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Turista terá hospedagens alternativas para driblar preços altos na Copa

Ericka de Sá, de Brasília17 de janeiro de 2014

Governo diz que não vai tolerar preços abusivos na rede hoteleira, mas quem não quiser esperar para ver pode optar por alugar quartos em residências. No Rio e em Brasília, já há serviços especializados em "cama e café".

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Foto: picture alliance / KUNZ / Augenklick

O fotógrafo argentino Fede Marinic, de 33 anos, só vai comprar os ingressos da Copa do Mundo do Brasil na próxima fase de vendas, mas já sabe que vai querer assistir aos jogos em Fortaleza, cidade que vai receber, entre outras, as seleções brasileira e alemã. Turista frequente na capital cearense, Fede já tem hospedagem certa: vai ficar na casa de amigos.

Mas nem todos os turistas têm amigos brasileiros dispostos a recebê-los em casa durante o Mundial de 2014. Aqueles que tiverem que pagar pela hospedagem terão que pesquisar muito para encontrar bons preços na rede hoteleira, setor que o governo promete monitorar para evitar abusos.

Segundo o Secretário Nacional de Políticas de Turismo, Vinícius Lummertz, desde a Copa das Confederações o poder público "busca um entendimento" com os hotéis. "O abuso econômico é uma prática que o governo não vai tolerar. Vamos utilizar todos os mecanismos para evitar que isso aconteça", afirmou o secretário à DW Brasil.

Ele diz que o Brasil "ainda não é um país totalmente maduro" em termos de oferta hoteleira e cita os 400 novos hotéis que estão sendo erguidos como um indício de que esse mercado está "em franco crescimento, independentemente dos eventos".

Cama e café da manhã

Uma outra opção são albergues, serviços de cama e café (bed and breakfast), aluguéis de temporada e até mesmo motéis. E são justamente essas acomodações mais em conta que têm ganhado força nas cidades que vão receber jogos durante o Mundial. Segundo dados do Ministério do Turismo, no ano passado 44,2% dos turistas estrangeiros escolheram esse tipo de hospedagem, responsável pelo acréscimo de quase 60 mil leitos nas cidades que receberão jogos da Copa.

Alternative Unterkunft in Brasilien
Um dos quartos oferecidos aos turistas pela professora Maria Eleusa Montenegro, em BrasíliaFoto: DW/Divulgação

É uma ajuda, ainda que seja pequena perto da demanda esperada pelo próprio governo. A estimativa é que, durante os 30 dias da Copa de 2014, o país receba cerca de 600 mil turistas estrangeiros. Três milhões de brasileiros também deverão viajar dentro do Brasil. Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília devem ser as três cidades mais procuradas por estrangeiros. E nesses destinos já é possível escolher entre centenas de opções de hospedagem alternativa.

Em funcionamento desde 2003, o Cama e Café oferece hospedagem em residências privadas no Rio de Janeiro e é uma das alternativas aos hotéis apresentada pela organização da Copa do Mundo no site www.hospitalidade.turismo.gov.br. "Temos mais ou menos 200 opções no Rio. Até o Carnaval, esse número deve dobrar. Ainda temos muitas casas em processo de cadastramento", diz Carlos Magno, um dos administradores do serviço.

Em São Paulo, segundo dados do Ministério do Turismo, há mais de 11 mil leitos alternativos disponíveis – incluindo albergues, motéis, aluguel de temporada e pensões. Em sites como Alugue Temporada e Trip Advisor é possível encontrar imóveis que acomodem grupos por preços acessíveis. Outra opção é a rede Hostelling International, que administra seis albergues na capital paulista.

Na capital brasileira, uma iniciativa envolvendo a secretaria de turismo local, o Sebrae e organizações do setor comercial criou o Cama e Café Brasília. O modelo é inspirado na experiência carioca e já tem 330 residências inscritas e cerca de 150 aprovadas para receber turistas.

Os organizadores do serviço garantem que o preço também é uma preocupação. "São várias experiências que a gente foi somando para ver qual era o parâmetro de valores e nossa sugestão é que a média da diária fique entre 80 e 250 reais", diz Newton Garcia, um dos responsáveis pela organização do serviço em Brasília.

Qualidade monitorada

Quanto mais serviços e comodidades oferecer a casa (como área de lazer, quartos maiores, etc), maior o valor da diária. Para ter as residências aprovadas, os proprietários seguem padrões obrigatórios divulgados numa cartilha – como climatização adequada, mesa e cadeira no quarto e sabonete e toalha no banheiro – e são avaliados por monitores que fazem vistorias.

Em Brasília, a vistoria fica por conta do Sebrae, que também já montou um calendário de treinamento para ajudar os novos anfitriões a receberem bem os hóspedes. "Muitos proprietários já têm noção de como proceder porque são pessoas que viajam muito e já se hospedaram em outros cama e café. Outros não, ainda estão começando e acharam uma oportunidade para empreender", conta a coordenadora do programa Sebrae 2014, Jackeyline Mapurunga.

A professora Maria Eleusa Montenegro é uma dessas pessoas que já têm experiência em receber gente em casa. Com dois quartos vazios, ela conta que, durante a Copa das Confederações, hospedou – por conta própria – turistas em casa e, agora, como participante do programa, pretende receber mais gente. "Resolvi entrar como uma forma de participar da Copa como forma de entrar em contato com pessoas de outros países e de ganhar dinheiro extra", diz a brasiliense.

Essa vontade de conhecer pessoas de outros lugares é o que também motivou o casal Janayde Gonçalves, de 29 anos, e Adail Sampaio, de 37, a oferecerem três leitos em dois quartos do apartamento deles, que fica numa área central de Fortaleza. "Adoramos receber pessoas, já fizemos isso com outros grupos que vieram para eventos em Fortaleza e foi muito bom", disse Janayde, que tem vontade de montar uma pousada no futuro.