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Criticado, mas estável

Rolf Wenkel (as)13 de outubro de 2008

Composto por instituições privadas, cooperativas de crédito e caixas econômicas, o modelo bancário alemão de três pilares é alvo freqüente de críticas, mas se mostra sólido durante a crise financeira.

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Símbolo da Sparkasse, a caixa econômicaFoto: picture-alliance/ dpa

Ao longo dos séculos, o sistema bancário alemão se ramificou em três pilares bem distintos entre si – e, na atual crise, esse modelo tem se mostrado bem mais estável que o de outros países. Um desses pilares é o dos bancos privados, como o Deutsche Bank e o Commerzbank, que, assim como no Brasil, atendem a todo tipo de clientes e negócios e estão presentes em todas as regiões do país.

O segundo pilar é composto pelas cooperativas de crédito, atuantes principalmente nos setores agropecuário e de ofícios manuais e que possuem a maior rede de agências da Alemanha, com 1.250 unidades. Ele originou os bancos cooperativos populares Volksbank e os bancos cooperativos Raiffeisenbank, cujo nome lembra o fundador desse sistema de crédito, Friedrich Wilhelm Raiffeisen.

O terceiro pilar é composto pelas caixas econômicas, as chamadas Sparkassen. Elas têm uma missão pública: fornecer crédito às pequenas empresas e ao cidadão comum – o lucro não é sua meta maior.

Estabilidade

Esse modelo foi muitas vezes criticado pelos bancos privados, que se queixam de concorrência desleal dos bancos públicos. Como estes têm o Estado atrás de si, podem obter condições mais vantajosas de refinanciamento. A Comissão Européia é da mesma opinião e pressiona pelo fim da garantia existente na Alemanha de que o poder público assumirá as dívidas de um banco público em caso de falência.

Mas, em tempos de crise, esse modelo tão criticado se mostra mais estável do que, por exemplo, o sistema norte-americano de bancos especializados.

"Não há motivos para duvidar da estabilidade do sistema financeiro alemão. O sistema bancário universal alemão se mostrou mais robusto e resistente que o norte-americano. Agora eles estão se voltando para onde nós já estamos, para a criação de bancos universais", afirmou o ministro alemão das Finanças, Peer Steinbrück.

Instituições alemãs também se envolveram no falido sistema de créditos hipotecários dos Estados Unidos, berço da atual crise financeira. Mas trata-se de bancos privados e de alguns bancos estaduais (Landesbank), as instituições de ponta das Sparkassen. As próprias Sparkassen e as cooperativas de crédito, que fornecem crédito para o cidadão comum, se mantiveram fora da ciranda financeira e não foram atingidas pelas turbulências.

"Apesar da crise financeria e da conjuntura turbulenta, as Sparkassen forneceram no primeiro semestre deste ano mais empréstimos a empresas do que no mesmo período do ano passado. Essa estabilidade é uma vantagem do modelo de três pilares da Alemanha, tão freqüentemente criticado", disse Steinbrück.

Lucros com a crise

As Sparkassen estão até mesmo lucrando com a atual crise financeira. Uma consulta a três caixas econômicas revela que os depósitos aumentaram mais de 1 bilhão de euros desde o final de setembro. Só a Hamburger Sparkasse (Haspa), de Hamburgo, registrou o ingresso de 500 milhões de euros no período, afirma seu presidente Harald Vogelsang.

"Em apenas uma semana conseguimos 500 novos clientes", afirmou Vogelsang. Segundo ele, a tradicional poupança está entre os produtos mais procurados. Também a Sparkasse Köln-Bonn registrou um crescimento de 355 milhões de euros nos depósitos. Em Düsseldorf, a alta foi de 200 milhões de euros.

As instituições receberam elogios também do presidente alemão, Horst Köhler, que já foi diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Precisamos trabalhar para construir um sistema financeiro e bancário sólido, principalmente internacional. E eu acredito que aqui as Sparkassen e as cooperativas econômicas estão representadas. Elas são instituições sólidas."