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Segurança de Zambelli é solto após pagar fiança

30 de outubro de 2022

Ele havia sido preso por disparo de arma de fogo. Deputada não feriu resolução que proíbe porte próximo a seção eleitoral, segundo a Secretaria de Segurança Pública paulista. Homem perseguido prestou queixa.

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Carla Zambelli
Caso é apurado pela polícia de São Paulo e pelo Tribunal Superior EleitoralFoto: Evaristo Sa/AFP

O segurança da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que havia sido preso em flagrante em São Paulo neste sábado (30/10) por disparo de arma de fogo durante uma perseguição, ao lado da deputada, a um eleitor do PT, foi solto neste domingo após pagar fiança de cerca de um salário mínimo (R$ 1.200).

O segurança é um policial militar de 46 anos que estava de folga no sábado. Um exame residuográfico confirmou que ele havia disparado a arma durante a perseguição. A Secretaria de Segurança Pública paulista informou ter apreendido a arma do segurança, que será periciada.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, Zambelli apresentou documentação que confirma que ela tem direito ao porte de arma. O órgão também informou que não havia seção eleitoral a menos de 100 metros do local do incidente.

A resolução 23.669/2021 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proíbe que civis com porte de armas se aproximem a menos de 100 metros de seções eleitorais nas 48 horas antes do pleito e nas 24 horas que o sucedem. A resolução também proíbe o transporte de armas por colecionadores, atiradores e caçadores (CAC) em todo o território nacional nas 24 horas antes do pleito e nas 24 horas que o sucedem.

Zambelli prestou depoimento à Polícia Civil, concluído na madrugada de domingo, e não foi detida.

Versões apresentadas

A deputada perseguiu, com uma arma em punho, o jornalista Luan Araújo, um homem negro, por ruas dos Jardins, região nobre de São Paulo. Seu segurança a acompanhou na perseguição, também com a arma em punho.

Os vídeos mostram a parlamentar e Araújo tendo uma discussão na calçada por motivos políticos – ele é apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, ela, uma aliada fiel do presidente Jair Bolsonaro.

Em seguida, Araújo se distancia e Zambelli vai atrás dele, cai sozinha e começa a persegui-lo. Um tiro é ouvido. Ele entra em um bar, Zambelli entra também e ordena que Araújo deite no chão. Ele questiona sob a mira da arma: "Você quer me matar para quê?". Depois, Araújo sai correndo.

Zambelli afirmou que estava almoçando quando um homem a provocou, xingou e cuspiu nela, e que ela teria caído no chão após ser empurrada. A deputada disse ter sacado a arma para imobilizar o homem até a chegada da polícia. "Me empurraram no chão. Eles usaram um negro para vir em cima de mim, eram vários. Tinha uma mulher de camiseta vermelha. Me empurraram, me jogaram no chão, me chamaram de filha da puta, prostituta", afirmou.

Já Araújo disse que estava saindo de um restaurante usando um boné Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) quando ouviu um grito de "amanhã é Tarcísio", candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, e respondeu "amanhã é Lula". Em seguida, houve provocações e xingamentos.

Araújo prestou queixa contra a deputada. Seu advogado acusou a parlamentar de ter praticado os crimes de racismo, disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma na véspera da eleição. "Eu ia a uma comemoração de chá de bebê e acabei o dia com uma arma apontada para mim por causa de uma discussão política", disse ele após sair da delegacia.

TSE e polícia apuram o caso

O setor de inteligência do TSE analisou os vídeos em que Zambelli aparece perseguindo Araújo, a pedido do juiz auxiliar Marco Antonio Martin Vargas, para apurar a possível "prática de crimes eleitorais, porte ilegal de arma, desrespeito às normas da Corte e tentativa de tumultuar o processo eleitoral", segundo reportou a CNN Brasil. O relatório foi encaminhado ao gabinete do presidente da Corte, Alexandre de Moraes.

A Polícia Civil de São Paulo também apura o caso e as circunstâncias do disparo da arma de fogo, para averiguar se houve tentativa de homicídio.

bl/lf (ots)