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Sugestão da prefeita de Colônia gera indignação

6 de janeiro de 2016

Após as agressões sexuais durante a noite de réveillon, Henriette Reker sugere medidas para evitar abusos durante o carnaval, como manter "um braço de distância" de estranhos, o que não agradou a muitas mulheres.

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Deutschland PK Köln sexuelle Übergriffe in der Silvesternacht in Köln
A prefeita de Colônia, Henriette Reke, e o chefe de polícia, Wolfgang AlbersFoto: picture-alliance/dpa/O. Berg

A quatro semanas do início do tradicional Carnaval do estado da Renânia do Norte-Vestfália, a prefeita de Colônia, Henriette Reker, se tornou alvo de críticas ao sugerir, na terça-feira (05/01), algumas medidas preventivas para assegurar que as festividades não repitam as agressões sexuais ocorridas durante a noite de réveillon na cidade.

Nas primeiras horas de 2016, cerca de 90 mulheres foram roubadas, ameaçadas ou molestadas sexualmente no largo em frente à estação central e ao lado da Catedral de Colônia por homens, em sua maioria, embriagados e de aparência árabe e norte-africana. Um caso de estupro foi registrado pela polícia. Nos dias seguintes, o total de queixas por parte das vítimas de abusos na noite de réveillon já ultrapassava uma centena.

Dessa forma, a prefeita propôs um "código de conduta" para mulheres jovens e meninas, "para que tais coisas não se repitam" no carnaval.

Uma das diretrizes, que gerou bastante controvérsia, sugere que seja mantida uma distância de pessoas estranhas, de um braço de comprimento. Na noite de terça-feira, a hashtag #einearmlänge ("um braço de comprimento") eram um dos assuntos mais comentados no Twitter em toda a Alemanha.

Uma usuária da rede social afirmou em seu perfil: "Eu tenho braços curtos, será este, no pior dos casos, um problema para mim?". Outra jovem pediu uma linha de ônibus exclusiva para mulheres.

Outras recomendações às mulheres que participam de eventos públicos de grande porte incluem a de permanecer dentro de seu próprio grupo. Em caso de emergência, elas devem pedir ajuda aos passantes e, se testemunharem algum caso de abuso, intervir ou alertar a polícia.

Reker acrescentou que deverá haver também um código de conduta para foliões "de outras culturas": segundo ela, para que não confundam "comportamento festivo com predisposição, particularmente para fins sexuais".

Segundo cálculos da polícia, entre 200 e 300 pessoas participaram de um protesto nesta terça-feira em frente à Catedral de Colônia, exigindo mais respeito às mulheres.

Autoridades alemãs reagem

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o ministro da Justiça, Heiko Maas, condenaram as agressões. Em telefonema com Reker, a chanceler federal comunicou sua "indignação com estes odiosos ataques e agressões sexuais, que exigem uma resposta severa do Estado de Direito", comunicou seu porta-voz, Steffen Seibert.

Maas descreveu o incidente como uma "nova dimensão da criminalidade organizada". Ao ser indagado sobre a hipótese de refugiados estarem por trás dos ataques, Maas disse apenas que a polícia trabalha para identificar os agressores.

O ministro do Interior, Thomas de Maizière, criticou a polícia local pela forma como lidaram com os agressores e exigiu "respostas claras" sobre a avaliação feita pelos policiais, de que as comemorações teriam sido "pacíficas".

A líder do Partido Verde, Claudia Roth, alertou sobre jogar a culpa nos refugiados por crimes "intoleráveis" como os cometidos em Colônia. Entretanto, o incidente teve enorme repercussão nas redes sociais, com pessoas dentro e fora da Alemanha associando os eventos ao aumento do fluxo migratório ao país.

RC/rtr/afp/ap/dpa