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Eleição de 2022 pode ser pior que a dos EUA, diz Bolsonaro

7 de janeiro de 2021

Ao comentar invasão do Congresso americano, presidente afirma, sem provas, que há fraude nas urnas eletrônicas brasileiras, e prevê que situação semelhante ao que ocorreu nos EUA poderá se repetir no país, ainda pior.

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Jair Bolsonaro fala com apoiadores
"Aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 22, vai ser a mesma coisa. A fraude existe", disse o presidenteFoto: Luis Alvarenga/Getty Images

O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar nesta quinta-feira (07/01), sem provas, que há fraudes no sistema eletrônico de votação no Brasil e que, se não houver voto impresso nas eleições presidenciais de 2022, algo ainda "pior" do que ocorreu no processo eleitoral dos Estados Unidos acontecerá no país.

Ele fez a afirmação a apoiadores na portaria do Palácio da Alvorada, enquanto comentava a invasão do Congresso dos Estados Unidos por eleitores de Donald Trump na quarta-feira (06/01), estimulados pelo presidente americano a tentar impedir a sessão que certificaria a vitória de Joe Biden.

Trump se recusa a admitir a derrota nas eleições realizadas em novembro, já confirmada pelas instituições dos Estados Unidos. Sem provas, ele afirma que a votação foi fraudada. O presidente americano não condenou a invasão do Congresso por seus apoiadores.

"O pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Basicamente, qual foi o problema, a causa dessa crise toda? Falta de confiança no voto. Então, lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente lá que votou três, quatro vezes, mortos votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí", disse Bolsonaro.

O presidente, que pretende se candidatar à reeleição em 2022, em seguida previu que situação semelhante ao que ocorreu nos Estados Unidos poderá se repetir no Brasil, ainda pior.

"Aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 22, vai ser a mesma coisa. A fraude existe. A imprensa vai dizer 'sem provas, ele diz que a fraude existe'. Eu não vou responder esses canalhas da imprensa mais. Eu só fui eleito porque tive muito voto em 2018 (...) Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar voto, nós vamos ter problemas piores do que os Estados Unidos", disse o presidente.

Bolsonaro já afirmou repetidas vezes que deveria ter ganhado no primeiro turno em 2018, e não no segundo turno. Em março de 2020, disse que apresentaria provas de que teria havido fraude no pleito, mas não as mostrou.

O voto impresso, no qual as urnas eletrônicas imprimiriam um registro de cada voto e o depositariam "de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente marcado", chegou a ser aprovado em uma minirreforma eleitoral feita pelo Congresso em 2015, por proposta de Bolsonaro quando ele era deputado federal.

A mudança custaria cerca de R$ 2 bilhões para adaptar as urnas e foi suspensa em 2018 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de forma liminar, em decisão confirmada em setembro de 2020. Por maioria, os ministros consideraram que o voto impresso ameaçava o sigilo e a liberdade do voto e poderia aumentar o risco de manipulação de resultados. 

Reação de ministros do Supremo

O ministro Edson Fachin, do STF, divulgou nota na quinta-feira para condenar a invasão do Congresso dos Estados Unidos e afirmou que o ocorrido deve deixar a democracia brasileira em "alerta".

Fachin, que também é vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que quem "desestabiliza a renovação de poder" ou "falsamente confronta a integridade das eleições" deve ser responsabilizado em um processo "público e transparente". Segundo o ministro, "a democracia não tem lugar para os que dela abusam" e "a alternância de poder não pode ser motivo de rompimento, pois participa do conceito de república".

"Em outubro de 2022 o Brasil irá às urnas nas eleições presidenciais. Eleições periódicas de acordo com as regras estabelecidas na Constituição e uma Justiça Eleitoral combatendo a desinformação são imprescindíveis para a democracia e para o respeito dos direitos das gerações futuras", disse Fachin.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, que integra o TSE e presidirá a Corte eleitoral durante as eleições de 2022, também condenou a invasão do Capitólio. Em mensagem no Twitter, escreveu: "Os EUA certamente saberão responsabilizar os grupos que atentaram gravemente contra sua história republicana. Milícias presencias ou digitais, discursos de ódio e agressões às instituições corroem a democracia e destroem a esperança em um futuro melhor e mais igualitário".

BL/ots