metade para a Faixa de Gaza. Não seria o caso de os países árabes ajudarem, principalmente aqueles que sabidamente são ricos? De fato, representantes desses países se reuniram há alguns dias no Kuweit, mas na declaração final do encontro não foram assumidos compromissos claros.

"É verdade que os países árabes enfrentam problemas internos e diferenças de opinião. Mas acredito que uma política comum surgiu ao final do encontro no Kuweit. Fico satisfeito em saber que foram dadas garantias de ajuda financeira aos palestinos. Espero muito que não sejam apenas palavras", diz o chefe da diplomacia europeia, Javier Solana.

Israel e EUA

A mesma questão se levanta para Israel e os Estados Unidos. Afora a pergunta sobre quem é o culpado pelos conflitos – que sempre produz as mais variadas respostas – cresce a pressão para que esses dois países também contribuam na reconstrução.

"No que se refere à reconstrução da infraestrutura em Gaza, tenho certeza de que os Estados Unidos também ajudarão, talvez – isso eu não sei – também Israel. Mas a maior parte ficará com os países árabes e com a União Europeia", prevê Schwarzenberg.

Divisão dos palestinos

O maior problema para os doadores chama-se Hamas. Os Estados Unidos e a União Europeia, bem como Israel, o vêem como uma organização terrorista. Mas como o Hamas domina a Faixa de Gaza, ninguém que pretenda ajudar pode ignorá-lo.

"Estamos prontos a ajudar sob quaisquer circunstâncias. E também já o fizemos. Além disso, desejamos muito uma situação entre os palestinos que facilite o processo de ajuda e reconstrução", avalia Solana.

Para ele, trata-se menos de problemas ideológicos e mais da questão prática que surge da divisão dos palestinos. Acima de tudo e apesar de o Hamas estar na lista de organizações consideradas terroristas pela UE, os europeus põem em primeiro plano a melhora das condições de vida dos palestinos.