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Sanções dos EUA ameaçam economia russa

Roman Goncharenko md
11 de abril de 2018

Nova rodada de medidas punitivas lançadas por Washington provoca queda no mercado acionário e de câmbio da Rússia. Prejuízos de dezenas de bilhões de dólares pressionam grandes grupos econômicos do país.

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Plateia assiste na Crimeia, através de telão, discurso de do presidente russo Putin
Plateia assiste discurso de Putin em evento na CrimeiaFoto: picture-alliance /dpa/EPA/A. Pedko

"Sanções? Nossos mísseis nucleares estão morrendo de rir". Tal slogan era comum em camisetas russas em 2014, quando a pressão econômica sobre a Rússia aumentou após o país ter anexado a Península da Crimeia. Inicialmente, as sanções foram aplicadas com cautela pelos Estados Unidos e seus aliados e tinham escopo bastante limitado.

A Rússia se ajustou à "nova realidade econômica", um eufemismo para o confronto. Em 2017, a economia voltou a crescer. É questionável se o mesmo acontecerá após a última rodada de sanções.

Novas medidas punitivas lançadas pelos Estados Unidos na última sexta-feira (06/04) levaram a uma maciça queda no mercado acionário e de câmbio na Rússia. Segundo a imprensa, as novas sanções dos EUA contra sete oligarcas, 17 altos funcionários e 12 empresas levou a prejuízos de dezenas de bilhões de dólares nos mercados russos dentro de poucas horas nesta segunda-feira.

Pressão sobre o rublo

A queda continuou na terça-feira, e não há um fim à vista. A pressão sobre títulos e a moeda russa, o rublo, também cresceu enquanto são discutidas novas sanções em resposta ao envenenamento na Inglaterra do ex-agente duplo russo Serguei Skripal. Uma proposta atualmente cogitada no Congresso dos EUA expandiria as sanções para mirar a dívida soberana russa.

Fachada da sede do Sberbank em Moscou
Fachada da sede do Sberbank em Moscou: maior banco russo sente as consequências das sançõesFoto: picture-alliance/dpa

Caso isso de fato aconteça, seria uma "guerra econômica", segundo Alexander Shoshin, presidente da associação empresarial russa RSPP, sediada em Moscou.

Mas os indivíduos afetados e suas companhias não são os únicos a sofrer com as últimas sanções dos EUA. Outras corporações e bancos também estão sentindo os efeitos. A queda das ações, por exemplo, estão atingindo o Sberbank, o maior banco da Rússia. Enquanto isso, o governo afirma que a situação está sob controle e promete assistência financeira.

Empresário próximo ao Kremlin como alvo

O empresário Oleg Deripaska, de 50 anos, vai precisar de ajuda mais do que ninguém. Os Estados Unidos o escolheram como alvo de algumas das sanções mais duras por causa de sua proximidade com o Kremlin. Seu império de negócios, Basic Element, é um dos principais alvos.

Estima-se que a Basic Element tenha mais de 150 mil funcionários em todo o mundo. O site da companhia afirma que 15% da população da Rússia estão "direta ou indiretamente" ligados à empresa.

Entre aqueles ligados à Basic Element estão a Rusal, maior produtora de alumínio do mundo, e o conglomerado Russian Machines, que possui várias subsidiárias nos setores de tecnologia automotiva, ferroviária e aeronáutica.

O fabricante de automóveis GAZ, de Nizhny Novgorod, também pertence à Russian Machines. É uma empresa russa tradicional, e foi diante de trabalhadores da GAZ que o presidente Vladimir Putin anunciou que concorreria ao quarto mandato presidencial em dezembro. Ele foi reeleito no mês passado.

O empresário Oleg Deripaska
O empresário Oleg Deripaska é um dos mais afetados pelas sanções, devido à sua proximidade com o KremlinFoto: picture-alliance/AP/A. Zemlianichenko

Ainda não está claro se postos de trabalho nas empresas de Deripaska estão ameaçados como resultado das sanções dos EUA. Embora os EUA sejam um mercado importante para o alumínio russo, a maior parte da produção da Basic Element é destinada ao mercado interno.

Ameaça de controle estatal

O maior problema seria pagar a dívida externa da empresa. Por causa de regras impostas pelas sanções, esse débito só pode ser coberto pelo Estado. Observadores dizem que o império Deripaska pode cair sob o controle estatal como resultado disso.

Embora a maioria dos russos tenha sentido os efeitos das sanções, eles não foram tão dramáticos até agora. O mercado de câmbio sofreu uma queda semelhante no final de 2014, mas a causa então era a queda global do preço do petróleo – o produto de exportação mais importante da Rússia e sua maior fonte de divisas.

Internamente, ao comprarem produtos eletrônicos, muitos russos provavelmente sentirão as primeiras consequências da desvalorização do rublo como resultado de sanções. A revista de negócios Vedmosti informa que os preços de produtos como smartphones e laptops devem subir cerca de 5% a 10%.

No ano passado, o número de russos de férias no exterior diminuiu devido à desvalorização do rublo. A indústria do turismo doméstico, no entanto, tem se beneficiado de alguma forma da situação atual. Por exemplo, russos que desistem de viagens à Turquia por causa do aumento dos custos podem tirar férias na Península da Crimeia.

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