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Sede da Conferência do Clima, Polônia ainda aposta no carvão

Andrea Rönsberg (msb)8 de novembro de 2013

Fonte fóssil causadora do aquecimento global é responsável por 90% da produção energértica no país. Política energética polonesa é entrave para que União Europeia alcance metas mais ousadas de corte de emissões.

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Foto: Darek Redos/AFP/Getty Images

São mínimas as chances de que países de peso assumam compromissos obrigatórios para reduzir suas emissões durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 19), que começa na próxima segunda-feira (11/11) em Varsóvia. Uma das culpadas é a União Europeia: até agora, o grupo não entrou em acordo sobre uma ambiciosa meta de redução, o que serviria de bom exemplo a outros países.

Uma das metas acertadas entre os europeus para 2020 já foi, na verdade, atingida – diminuir em 20% a emissão de gases de efeito estufa, em comparação com 1990. Ativista, no entanto, querem uma meta mais ousada e significativa. Alguns membros da UE, especialmente França e Reino Unido, já anunciaram que pretendem cortar 40% das emissões até 2030.

Mas justamente o país que sedia a COP 19 neste ano pode ser a pedra no sapato dos europeus na busca por resultados mais expressivos. "A Polônia tem bloqueado (novas metas) dentro da UE nos últimos anos", avalia Christoph Bals, diretor da ONG Germanwatch. "Os poloneses vêm impedindo que que as metas sejam aumentadas, como seria necessário."

País do carvão

O carvão cobre cerca de 90% da demanda energética na Polônia. Essa fonte fóssil é a que libera dióxido de carbono em maior quantidade durante sua combustão. Ainda assim, o primeiro-ministro Polonês, Donald Tusk, defende o uso do carvão no país. "O futuro energético da Polônia está no linhito e na hulha", afirmou Tusk em setembro passado. "Nós respeitamos a necessidade de reduzir as emissões, no entanto, vamos continuar usando carvão", disse.

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COP-19 começa nesta segunda-feira, em VarsóviaFoto: picture-alliance/dpa

"Obviamente trata-se de proteger as vagas de trabalho na indústria carvoeira", ressaltou Maciev Muskat, diretor do Greenpeace na Polônia, em entrevista à Deutsche Welle. "E ainda, segundo o governo, a enegia gerada pelo uso do carvão é mais barata que a de fontes renováveis."

Chances para as renováveis

Para Muskat, no entanto, os argumentos são uma desculpa. "Para o consumidor não interessa o preço, mas sim os custos. Se o governo realmente quisesse reduzir custos, apostaria com mais entusiasmo em eficiência energética", explica o ativista. Mas não é isso que acontece no país, acrescenta o representante do Greepeace.

A Comissão Europeia já entrou com um processo no Tribunal de Justiça Europeu contra a Polônia pelo fato de o país ainda não ter implementado um plano de diretrizes para expansão das fontes de energias renováveis. A UE estabeleu que as fontes limpas gerem até 20% da energia até 2020.

A Polônia não se move nesta direção: de acordo com um relatório elaborado por pesquisadores do Greenpeace juntamente com outras organizações, em 2010 as energias renováveis não chegavam a atender 8% das necessidades energéticas dos poloneses. O índice poderia chegar a 27% até 2030 se o país abrisse mão do carvão, argumenta o relatório. E, de acordo com Muskat, essa medida estaria atendendo a um desejo a própria população.

Promoção internacional

Muskat considera bastante improvável que o governo polonês mude sua posição com relação ao uso de carvão, ou ainda que permita o anúncio, pela UE, de uma meta muito ousada para redução de gases do efeito estufa. Paralelamente, o ministro polonês do Meio Ambiente e presidente da COP 19, Marcin Korolec, prometeu conduzir as negociações a um desfecho bem-sucedido.

"A conferência é um espaço para promoção (do governo)", ressalta o ativista do Greenpeace, destacando que, enquanto Varsóvia não desistir de sua resistência às metas do bloco europeu, não poderá avançar em nível internacional.

Polen Belchatow Kohlemine Archiv 2011
Cerca de 90% da demanda energética da Polônia são cobertos pelo uso do carvãoFoto: Darek Redos/AFP/Getty Images

Muskat espera que a população polonesa aumente a pressão sobre o governo e exija mudanças na política climática e energética. Ele ainda vê neste momento uma oportunidade para que pelo menos parte da oposição adote o tema e passe a promover discussões a respeito.

No entanto, isso não alteraria em nada a Conferência do Clima. Por isso que a atuação de países como Alemanha vai pesar mais, avalia Christoph Bals. Essas nações deveriam propor um "pacote" de medidas que permita com que a Polônia mude sua postura sem prejudicar sua reputação, nem arriscar seus interesses na área de segurança.

"Por um lado, é preciso deixar claro aos poloneses que a economia interna e a própria população podem lucrar quando com um plano de eficiência energética e com investimentos em energias renováveis", afirma Bals. "Além disso, é necessário que se mostre um caminho à Polônia no qual ela, por meio de uma determinada política energética, não dependa da Rússia. Neste ponto, a UE precisa demonstrar que o suprimento energético da Polônia estará garantido – independentemente da pressão feita pelos russos".