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Tão perto da Eurocopa, tão longe do topo

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
10 de setembro de 2019

Após a aposentadoria de vários jogadores, Joachim Löw se viu forçado a renovar a seleção alemã. Mas o desempenho decepcionante da "Mannschaft" nas eliminatórias da Eurocopa mostra que tal renovação será trabalhosa.

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Joachim Löw
Löw na derrota contra a Holanda em HamburgoFoto: Getty Images/A. Grimm

Logo depois do fracasso alemão na Copa do Mundo da Rússia em 2018, muitos clamores se fizeram ouvir exigindo uma renovação imediata da estrutura na seleção da Alemanha. Pedia-se inclusive a demissão do técnico Joachim Löw e da sua comissão técnica, mas nada mudou. O treinador foi confirmado no cargo e logo saiu de circulação por dois meses, curtindo férias na Floresta Negra e na ilha paradisíaca da Sardenha.   

Na sua volta, Löw teve uma excelente oportunidade de renovar o elenco para a Liga das Nações da UEFA, mas preferiu tocar o barco com a velha guarda mesmo. O resultado não se fez esperar. A gloriosa "Mannschaft" foi rebaixada para a segunda divisão do futebol europeu e lá permanece até hoje.  

Foi só a partir da aposentadoria forçada de Boateng, Hummels e Müller em março deste ano que se deu o pontapé inicial da renovação do elenco, algo que já poderia ter ocorrido dez meses antes.

Depois das últimas duas apresentações alemãs contra a Holanda e a Irlanda do Norte pelas eliminatórias da Eurocopa 2020, Löw forçosamente deve ter chegado à conclusão de que tal renovação será muito mais trabalhosa do que poderia imaginar.

O técnico alemão gosta de citar o exemplo da Copa de 2010 quando o time da Alemanha, mesclado com jogadores jovens (Neuer, Khedira, Özil, Boateng, Müller) e experientes (Lahm, Schweinsteiger, Klose e Podolski) deu o que falar. Foi essa mescla de 2010 que resultou na conquista do título de 2014.

Löw tenta repetir esse mix com atual seleção renovada, mas esbarra na falta de jogadores com mais experiência internacional. A rigor, apenas Manuel Neuer e Toni Kroos estão muito perto de alcançar a marca de 100 partidas pela seleção.  Exceto Joshua Kimmich e Marco Reus (ambos com quase 50 jogos pela Alemanha), todos os outros integrantes do atual time nem de longe chegam perto dessas marcas.

Não espanta, portanto, a apresentação deprimente contra a Holanda na última sexta-feira. Se antes da partida já havia gente proclamando aos quatro ventos que a "Mannschaft" podia ser considerada uma das favoritas ao título no ano que vem, depois da derrota em Hamburgo era forçoso reconhecer que o time ainda está muito longe do topo.

Naquela partida, defesa e ataque presentearam o torcedor alemão com falhas impensáveis em outros tempos. Enquanto os três zagueiros germânicos  entregavam o ouro na bandeja aos insinuantes atacantes holandeses, seus colegas ofensivos não deixaram por menos. Pouquíssimas chances claras de gol foram criadas. Reus e Werner sumiram do jogo. 

Diante da Irlanda do Norte tudo deveria ser diferente, a julgar pelas palavras do próprio treinador na véspera do jogo em Belfast: "É importante que sejamos vitoriosos em cada bola dividida com o adversário para sairmos daqui com os três pontos". 

Garra, empenho, desejo de vencer – qualidades que puderam ser vistas, só que do lado dos norte-irlandeses, pelo menos na maior parte do primeiro tempo.  Por muito pouco, a seleção da casa não abriu o placar. Teve duas chances claras para tal, mas Neuer esteve a postos. 

Na etapa complementar, os alemães resolveram jogar futebol e logo marcaram o seu gol. O ímpeto durou pouco e o modo de administração do resultado passou a ditar o jogo dos comandados de Löw. Foi tão somente nos acréscimos que, num lance individual do talentoso Gnabry, o placar final foi decretado. A Alemanha venceu, mas, mais uma vez, não convenceu.

Fato é que, após noventa minutos, sobrou muito pouco da própria pretensão de se apresentar em Belfast com um desempenho convincente. Em nenhum momento do jogo, o time de Joachim Löw atuou como uma equipe da primeira prateleira do futebol mundial, pelo contrário, foi uma atuação decepcionante.

A vitória em Belfast pode até representar um grande passo rumo à classificação para a Eurocopa 2020, mas ao mesmo tempo é um exemplo acabado de quão longe a Alemanha está para ser considerada novamente uma equipe top de linha.          

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar".

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.