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Teste em ministros europeus adverte para contaminação química

rw23 de outubro de 2004

Resquícios de substâncias químicas foram encontradas no sangue de 14 ministros da UE. Iniciativa visa conscientizar políticos da importância da regulamentação de substâncias químicas perigosas.

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Resíduos químicos se acumulam no sangueFoto: AP

Não só o cidadão comum da União Européia está sujeito à intoxicação por resíduos químicos espalhados pelo ambiente em que vive, mas também as lideranças políticas. Com esta mensagem, a organização ambientalista WWF (Fundo de Proteção à Natureza) quis sensibilizar os responsáveis pelas decisões políticas.

Para a sensacional iniciativa, foram consultados os ministros de vários países do bloco. Apenas 14 deles concordaram em tirar amostras de sangue, nenhum da Alemanha. Participaram representantes da Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Itália, Lituânia. Eslováquia, Espanha, Suécia, República Theca, Chipre e Hungria.

Em todos eles, foram encontrados resquícios de produtos cosméticos, pesticidas e detergentes, em parte considerados cancerígenos. Todos eles estariam contaminados com produtos suspeitos de, por exemplo, influenciarem no desenvolvimento cerebral ou hormonal.

Cancerígenos entre substâncias encontradas

Nas amostras, foram pesquisados vestígios de 103 substâncias químicas. O sangue dos ministros apresentou indícios das mais variadas substâncias, como pesticidas, ou mesmo produtos usados na fabricação de extintores de incêndio, estofados, produtos de limpeza, substâncias cosméticas ou até produtos comuns encontrados em brinquedos infantis de plástico. Entram aí os conhecidos bifenóis policlorados (PCB), que podem causar câncer.

Em uma só amostra, foram encontradas 43 substâncias perigosas, diz, surpreso, o professor Karl Wagner, responsável pela iniciativa. O produto encontrado em maior concentração foi o pesticida diclorodifeniltricloretano, mais conhecido como DDT. Em contrapartida, o menos contaminado foi o voluntário da Suécia, numa demonstração de eficiência da restritiva política sueca em relação a produtos químicos.

Contaminação até em regiões isoladas

"Da mesma forma como ameaça a saúde dos seres humanos, esta química acaba contaminando o sangue de ursos polares, golfinhos, aves e outros animais que vivem nos cantos mais isolados do mundo", adverte o relatório do WWF, divulgado nesta semana. Wagner destacou ainda que não se deve considerar "seguro, nem tolerável", estar em contato permanente com estes produtos. Principalmente as gestantes e as crianças deveriam ser protegidas, para evitar um efeito cumulativo, destaca.

Com a iniciativa, a WWF pretendeu fundamentar os debates na União Européia sobre a a regulamentação de substâncias químicas. Os ativistas ambientais querem que esta regulamentação − cuja sigla Reach vem da abreviação das palavras registro, avaliação e autorização de substâncias químicas –, seja ampliada.

Sua primeira versão havia fracassado no ano passado, devido à resistência de alguns membros do bloco, entre eles a Alemanha. O tema será uma das prioridades do comissário da Indústria, que assume seu posto a 1º de novembro.

Atualmente, os controles de substâncias perigosas são de responsabilidade dos governos locais, mas a regulamentação prevê a transferência desta tarefa à indústria.

Para isso, seriam criados inicialmente bancos de dados com informações e, mais tarde, tornada obrigatória sua divulgação nas embalagens das substâncias potencialmente perigosas. A indústria, por seu lado, já avisou que isto vai lhe custar caro, um sinal de que a regulamentação ainda terá muitas adversidades pela frente.