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Tudo flui

Ingun Arnold /sm7 de junho de 2003

A residência de Henry van de Velde em Weimar foi recentemente restaurada. A DW-WORLD segue as pistas de um dos mais importantes arquitetos da Art Nouveau na cidade turíngia.

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Casa “Hohe Pappeln” – recentemente restauradaFoto: Kunstsammlungen zu Weimar

Weimar, Belvederer Allee – em linha reta, a aléia conduz para fora da cidade. Por trás de cercas vivas cuidadosamente aparadas vêem-se casarões antigos. Ali, atrás do portão recém-pintado, finalmente aparece a proa de um navio de pedra, sob árvores velhas – a casa Hohe Pappeln, Belvederer Allee 58.

Foi ali que morou o famoso arquiteto do Jugendstil, com sua esposa e cinco filhos. O belga Van de Velde foi levado a Weimar por amigos influentes, em 1902. Juntos, eles queriam renovar a cidade e sua vida cultural empoeirada, através do estilo Art Nouveau. Assim como a maioria dos artistas da época, Van de Velde era bastante eclético. Trabalhava não só como arquiteto, mas também desenhava móveis, cerâmica, porcelana, prata, jóias, tecidos e vestuário.

Haus Hohe Pappeln Schauseite
Vista externa da casaFoto: Kunstsammlungen zu Weimar

A esquisita aparência do casarão e do telhado frontal ocultam o espaçoso interior. Raios de luz penetram nos dois andares entre escadarias filigranadas. Nos quartos do andar térreo, nada mais remete aos turbulentos jogos infantis ou às noitadas com o conde Harry Kessler, Hugo von Hofmannsthal e Elisabeth Förster-Nietzsche. Após a Segunda Guerra Mundial, o casarão foi ocupado pelo comando militar soviético e, posteriormente, pelo Serviço Secreto da Alemanha Oriental.

Os passos ecoam no assoalho lustroso. Seis cadeiras se encostam, com pernas curvas, à ampla mesa da sala de jantar. A mobília e o patrimônio da família Van de Velde foram separados e espalhados pela Bélgica, Alemanha e Suíça. Cinqüenta móveis retornaram agora à residência, após terem sido readquiridos.

Continuando a Belvederer Allee, na direção sul, até a “colina verde”, encontra-se a Villa Silberblick – o Arquivo Nietzsche. Após a morte do filósofo, sua irmã Elisabeth Förster-Nietzsche encarregou Henry van der Velde da reforma do andar térreo. A discreta luz que entra pelas janelas envolve a mesa de jantar e o piano de cauda numa agradável atmosfera. Sobre o piso azul claro e as estantes de cerejeira, encurva-se o teto ocre, envolvendo pessoas e objetos. Tudo isso só confirma o credo de Van de Velde: “Toda a força reside na linha. A reta mente. Só a curva é autêntica. O tempo é circular”.

O estilo de Van de Velde não é exatamente l’art pour l‘art. Ele é mais um dos defensores da unidade entre forma e função, funcionalidade e beleza, fidelidade aos materiais e construção funcional. O que lhe importa são projetos de solidez artesanal e compatíveis com o cotidiano, tanto em pequena quanto em grande escala. Um exemplo disso são as instalações da escola local de belas artes, com edifícios funcionais, detalhadamente projetados, sensatos em sua disposição espacial, com um efeito ótico unitário.

Van de Velde mudou para Weimar sem saber exatamente por quê. Primeiro, foi necessário inventar um cargo para ele: “conselheiro artístico do grão-ducado de Weimar”. Um de seus projetos preferidos foi a fundação de uma Escola de Artes e Ofícios, que durou cinco anos até tomar forma. No dia 7 de outubro de 1907, a escola foi finalmente inaugurada.

Oito anos depois, no entanto, a iniciativa fracassou por causa da mentalidade provinciana da corte de Weimar, responsável pelo fechamento da Escola de Artes e Ofícios. Com sua arte reformista, Van de Felde caiu em desgraça e foi vítima de humilhações, emigrando finalmente para a Suíça. Posteriormente, a escola foi reativada num novo projeto de alcance mundial: a Bauhaus. Fundado por Walter Gropius em Weimar, em 1919, a Bauhaus tornou-se a mais conhecida escola de artes e design da Alemanha.