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Senador reage a ofensa homofóbica de empresário

30 de setembro de 2021

Fabiano Contarato expõe postagem homofóbica feita contra ele pelo bolsonarista Otávio Fakhoury, que depõe à comissão. "Poder aquisitivo não define caráter. Sua família não é melhor que a minha", diz senador.

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Senador Fabiano Contarato (dir.) rebate ofensas feitas pelo bolsonarista Otávio Fakhoury (esq.)
Senador Fabiano Contarato (dir.) rebate ofensas feitas pelo bolsonarista Otávio Fakhoury (esq.)Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) ocupou por alguns minutos a cadeira da presidência da CPI da Pandemia nesta quinta-feira (30/09) para reagir a uma ofensa homofóbica feita pelo empresário bolsonarista Otávio Fakhoury, que presta depoimento à comissão.

Uma postagem de Fakhoury no Twitter havia insinuado que Contarato teria se "cativado" por algum outro parlamentar só por ser homossexual.

No tuíte, Fakhoury ironizava um erro gramatical feito pelo senador ao postar um comentário sobre o depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten à CPI. Por erro de digitação, Contarato trocou o termo "estado flagrancial" por "estado fragancial".

Fakhoury retuitou o erro e comentou: "O delegado [Contarato], homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário... Quem seria o 'perfumado' que lhe cativou?".

Nesta quinta-feira, depois das declarações iniciais do depoente – nas quais exaltou "valores familiares" como regras que regem sua atuação político-partidária –, Contarato ocupou a cadeira do presidente da CPI, Omar Aziz, para responder à ofensa.

"Sua família não é melhor que a minha"

Em uma fala emocionada, o senador disse ter orgulho de ser casado com um homem e ter dois filhos, e se dirigiu a Fakhoury: "O senhor não é um adolescente. O senhor é casado, tem filhos. A sua família não é melhor que a minha."

Contarato continuou: "Eu sonho com o dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Sonho com o dia que meus filhos não serão julgados por serem negros."

"Orientação sexual, cor da pele e poder aquisitivo não definem caráter. Se o senhor faz isso comigo como senador, imagine no Brasil que mais mata a população LGBTQIA+. O mínimo que o senhor deveria fazer é pedir desculpas a toda a população LGBTQIA+", completou.

"Nada te dá direito de fazer o que o senhor fez. Não tem dinheiro que pague isso."

O empresário pediu desculpas, disse que sua postagem havia sido infeliz e que não tinha a intenção de ofender. "Realmente, o meu comentário foi infeliz, em tom de brincadeira. Porém, é uma brincadeira de mau gosto. Declaro que meu comentário não teve a intenção de lhe ofender, e sei que, se ofendi, foi profundamente", afirmou Fakhoury.

Contarato solicitou ainda à polícia legislativa que investigue o empresário. O senador também solicitou que as informações sejam encaminhadas para o Ministério Público Federal para a apuração de um possível crime de homofobia.

Notícias falsas e atos antidemocráticos

Empresário do ramo imobiliário, Otávio Fakhoury foi convocado pela CPI da Pandemia por ser suspeito de financiar disseminação de notícias falsas sobre a pandemia de coronavírus.

Ele é vice-presidente do Instituto Força Brasil, que tentou intermediar a negociação de vacinas contra a covid-19 entre a empresa Davatti e o Ministério da Saúde.

Fakhoury já é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em dois inquéritos sobre divulgação de notícias falsas e organização de atos democráticos, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

O empresário é um dos idealizadores do partido Aliança pelo Brasil, que o presidente Jair Bolsonaro tentou criar, mas que ainda não obteve o número mínimo de assinaturas necessárias. Atualmente é presidente do diretório paulista do PTB, e em suas redes sociais se identifica como "conservador, antiglobalista, anticomunista".

Fakhoury ainda foi militante do grupo Vem Pra Rua durante os protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

rc/ek (ots)