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Testes de anticorpos são esperança no combate ao coronavírus

6 de abril de 2020

Exames podem fornecer panorama mais completo sobre contágio. Ao detectar número exato de infectados, governos podem flexibilizar medidas de isolamento e coordenar melhor a resposta do sistema de saúde.

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Teste de anticorpos são exames de sangue Foto: Imago-Images/photothek/T. Trutschel

Enquanto não há uma vacina contra o coronavírus Sars-Cov-2, causadora da doença respiratória covid-19, vários países investem em testes de anticorpos para ter um panorama mais preciso sobre a situação atual da pandemia no mundo. Esses dados são importantes para decisões governamentais sobre a flexibilização de medidas isolamento social.

Os testes para detectar anticorpos podem esclarecer quantas pessoas já contraíram o vírus, mesmo que não tenham apresentado sintomas – e, assim, possuem mecanismos de defesa para combater o patógeno. Cientistas em vários países acreditam que os infectados com o Sars-Cov-2 desenvolvem imunidade ao coronavírus.

Essa informação poderá ajudar governos, por exemplo, a decidir sobre quando flexibilizar as regras de isolamento para conter o avanço da pandemia. Aqueles que são imunes ao vírus poderiam voltar ao trabalho sem temores de contaminação. Escolas também poderiam ser reabertas sem receios de uma segunda onda de infecções.

A informação sobre o total de infectados também é fundamental para preparar melhor o sistema de saúde para fazer frente à covid-19. Para médicos e trabalhadores do setor, identificar quem já superou uma infecção pode representar um alívio, já que especialistas podem calcular com mais precisão quantas pessoas precisarão de leitos de terapia intensiva e quantas vagas serão necessárias nos hospitais.

Além disso, médicos, enfermeiros e cuidadores que já foram infectados poderiam tratar pacientes da covid-19 sem medo de serem contagiados.

Os testes de anticorpos são exames de sangue, ao contrário dos atuais que trabalham com amostras de muco submetidas a um detalhado exame de laboratório.

Os exames sanguíneos "são muito mais fáceis de aplicar. É possível compará-los a um teste de gravidez", disse Sarah Fortune, diretora do departamento de imunologia e doenças infecciosas da Universidade de Harvard, ao portal Euronews.

Estudo na Alemanha

Na Alemanha, o Instituto Helmholtz de Pesquisas de Infecções, com sede em Braunschweig, deverá coordenar um amplo estudo com 100 mil pessoas em diversas regiões para descobrir o quanto o coronavírus já se espalhou pelo país. Apesar de aguardar a aprovação final, que depende de esclarecimentos sobre o financiamento, os testes em campo estão previstos para começar ainda neste mês.

"Os imunes poderiam obter uma espécie de carteira de vacinação que lhes permitiria ficar de fora de medidas restritivas", disse o epidemiologista Gérard Krause, que coordenará a pesquisa.

O estudo também quer fornecer dados sobre a velocidade de contágio entre crianças e seus pais e vice-versa. A informação ajudaria a decidir quando as crianças podem voltar à escola e à creche, por exemplo. 

Apesar de ampla, a pesquisa não será a primeira da Alemanha. Neste domingo (05/04), a cidade de Munique deu o pontapé inicial para o maior estudo do tipo já feito no país. Moradores de 3 mil domicílios deverão ser testados para a infecção de Sars-Cov-2 na cidade mais afetada pela pandemia no país.

A amostra deverá ser representativa a ponto de ampliar o resultado para toda a cidade de Munique. Além disso, os resultados também poderão permitir conclusões – ou pelo menos indícios – sobre a situação da pandemia em outras grandes metrópoles alemãs. 

Além dos testes de sangue, os cidadãos com sintomas terão amostras de muco coletadas para verificar se há infecção aguda pelo vírus. Muitas pessoas acima de 14 anos também deverão ser entrevistadas sobre seus hábitos cotidianos e sobre o surgimento de sintomas nas últimas semanas.

Assim, os pesquisadores poderão saber com que velocidade o vírus se espalhou no período correspondente. Os participantes do estudo também poderão fornecer informações num aplicativo sobre se possuem sintomas, com quem tiveram contato e onde passam seu tempo, reunindo assim dados sobre comportamentos que aumentam o risco de infecção.

O resultado desse primeiro estudo não deverá ser definitivo, uma vez que ainda não há um teste absolutamente confiável que indique a presença de anticorpos contra o Sars-Cov-2. Os atuais exames podem indicar imunidade mesmo sem esses anticorpos, pois os reagentes respondem a outros tipos de coronavírus que já circulam há décadas entre a população e que causam resfriados leves. 

Cerca de 90% dos adultos possuem anticorpos contra esses vírus. Atualmente, várias empresas estão desenvolvendo testes de anticorpos para o Sars-Cov-2, mas estes só estarão disponíveis em dois ou três meses.

Além da Alemanha, vários países também estão investindo em testes de anticorpos para determinar qual parcela da população é imune ao novo coronavírus. Algumas empresas na Europa e nos Estados Unidos já começaram a implementar versões comerciais do exame. Os EUA deram luz verde ao primeiro teste na semana passada.

"Para enfrentar a pandemia de maneira inteligente, precisamos entender exatamente a propagação do Sars-Cov-2. Nos próximos meses, esse será um dos parâmetros mais importantes para a gestão das medidas de distanciamento social", disse Michael Hölscher, coordenador do estudo em Munique, à revista alemã Der Spiegel.

RK/ots

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