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Tráfico se reinventa na Alemanha em meio à pandemia

10 de setembro de 2020

Relatório aponta que consumo de drogas continua a crescer no país. Traficantes se adaptaram rapidamente às restrições causadas pelo coronavírus, e houve aumento de encomendas pela internet e de distribuição pelo correio.

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Mão manuseando cocaína ao lado de um rolo de novas
O maior aumento verificado em 2019 foi o de delitos relacionados à cocaína: 12,2% em relação a 2018Foto: picture-alliance/blickwinkel/McPHOTOs

Autoridades da Alemanha apontam um aumento no consumo de drogas ilegais no país. As estatísticas indicam crescimento constante nos últimos nove anos, tendência que nem mesmo a pandemia de coronavírus conseguiu interromper.

De acordo com o Departamento Federal de Investigações (BKA, na sigla em alemão), a alta nos registros de delitos ligados a entorpecentes se deve menos a uma fiscalização bem-sucedida que ao efetivo aumento no consumo.

De acordo com o chefe do BKA, Holger Münch, o nível de fiscalização foi tão alto em 2019 quanto no ano anterior.

De longe, o maior aumento verificado em 2019 foi o de delitos relacionados à cocaína, que apresentaram alta de 12,2%. "Percebemos que ela não é mais uma droga de elite", afirmou Münch nesta terça-feira (08/09) em Berlim, durante a apresentação das últimas estatísticas sobre criminalidade relacionada a entorpecentes na Alemanha.

Embora a venda de drogas nas ruas tenham sido dificultadas neste ano devido às restrições impostas para conter a pandemia de covid-19, a polícia percebeu que "não houve falta no mercado", de acordo com Münch. Ele afirmou que narcóticos ainda são fabricados e transportados, seja por ar ou por mar. O consumo também permaneceu constante.

Münch ressaltou que os traficantes se adaptaram rapidamente aos novos tempos. A distribuição de droga através de pedidos pela internet e pelo envio de quantidades menores pelo correio teria aumentado.

De acordo com o relatório da situação das drogas no país, em 2019 foram descobertos 31 laboratórios para fabricação de drogas sintéticas ilegais em todo o país, correspondendo a um aumento de cerca de 63%.

No geral, o número de delitos de drogas registrados em 2019 aumentou 2,6% em comparação com o ano anterior, para 359.747 casos. De longe, a maioria dos delitos esteve relacionado à cannabis (217.929).

De acordo com a lei alemã sobre narcóticos, quem cultiva substâncias intoxicantes como a cannabis sem permissão, fabrica, comercializa ou compra está sujeito a pena de prisão de até cinco anos ou multa. Formalmente, o consumo de entorpecentes não é criminalizado na Alemanha. Mas todas as ações que levam a ele são passíveis de punição.

Portar pequenas quantidades de cannabis para consumo pessoal não é considerado infração penal. Entretanto, a definição do que é considerado "pequena quantidade" difere conforme o estado alemão.

Em 2019, segundo o BKA, a maioria dos suspeitos traficantes de drogas sintéticas era de alemães (80%). Entre os supostos traficantes de heroína, um a cada dois tinham cidadania alemã. Entre os suspeitos de traficar cocaína, 57% eram estrangeiros.

A maior quantidade de cocaína apreendida na Alemanha até hoje foi em julho de 2019 durante uma inspeção de rotina no porto de Hamburgo. A polícia descobriu 4,5 toneladas de cocaína num contêiner com soja do Uruguai que deveria ir, via Hamburgo, para a Bélgica. O valor estimado do carregamento foi de quase um bilhão de euros.

MD/dpa/ots