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UE: apoio contido a ataques aéreos na Síria

16 de abril de 2018

Ministros do Exterior expressam apoio a ações que evitem uso de armas químicas e afirmam que Assad é responsável pelo recente ataque em Duma. Comunicado final, porém, falha na adoção de termos fortes.

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Os ministros da Alemanha, Heiko Maas, da França, Yves Le Drian, e do Reino Unido, Boris Johnson, em Luxemburgo
Os ministros da Alemanha, Heiko Maas (e), da França, Yves Le Drian (c), e do Reino Unido, Boris JohnsonFoto: Getty Images/AFP/E. Dunand

Os ministros do Exterior da União Europeia (UE) expressaram nesta segunda-feira (16/04) apoio aos ataques aéreos realizados na Síria por Estados Unidos, Reino Unido e França no sábado, mas a formulação utilizada no comunicado divulgado após a reunião em Luxemburgo foi contida.

A ação, ordenada pelos três países com o objetivo de destruir instalações suspeitas de desenvolverem e estocarem arsenal químico, veio em resposta a um suposto ataque do regime e seus aliados na cidade de Duma, próxima a Damasco, que matou ao menos 40 pessoas.

Os representantes dos 28 países da UE disseram que condenam "com veemência o uso contínuo e seguido de armas químicas pelo regime da Síria, incluindo o mais recente ataque em Duma", e que apoiam "todos os esforços" para evitar o uso de armas químicas.

"O conselho [dos ministros] entende que os ataques aéreos dos EUA, França e Reino Unido às instalações de armas químicas na Síria foram medidas específicas [...] com o objetivo único de evitar a futura utilização de armas e substâncias químicas pelo regime sírio para matar sua própria população", afirma a nota.

Os 28 ministros também condenaram a ofensiva militar, apoiada pela Rússia, que o governo do presidente Bashar al-Assad realiza contra grupos rebeldes na Síria e pediram um cessar-fogo imediato para permitir o acesso de ajuda humanitária.

A formulação contida do comunicado contrasta com a utilizada por alguns países-membros em seus próprios comunicados, por exemplo a Alemanha. "Apoiamos que nossos aliados americanos, britânicos e franceses, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, tenham assumido sua responsabilidade dessa forma", afirmara o governo alemão, para quem a operação "era necessária e foi apropriada".

Um "basta" às armas químicas

O ministro britânico do Exterior, Boris Johnson, disse que o ataque não tinha como objetivo "mudar a maré na guerra da Síria, provocar a mudança de regime ou remover Assad ", mas que ocorreu por que o "mundo está dando um basta ao uso de armas químicas".

Os ministros avaliaram meios de renovar a pressão para que a Rússia, que, ao lado do Irã, é a maior aliada do regime sírio, consiga fazer com que Assad volte à mesa de negociações para discutir o futuro de seu país. "Temos que admitir, gostemos ou não, que sem a Rússia não estaremos aptos a resolver esse conflito", afirmou o ministro alemão do Exterior, Heiko Maas.

Os Estados Unidos anunciaram que deverão impôr novas sanções à Rússia após o ataque em Duma. As medidas terão como alvo empresas que forneceram à Síria equipamentos associados à produção de armas químicas.

A UE, porém, não deve adotar medida semelhante. Alguns de seus membros demonstram receio em provocar uma resposta dura. A Rússia é o principal fornecedor de gás natural aos países membros da UE. Os ministros, porém, avaliam novas ações para aprofundar o isolamento de Assad. "A UE continuará a considerar futuras medidas restritivas contra a Síria, enquanto continuar a repressão [por parte do regime]", diz o comunicado.

UE busca solução política

A Rússia, por sua vez, visa se aproveitar das fissuras expostas entre os membros da UE após o caso do envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha com um agente químico na Inglaterra.

No mês passado, os 28 Estados-membros da UE assinaram, após forte insistência do Reino Unido, França e Alemanha, uma declaração culpando a Rússia pelo caso Skripal, o que Moscou nega.

Em seguida, 18 países do bloco europeu seguiram o exemplo britânico e expulsaram diplomatas russos de seus territórios. Outros seis adotaram medidas menos rígidas, como convocar seus embaixadores, e três decidiram não agir.

No comunicado, os ministros afirmam que "o momento da situação atual deve ser utilizado para revigorar o processo de busca por uma solução política para o conflito sírio".

A UE insiste que "não deve haver uma solução militar" para a guerra na Síria, que já matou mais de 350 mil pessoas, e insiste nas conversações de paz em Genebra sob a tutela das Nações Unidas.

Na próxima semana a UE realizará uma conferência em Bruxelas para discutir o futuro da Síria, com o objetivo de angariar apoio financeiro para a ajuda humanitária no país e dar novo impulso ao enfraquecido processo de paz liderado pela ONU. 

RC/afp/rtr/dpa

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