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Segurança é prioridade na Copa da Rússia

Miodrag Soric de Moscou, ca
18 de junho de 2018

Incidente com táxi que atropelou torcedores foi alarme falso, mas autoridades russas estão suando para cumprir promessa de Mundial de futebol seguro. São muitos os alertas de ataques terroristas.

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Copa da Rússia envolve maior operação de segurança da história do futebol
Copa da Rússia envolve maior operação de segurança da história do futebolFoto: picture-alliance/AP/D. Lovetsky

Moscou viveu um momento de horror no último sábado (16/06): um táxi amarelo avançou sobre uma multidão, não muito longe da Praça Vermelha, ferindo sete pessoas, entre os quais torcedores mexicanos. Em seguida, noticiou-se que o motorista provém do Quirguistão, país da Ásia Central de maioria muçulmana. Na Rússia é grande o temor de um atentado terrorista.

Pouco tempo depois, o prefeito de Moscou, Sergey Sobyanin, acalmou os ânimos: "O taxista perdeu o controle do carro." Ou seja: não houve ataque terrorista. Mais tarde revelou-se que o motorista confundiu o pedal do acelerador com o freio.

"Sinto muito", disse, afirmando que após aquela corrida ele realmente queria ir para casa "dormir". Ao que tudo indica, estava esgotado. Nesta segunda-feira a Justiça russa condenou o motorista a dois meses de prisão.

Russland Taxi fuhr gegen Menschenmenge in Moskau
Taxista alarmou autoridades ao atropelar sete passantes em Moscou no sábado, 16/06/2018Foto: Reuters

Alerta de ataques, torcedores relaxados

Esse incidente revela o medo que também assombra os organizadores da Copa do Mundo, os políticos e os habitantes da capital. Já na última sexta-feira, autoridades americanas emitiram um alerta de que terroristas estariam planejando atentados na Rússia, por exemplo próximo de atrações turísticas, nos transportes públicos, em qualquer local de aglomerações.

No início de abril 2017, um homem-bomba matou 14 no metrô de São Petersburgo. Calcula-se que cerca de 9 mil combatentes, portadores de cidadania russa, estejam lutando pelo movimento jihadista "Estado Islâmico" (EI) ou por outros grupos radicais islâmicos na Síria e no Oriente Médio. Muitos vêm do Cáucaso do Norte. E se alguns deles retornarem para praticar crimes durante a Copa do Mundo? As autoridades russas estão conscientes desse perigo.

Enquanto isso, dezenas de milhares de torcedores continuavam comemorando no centro da cidade – como se nada tivesse acontecido. A animação era grande principalmente na rua Nikolskaya, uma larga zona de pedestres que leva da central de inteligência, na praça Lubianka, até a Praça Vermelha. Do meio-dia até tarde da noite, fãs de todo o mundo dançam e cantam ali.

Os argentinos se destacavam entre os mais entusiásticos e coloridos. Mesmo o decepcionante desempenho de sua seleção contra a Islândia (1 a 1) não arrefeceu o clima de festa. Pelo contrário: eles se confraternizaram com os escandinavos, cantando juntos Spasibo Russia! (Obrigado Rússia!), enquanto os torcedores russos retribuíam, distribuindo garrafas de vodca.

Russland, WM 2018:  Gruppe C: Frankreich - Australien, Fans feiern den Sieg
Torcedores franceses comemoram vitória sobre Austrália, despreocupados com segurançaFoto: Reuters/I. Alvaro

Vigilância a cada passo

Policiais uniformizados estão de prontidão no início e no fim da rua de pedestres. Consta que também deve haver pessoal de segurança à paisana. É difícil avançar por entre a multidão. Nas fachadas, câmeras estão instaladas por toda parte, milhares delas com sistemas de reconhecimento facial, segundo a mídia.

As autoridades instalaram "zonas de segurança" em torno dos estádios moscovitas Luzhniki e Spartak. Policiais e postes de segurança recém-instalados ordenam o tráfego. Moradores têm passes especiais para chegar em casa. Supermercados, quiosques ou lojas de conveniência não podem vender nenhuma bebida alcoólica antes e depois de uma partida.

A polícia russa tem tolerância zero com torcedores que hostilizam e atacam a torcida adversária. Moscou quer impedir, a todo custo, pancadarias entre hooligans – como aconteceu na França e no Campeonato Europeu. Desde logo as autoridades da Rússia procuraram se coordenar com seus colegas estrangeiros. Fãs conhecidos por sua disposição à violência não receberam visto para o país.

Na Rússia, os visitantes estrangeiros precisam sempre andar com passaporte. Quem o tiver esquecido no hotel não deve esperar compreensão dos policiais. Nos estádios só é possível entrar com o Fan ID da Fifa e seu ingresso para a partida.

Especialistas em segurança nas ruas e na rede

Grande contingente de policiais, soldados, forças especiais, guardas nacionais e os assim chamados cossacos (grupos paramilitares) patrulham as sedes da Copa do Mundo. Portões de segurança foram instalados diante de estádios, áreas de torcedores e todas as entradas do metrô. Mochilas são revistadas. Visitantes têm de abrir as bolsas de máquina fotográfica. A polícia realiza blitzen ao longo das estradas de acesso a Moscou, mas também no centro da cidade, para controle de documentos e porta-malas.

Há indicações divergentes sobre quantas forças de segurança estão em ação: especialistas falam de mais de 100 mil policiais, soldados e guardas pagos, além de 20 mil voluntários.

Milhares de especialistas também trabalham em sigilo, coletando e analisando informações nas redes sociais. Linhas telefônicas para alertas de segurança funcionam 24 horas por dia.

Especialistas em segurança alemães, que preferem ficar anônimos, também viajaram para a Rússia. Trabalhando em conjunto com as autoridades russas, eles se disseram impressionados com os esforços de Moscou para garantir a segurança nos estádios. Os russos estão dispostos a tudo para tornar os jogos seguros, afirmam.

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