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Série alemã retrata glamour e tensão da Berlim dos anos 1920

Heike Mund
16 de outubro de 2017

Mais ambicioso e mais caro projeto da TV alemã, "Babylon Berlin" mostra o caldeirão cultural e agonia política da República de Weimar, os anos dourados antes de os nazistas chegarem ao poder.

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Filmstill "Babylon Berlin"
A atriz principal, Liv Lisa Fries, em uma cena de "Babylon Berlin"Foto: picture-alliance/dpa/X Filme/F. Batier

É uma ode ao glorioso estilo de vida berlinense da década de 1920. O diretor Tom Tykwer, que já trabalhou em filmes históricos como Perfume: a história de um assassino (2006), tem uma visão clara sobre o tema: "A história é ambientada em uma cidade que passa por uma explosão cultural, um declínio abrupto dos padrões morais e uma agitação completa. Naquela época, diferentes artistas do mundo todo se juntaram e simplesmente criaram algo radicalmente novo."

A série de TV Babylon Berlin retrata todos os excessos da República de Weimar: cenas de danças descontroladas, de uma pobreza amarga e uma riqueza glamorosa, cenas de sexo explícito em casas noturnas e a alarmante ameaça de violência dos nazistas em ascensão.

O cineasta Tom Tykwer teve a contribuição dos colegas Achim von Borries e Hendrik Handloegten para a direção da série, que tem duas temporadas e um total de 16 episódios. Juntos, eles desenvolveram o roteiro, bem como um enredo inteligentemente entrelaçado. Babylon Berlin é a série de televisão mais cara produzida na Alemanha, e uma das melhores.

Há um toque de agonia política premonitória da era nazista, como disse Tykwer à DW. Segundo ele, o trio de diretores queria que o público percebesse todas as facetas da época, e "não apenas uma história envolvente de detetive".

Standbild Babylon Berlin
Os anos 20: período vibrante na história de BerlimFoto: X Filme 2017/Frédéric Batier

A série, levemente baseada nos romances policiais de Volker Kutscher, transcorre na primavera de 1929. Uma era fascinante, diz o diretor Achim von Borries: "Berlim era uma capital internacional, mágica e cosmopolita que atraía pessoas do mundo todo."

Berlim era um caldeirão cultural composto de imigrantes, trabalhadores, empresários, artistas, criminosos e pessoas de ambições frustradas. Lojas e bares ficavam abertos 24 horas, o metrô passava a cada dois minutos.

A situação política é um ponto central da trama, diz Tykwer. A cidade inteira vibra, com a série agindo como uma radiografia da sociedade da República de Weimar. O aumento do desemprego e da inflação, assim como a especulação cambial levaram a fortes embates políticos nas ruas, não só em Berlim. A polícia reprimia as revoltas dos trabalhadores, ao tempo que cada vez mais pessoas clamavam por um líder de pulso forte.

A pobreza do proletariado e o luxo dos ricos – dois mundos conflitantes que, na série, entram em choque no mundo da protagonista Charlotte Ritter, uma jovem taquígrafa de uma família pobre que volta e meia complementa sua renda como prostituta. Foi isso que muitas mulheres desempregadas fizeram na era da República de Weimar. Já a amiga de Charlotte, Greta, uma menina do interior presa na cidade grande, optou por não seguir esse caminho.

Standbild Babylon Berlin
Os protagonistas Gereon Rath (Volker Bruch) e Charlotte Ritter (Liv Lisa Fries)Foto: X Filme 2017/Frédéric Batier

Drama policial

Gereon Rath, um jovem detetive de Colônia chamado em Berlim para uma missão secreta, também está chocado com a vida noturna na capital – mas ele logo se deixa contagiar pela energia pulsante da cidade. Como se sugado por um enorme redemoinho, mergulha no mundo dos criminosos que atravessam seu caminho, fascinado pela vida noturna e pelos shows de vaudeville.

Ao longo dos 16 episódios da série, Rath se movimenta dentro de uma selva de corrupção, prostituição, drogas e comércio de armas. Ele nem sempre segue o bom caminho, e também tem um papel quase de "outsider" na força policial de Berlim, que já incluía nazistas em suas fileiras.

Filmstill "Babylon Berlin"
Volker Bruch no papel do detetive Gereon RathFoto: picture-alliance/dpa/X Filme/F. Batier

O "Castelo Vermelho", quartel policial de Berlim, é uma localização central em toda a série. É aí que o enredo converge, muitas vezes nos bastidores. O jovem detetive, encarregado de desvendar um misterioso caso de chantagem envolvendo o prefeito de Colônia, Konrad Adenauer, percebe rapidamente que corrupção, intrigas e extremismo político fazem parte da vida cotidiana da força policial de Berlim. A missão se revela um caso difícil.

À medida que a série avança, a República de Weimar começa a desmoronar. Em ascensão, os nazistas radicalizam a luta nas ruas, e a miséria no ambiente da classe operária se torna socialmente explosiva em Babylon Berlin. Gereon Rath fica em meio ao fogo cruzado mais de uma vez. E se apaixona por Charlotte, que pretende deixar seu passado para trás e trabalhar como assistente da polícia – não importa a que custo.

Um marco na TV alemã

A elaborada série de TV é considerada a resposta alemã às bem sucedidas séries americanas de serviços de transmissão como a Netflix. Com um orçamento de 40 milhões de euros e 190 dias de filmagem, foi um desafio logístico organizar os 3 mil personagens com fala e os até 5 mil figurantes na produção. Cenas diferentes foram em parte filmadas simultaneamente, com um diretor em cada local.

Além de todo o esforço que foi capturar autenticamente a atmosfera do período, Babylon Berlin também é uma excelente história de detetive e suspense de televisão. "A trama é clara: há um caso a ser resolvido", diz Tykwer. "Há detetives, delegados, pessoas inocentes e aquelas um pouco menos inocentes. Há mulheres que são mais inteligentes que homens, e homens que passam mulheres para trás. Todos os elementos necessários estão lá."

A série foi lançada na Alemanha no dia 13 de outubro pelo canal de TV paga Sky, e será transmitida pela Netflix em outros países, como os Estados Unidos. Para o Brasil, ainda não há data para a estreia.