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UE busca saída para impasse sobre recuperação econômica

20 de julho de 2020

Líderes entram no quarto dia de tensas negociações sobre fundo de ajuda pós-pandemia e orçamento do bloco. "Esforços enormes serão necessários para fazer a Europa forte novamente", diz ministro alemão.

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Angela Merkel, Emmanuel Macron, Sanna Marin e Stefan Lofven durante a cúpula em Bruxelas
Angela Merkel, Emmanuel Macron, Sanna Marin e Stefan Lofven durante a cúpula em BruxelasFoto: picture-alliance/dpa/AP/Reuters Pool/F. Lenoir

Os 27 chefes de Estado e de governo da União Europeia (EU) entram nesta segunda-feira (20/07) no quarto dia de reunião em Bruxelas em busca de um acordo sobre um controverso plano de recuperação multibilionário pós-pandemia.

Descritas como difíceis, as negociações se aproximam da duração da cúpula mais longa da história do bloco, no ano 2000, que durou quatro dias e uma noite. Inicialmente planejado para sábado e domingo, o encontro se estendeu pela noite de domingo e deve ser retomado na tarde desta segunda.

Os líderes dos 27 países-membros da UE deliberam tanto sobre o fundo de ajuda para após a crise do coronavírus, no valor de 750 bilhões de euros, como sobre o orçamento de longo prazo da UE até 2027, que totaliza cerca de 1,1 trilhão de euros. Trata-se do primeiro encontro dos líderes europeus cara a cara desde o início da pandemia, em março.

"Nunca vi posições tão diametralmente opostas", afirmou neste domingo o primeiro-ministro Luxemburgo, Xavier Bettel, sobre seus sete anos de experiência em reuniões da EU.

"As negociações são difíceis, talvez umas das mais difíceis em que já estive envolvido, mas o espírito de compromisso ainda não desapareceu", tuitou o primeiro-ministro da Letônia, Krišjānis Kariņš.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, alertou no domingo que os líderes do bloco poderiam não chegar a um acordo. "Há disposição, mas também muita opinião diferente", disse.

De acordo com uma proposta inicial para o fundo de ajuda, 500 bilhões de euros corresponderiam a subsídios não reembolsáveis para os países particularmente afetados pelo novo coronavírus, e os 250 bilhões de euros restantes, a empréstimos. O "presente" de 500 bilhões de euros é uma ideia que Merkel desenvolveu junto com o presidente francês, Emmanuel Macron, em maio.

Os "cinco frugais"

Enquanto Alemanha e França pressionam pelo pacote ambicioso de ajuda, Holanda, Áustria, Dinamarca, Suécia e Finlândia, chamados de os "cinco frugais”, defendem que as parcelas de subsídios sejam menores e as de empréstimos, maiores.

Os "cinco frugais" exigem que quaisquer empréstimos ou doações só sejam pagos mediante condições rigorosas, cujo cumprimento deve ser "absolutamente garantido", por exemplo, através de resoluções unânimes.

Prováveis receptores, como Itália, Espanha, Grécia e Hungria, rejeitam essa visão. O primeiro- ministro húngaro, Viktor Orbán, chegou a perguntar por que seu homólogo holandês, Mark Rutte, sentia tanto "ódio” em relação a ele.

"Não estamos aqui porque participaremos das festas de aniversário uns dos outros no futuro Estamos aqui porque fazemos negócios para os nossos próprios países", rebateu Rutte.

As tensões aumentaram na noite de sábado, quando Merkel e Macron se levantaram e saíram de uma reunião. A aliança franco-alemã é vista como vital para qualquer grande acordo dentro do bloco de 27 países.

Nas primeiras horas desta segunda-feira, Macron perdeu a paciência com os bloqueios por parte da Holanda, Suécia, Dinamarca Áustria e Finlândia. O presidente francês bateu com o punho na mesa, disseram diplomatas à agência de notícias Reuters

Mais cedo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, pediu que os 27 líderes alcançassem uma "missão impossível", lembrando que mais de 600 mil pessoas já morreram no mundo em decorrência da covid-19 e reforçando que a EU deve permanecer unida.

"Serão os 27 líderes da UE capazes de construir unidade e confiança europeias ou, devido a uma profunda divisão, nos apresentaremos como uma Europa fraca, minada pela desconfiança?", perguntou Michel ao final das negociações de domingo, texto do discurso obtido pela agência de notícias Associated Press.

Segundo a agência Reuters, na manhã desta segunda-feira, emergiram sinais de um possível compromisso. Segundo diplomatas, dos 750 bilhões de euros do pacote de recuperação, 390 bilhões poderiam ser considerados subsídios não reembolsáveis – o que representaria um meio termo entre os 350 bilhões defendidos pelos "cinco frugais" e os ao menos 400 bilhões exigidos por França e Alemanha.

O chanceler federal da Áustria, Sebastian Kurz, disse nesta segunda-feira à rádio ORF estar satisfeito com as negociações. "Foi definitivamente a melhor decisão a de formar o grupo dos frugais. São pequenos países que sozinhos não teriam peso algum."

Questões relacionadas a vincular os pagamentos a reformas econômicas e democráticas, no entanto, parecem seguir sem solução. "Ainda não chegamos lá, as coisas ainda podem desmoronar. Mas parece um pouco mais esperançoso do que nos momentos na noite passada em que pensei ser o fim [das negociações]”, disse Rutte.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, advertiu contra um acordo rápido a qualquer custo. "Idealmente, o acordo dos líderes deveria ser ambicioso em termos de tamanho e composição do pacote, mesmo que seja necessário um pouco mais de tempo", disse à Reuters.

"Um acordo é possível. Um acordo é uma necessidade", disse o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, nesta segunda.

O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, disse que a continuação das negociações nesta segunda é importante, mas mostram que "esforços enormes serão necessários para fazer a Europa forte novamente".

LPF/rtr/ap/dpa/dw

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