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Setor de energia eólica aposta na exportação

Klaus Feldkeller / gh23 de novembro de 2004

Depois de anos de crescimento rápido, mercado alemão dá sinais de saturação. Empresas querem exportar tecnologia para países emergentes.

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Prefeituras do interior rejeitam instalação de mais cata-ventos por temerem destruição da paisagemFoto: AP

Com 16 mil usinas eólicas e uma capacidade instalada de mais de 15 mil megawatts, a Alemanha é campeã mundial na geração de energia gerada pelo vento. Em 2004, pela primeira vez a geração desse tipo de eletricidade no país deve superar os 20 bilhões de quilowatts/hora, ultrapassando a produção das hidrelétricas e assumindo definitivamente a liderança do setor de energias renováveis.

No entanto, os ventos do crescimento do mercado interno, que sopraram forte nos últimos anos, estão se tornando cada vez mais fracos. De janeiro a dezembro deste ano, foram instaladas apenas 650 novas unidades geradoras, contra 900 em igual período do ano passado, o que equivale a um recuo de 25%.

Ruído e destruição da paisagem

O mercado alemão de usinas eólicas apresenta sinais de saturação. Um dos motivos é que as prefeituras não estão mais liberando áreas para instalar novos cata-ventos, devido à reclamação da população de que eles estragam a paisagem idílica do interior e provocam poluição sonora.

Segundo Frank Michael Baumann, diretor executivo da Iniciativa Energia do Futuro da Renânia do Norte-Vestfália, "mais de 10% da energia consumida na Alemanha já vem de fontes renováveis. Com isso, superou-se um limite mágico. O mercado nacional, naturalmente, já está bastante saturado. Por isso, a saída agora é concentrar-se nas exportações".

Incentivada por preços garantidos pelo governo, desde os anos 90 a indústria de equipamentos para captação e processamento de energia eólica evoluiu de fábricas de fundo de quintal para grandes centros tecnológicos de ponta e está a caminho da internacionalização. Com empresas como a Enercon, Repower e Nordex, os alemães já conquistaram uma fatia de aproximadamente 20% do mercado mundial, cujas perspectivas de crescimento giram em torno de 10% ao ano.

Saída é exportar

Na opinião de Norbert Allnoch, diretor executivo do Fórum Econômico Internacional das Energias Renováveis, "a exportação será uma fonte importante para o futuro do setor. Os mercados de energia eólica desenvolvem-se em várias regiões do globo. No Brasil, há boas perspectivas, enquanto a França provavelmente vai melhorar o procedimento de autorização no ano que vem. Há otimismo, ainda que os resultados demorem. Não é algo que evolui de hoje para amanhã. Nota-se, no entanto, um avanço mundial da energia eólica".

Segundo Monika Krämer, diretora executiva da Windtest, sobretudo países emergentes, como a Índia e a China, mostram-se muito interessados em energias renováveis. "São países com grandes problemas energéticos, que vêem a Alemanha como um exemplo. Eles podem evitar muitos dos erros que nós cometemos. Mesmo com todos os problemas de infra-estrutura que enfrentam, estou otimista de que esses países vão ampliar o aproveitamento da energia eólica", diz.

A Windtest mantém em Grevenbroich, perto de Düsseldorf, o maior campo de testes do mundo para instalações eólicas continentais. "Junto com os fabricantes, tentamos aperfeiçoar a tecnologia, para que os cata-ventos se tornem mais eficientes e silenciosos", explica Krämer.

Comércio de emissões

Os empresários do setor na Alemanha também esperam que o comércio de emissões de CO², a ser iniciado em 1º de janeiro de 2005, gere novas oportunidades de negócios. Segundo Allnoch, o Protocolo de Kyoto dará impulsos à exportação de tecnologia para geração de energia eólica. "Mas isso não será de imediato. Esperamos que, na segunda metade desta década, os países industrializados implementem mais projetos, por exemplo, com países em desenvolvimento, instalando ali usinas eólicas para compensar com a produção de energia renovável parte das emissões de CO² provocadas em seus próprios territórios", diz.