1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
ReligiãoSuíça

Suíça aprova proibição da burca

7 de março de 2021

Proposta vence referendo por margem apertada e visa proibir qualquer ocultação do rosto em público. Mas iniciativa teve como alvo principal as mulheres muçulmanas. Críticos consideram medida racista e sexista.

https://p.dw.com/p/3qKTp
"Pare o extremismo!", diz cartaz com desenho de mulher usando niqab
"Pare o extremismo!": cartaz da campanha suíça pela proibição da ocultação de rostoFoto: Arnd Wiegmann/

Os suíços aprovaram neste domingo (07/03), através de referendo, uma lei que proíbe a ocultação do rosto em lugares públicos e que mulheres usem o véu integral islâmico.

A iniciativa denominada "Sim à proibição de esconder o rosto" ganhou por margem apertada, com 51,21% dos votos. A votação contou com a participação de pouco mais da metade dos eleitores suíços.

O objetivo declarado da ação é "promover a igualdade, a liberdade e a segurança", sob o argumento de que a medida impediria mulheres de serem forçadas a esconder o rosto ou de terceiros o fazerem para fins criminosos ou terroristas.

A proposta foi lançada por uma associação ligada ao partido nacionalista Partido Popular Suíço (SVP), o mais conservador do espectro político suíço e que construiu sua marca condenando a imigração. A campanha não escondeu, entretanto, que o alvo principal da medida é o véu islâmico. A ideia também recebeu apoio de outros partidos de direita.

Seus oponentes incluíam não apenas partidos políticos, mas também movimentos sociais, como conhecidos coletivos feministas, que consideraram a proibição "racista e sexista".

Oposição do governo

O governo e o Parlamento suíços também se opuseram à proibição, considerando se tratar de um fenômeno marginal na Suíça, que poderia ter efeitos negativos sobre o turismo e que, ao final, não ajudaria realmente as mulheres afetadas. A Suíça é destino de turistas de países árabes com alto poder aquisitivo.

A lei aprovada no referendo também se aplicará aos participantes em manifestações e marchas, que não poderão esconder o rosto, o que por vezes ocorre quando grupos extremistas agem de forma violenta.

Entre as exceções à proibição nacional de encobrir o rosto estão motivos de segurança, de saúde ou de costumes populares, como festas carnavalescas.

Proibição em outros países

A proporção de muçulmanos na Suíça era de 5,3% em 2018. De acordo com pesquisas do Centro de Pesquisa Religiosa de Lucerna, em todo o país, menos de três dezenas de mulheres usam véus islâmicos completos.

São principalmente as convertidas que conscientemente escolhem usar a vestimenta. A burca cobre completamente as mulheres e deixa apenas uma janela de treliça para a visão. O véu com uma fenda de visualização é chamado de niqab.

A proibição tem sido discutida na Suíça há vários anos. Ela já existe em dois cantões do país: St. Gallen e Ticino proibiram a ocultação do rosto em 2018 e 2016, respectivamente.

Em vários países europeus, como França, Dinamarca, HolandaÁustria, o véu facial total ou parcial já é proibido.

Em 2009, os suíços votaram a favor da chamada "Iniciativa dos Minaretes" do SVP, com a qual a proibição da construção de minaretes foi incorporada na Constituição suíça.

md (EFE, DPA, Reuters, KNA)