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Rússia inclui escritórios de Navalny em lista de extremistas

1 de maio de 2021

Rede de filiais regionais do movimento anticorrupção do líder oposicionista russo agora faz parte de lista onde consta grupos como Al-Qaeda e Estado Islâmico.

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Duas televisões penduradas transmitem a imagem de Navalny. Ele está com uma camiseta preta.
Na quinta-feira, Navalny apareceu magro e abatido em uma audiência transmitida por link de vídeoFoto: Babuskinsky District Court Press Service via AP/picture alliance

A Rússia incluiu nesta sexta-feira (30/04) na lista de organizações "extremistas e terroristas" a rede de filiais regionais anticorrupção do líder oposicionista Alexei Navalny, um dos principais críticos do presidente Vladimir Putin. A lista inclui centenas de nomes de organizações e personalidades russas e estrangeiras, como os grupos jihadistas Al-Qaeda e Estado Islâmico.

O anúncio foi feito em comunicado pelos serviços de informação financeira russos.

A decisão já era esperada e, por isso, a equipe de Navalny, que está preso desde janeiro, fechou 37 escritórios regionais na quinta-feira.

Atualmente, os tribunais russos analisam um pedido do Ministério Público para que a rede de filiais regionais de Navalny seja reconhecida como "extremista", mas os serviços de informação financeira russos não esclareceram se a atualização da lista desta sexta-feira está relacionada com este processo judicial.

Se o pedido dos procuradores for aceito, as atividades do movimento opositor do Kremlin liderado por Navalny serão proibidas e os seus membros e apoiadores poderão sofrer severas penas de prisão.

Um tribunal de Moscou já proibiu os escritórios de praticamente todas as atividades, como postar conteúdos na internet, organizar protestos e participar de eleições.

Trabalhos anticorrupção

Navalny montou a rede de escritórios em dezenas de regiões da Rússia, enquanto fazia campanha para concorrer contra Putin nas eleições presidenciais de 2018. Embora ele tenha sido impedido de concorrer, os escritórios permaneceram.

A Fundação Anticorrupção de Navalny (FBK), fundada em 2011, investiga suborno por funcionários locais, apoiada por esses escritórios. Nesta sexta-feira, em uma ação que os críticos apontam como um novo golpe para prejudicar Navalny, as autoridades russas prenderam Ivan Pavlov, advogado que defendia a FBK em um julgamento de extremismo.

Uma das atividades de maior visibilidade da organização foi divulgada em janeiro deste ano e acusava Putin de ter mandado construir um palácio no Mar Negro. O documentário teve 116 milhões de visualizações no YouTube, forçando Putin a negar pessoalmente a acusação, em um gesto raro no Kremlin.

Por que Navalny está na prisão?

Navalny foi preso em janeiro em Moscou ao retornar da Alemanha, onde passou cinco meses se recuperando de um envenenamento por um agente nervoso desenvolvido na época da União Soviética. Ele acusa o Kremlin de tentar matá-lo. O governo russo nega.

No começo de fevereiro, um tribunal da Rússia sentenciou Navalny a dois anos e meio de prisão. A Justiça alegou que o ativista, em sua estadia na Alemanha, violou as condições de sua liberdade condicional relacionada a uma sentença proferida em 2014, ao não se apresentar regularmente para as autoridades.

A sentença original envolve um suposto caso de fraude, num processo que foi considerado politicamente motivado e declarado ilícito pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

A nova prisão de Navalny foi o estopim para protestos contra o Kremlin. Milhares de pessoas saíram às ruas em dezenas de cidades para exigir a libertação do ativista e demonstrar insatisfação com o governo autoritário do presidente Putin. A reação das autoridades foi dura, e mais de 10 mil pessoas foram detidas.

Nesta quinta-feira, Navalny compareceu, magro e abatido, a uma audiência legal por meio de um link de vídeo, na primeira aparição pública desde o anúncio do fim de uma greve de fome, na sexta-feira passada.

Ele passou 24 dias sem comer para protestar contra a recusa das autoridades em permitir que ele fosse examinado por um médico particular. Navalny reclamava de fortes dores nas costas e dormência nas mãos e nas pernas. 

le (Lusa, AFP, reuters)