1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Temendo invasão, Ucrânia acusa Alemanha de "encorajar Putin"

22 de janeiro de 2022

Ministro ucraniano critica recusa alemã em fornecer armas a Kiev. Militar alemão se retrata após causar incômodo em Berlim, dizendo que presidente russo "provavelmente merece respeito".

https://p.dw.com/p/45xNh
Soldados em uniforme camuflado lançando míssil
Soldados ucranianos em manobras militares com mísseis de fabricação americanaFoto: Ukrainian Defense Ministry Press Service/AP Photo/picture alliance

O ministro do Exterior da Ucrânia, Dmytro Kuleba, criticou neste sábado (22/01) a Alemanha por sua recusa em fornecer armas a Kiev, instando Berlim a parar de "minar a unidade" e "encorajar Vladimir Putin" em meio a temores de uma invasão russa.

Com dezenas de milhares de tropas russas concentradas na fronteira ucraniana, aumentam os temores de que um grande conflito possa eclodir na Europa.

Os apelos da Ucrânia aos aliados ocidentais para reforçar as capacidades de defesa ucranianas levaram os Estados Unidos, o Reino Unido e os países bálticos a concordarem em enviar armas a Kiev, incluindo mísseis antitanque e antiaéreos.

Kuleba disse no Twitter que as declarações da Alemanha "sobre a impossibilidade de fornecer armas de defesa à Ucrânia" não correspondem "à situação de segurança atual". O ministro salientou que "hoje a unidade do Ocidente em relação à Rússia é mais importante do que nunca".

"Os parceiros alemães devem parar de minar a unidade com tais palavras e ações e de encorajar Vladimir Putin a lançar um novo ataque à Ucrânia", disse Kuleba.

Ele ressalta que a Ucrânia está "agradecida" à Alemanha pelo apoio que o país já forneceu, mas classifica de "decepcionantes" as declarações recentes do governo alemão.

Berlim envia hospital de campanha

Mais cedo neste sábado, a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, disse em entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag que Berlim enviará um hospital de campanha à Ucrânia, enquanto mais uma vez rejeitou os pedidos de armas de Kiev.

"Berlim já entregou respiradores à Ucrânia e soldados ucranianos gravemente feridos estão atualmente sendo tratados em hospitais da Bundeswehr", disse ela ao periódico. "Envios de armas não seriam úteis no momento - esse é o consenso dentro do governo", frisou Lambrecht.

Moscou insiste que não tem planos de invadir a Ucrânia, mas ao mesmo tempo estabeleceu uma série de exigências de segurança - incluindo a proibição da adesão da Ucrânia à Otan - em troca da redução das tensões.

"Putin merece respeito"

Separadamente, no sábado, o Ministério da Defesa da Alemanha disse que o vice-almirante Kay-Achim Schönbach será solicitado a explicar comentários nos quais ele disse ser "nonsense" a ideia que a Rússia queira invadir a Ucrânia e que Putin "merece respeito".

Em um vídeo postado na internet que foi gravado em um evento em Nova Déli na sexta-feira, Schönbach também diz, se referindo a Putin: "É fácil dar a ele o respeito que ele quer e provavelmente também merece".

Em seus comentários, o militar argumenta que a Rússia seria mais útil enquanto parceiro para a Alemanha, diante de uma "ameaça maior", representada, segundo ele, pela China. 

Schönbach se desculpou neste sábado, afirmando terem sido "impensados" seus comentários. "Não há necessidade de reclamar: foi claramente um erro", escreveu no Twitter.

As declarações de Schönbach "não correspondem de forma alguma à posição do Ministério da Defesa da Alemanha", disse um porta-voz da pasta à agência de notícias AFP. O vice-almirante terá que se explicar ao chefe do Estado-Maior do Exército, acrescentou o porta-voz

md (AFP, Reuters)