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UE-Mundo Árabe

21 de fevereiro de 2011

Ministros do Exterior da União Europeia condenam violência empregada contra manifestantes, mas se abstêm de aprovar sanções. Diplomatas líbios e ministro da Justiça se afastam de Kadafi, elevando pressão sobre o ditador.

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Prostesto em Benghazi, segunda maior cidade da LíbiaFoto: dapd

Líderes europeus condenaram nesta segunda-feira (21/02) a violência empregada pelas forças de segurança na Líbia, mas se abstiveram de defender a renúncia do ditador Muammar Kadafi ou mesmo o emprego de sanções contra autoridades libanesa.

A encarregada de política externa da União Europeia (UE), Catherine Ashton, conclamou as autoridades líbias a cessar o uso de violência contra os manifestantes no país.

Ashton defendeu também a liberação das linhas de telefonia celular e acesso à internet, bloqueadas pelo governo. Segundo ela, a UE está "extremamente preocupada" com os acontecimentos na Líbia, inclusive com a morte de muitos manifestantes no país.

Reunidos em Bruxelas, os ministros do Exterior da EU também condenaram a repressão dos manifestantes na Líobnia e exigiram o fim imediato do uso da violência. "Condenamos as repressões contra os manifestantes e lamentamos a violência e a morte de civis", afirmaram os ministros em documento.

Ashton lembrou ainda que o direito à liberdade de opinião deve ser respeitado e protegido. A representante da diplomacia europeia acusou ainda o governo líbio de cercear o trabalho de jornalistas que tentam relatar os acontecimentos no país.

Resistência italiana

As autoridades da União Europeia parecem estar sendo atropeladas pelos distúrbios no norte da África. Depois da Tunísia e do Egito, a Líbia ocupa no momento o foco da atenção internacional. Embora o bloco condene com veemência a violência aplicada pelo governo líbio, falta uma postura coesa no que diz respeito à aplicação de sanções contra Trípoli – uma sugestão que esbarra sobretudo na resistência da Itália.

Libyen Unruhen Flagge
Cidadãos de Benghazi, que estaria em poder dos rebeldesFoto: AP

Considerado um parceiro comercial importante, Kadafi já foi recebido em Bruxelas com todas as pompas. O polêmico governante líbio desempenha também um papel importante na contenção dos fluxos de refugiados do norte da África rumo à Europa. Os temores da Itália neste sentido são também divididos por Malta e Chipre.

Já europeus do norte, como o ministro finlandês do Exterior, Alexander Stubb, defendem medidas mais veementes. "Como podemos, por um lado, acompanhar os acontecimentos na Líbia, com mais de 300 mortos, e não falar de proibição de entrada na Europa e sanções contra Kadafi e, ao mesmo tempo, impor sanções contra Belarus?", perguntou.

A presidência húngara da UE quer organizar a saída dos cidadãos europeus que ainda se encontram na Líbia. "Isso não funcionou bem no Egito", descreve um diplomata. O ministério alemão do Exterior, Guido Westerwelle, decretou estado de alerta para todos os cidadãos do país que estiverem na Líbia.

A premiê alemã, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, também condenaram o emprego da violência contra os manifestantes com veemência.

Rebeldes obtêm apoio

A pressão sobre Kadafi aumenta a cada dia. Segundo a Federação Internacional de Direitos Humanos, nove cidades do leste do país – incluindo Benghazi, segunda maior cidade líbia e foco inicial dos protestos – estão em poder dos rebeldes. Diversos líderes religiosos do país declararam apoio aos manifestantes.

Diversos diplomatas e autoridades do governo líbio, incluindo o ministro da Justiça, renunciaram aos cargos. Representantes da Líbia nas Nações Unidas pediram a renúncia do ditador, afirmando que ele declarou guerra ao próprio povo e está cometendo um genocídio.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exigiu o imediato fim da violência e pediu respeito aos direitos fundamentais num telefonema com Kadafi, segundo um porta-voz das Nações Unidas.

Há relatos conflitantes sobre o número de mortos nos confrontos que ocorrem no país. Algumas estimativas falam em mais de 400 mortos nos últimos cinco dias. A organização humanitária Human Rigths Watch contabilizou mais de 230 mortos.

SV/dpa/dapd/rtr/afp/lusa
Revisão: Alexandre Schossler